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Negócios iniciativas: “O desafio da longevidade é a grande revolução do Século XXI”

Pela primeira vez, há pessoas reformadas a receber as pensões há mais tempo do que passaram no mercado de trabalho.

26 de Novembro de 2024 às 14:30
Nuno André Ferreira
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Luís Pais Antunes e Miguel Frasquilho no debate sobre a "Atração de Mão de Obra, Integração Social".

"Os mercados de trabalho são hoje afetados por desafios globais, como o envelhecimento da população, a transformação tecnológica e o impacto das migrações. Portugal está numa encruzilhada, porque, enquanto busca atrair talento para setores cruciais da economia, também enfrenta o desafio de criar estruturas que acolham e integrem eficazmente quem chega, seja de outras regiões ou países", afirmou Miguel Frasquilho, na abertura da sessão "Atração de Mão de Obra, Integração Social", da 3.ª Conferência do Outono, que decorreu no auditório do Museu do Vinho Bairrada, em Anadia, uma iniciativa promovida pela Câmara Municipal de Anadia, em parceria com a consultora FNWay Consulting & Innovation, e que conta com o Negócios como media partner.

"O desafio da longevidade é a grande revolução do Século XXI. Vamos chegar à segunda metade do século com uma organização social completamente diferente. Pela primeira vez, há pessoas reformadas, a receber pensões, que têm mais tempo de vida do que o tempo que passaram no mercado de trabalho", salientou Luís Pais Antunes, presidente do Conselho Económico e Social.

Na sua opinião, Portugal não tem um problema de atração de mão de obra, o que não significa que não haja escassez de mais mão de obra, de mais talento. Os grandes desafios são a integração social, mas, sobretudo, a educação e a formação. "Portugal não necessita de tantos licenciados em Direito, nem de tantos sociólogos, filósofos ou geógrafos. O que temos é uma falta preocupante de profissionais com formações técnicas", disse Luís Pais Antunes.

Profissões mais técnicas

"Temos que segurar e temos que pagar bem aos portugueses e aos que desempenham as profissões mais técnicas, porque engenheiros e doutores tenho quase 50", referiu José Aleixo Santiago, presidente da Epedal - Indústria de Componentes Metálicos. Acrescentou ainda que "não é atrás do computador que se fazem peças", por isso, "tenho que pagar bem a quem está a fazer as peças boas à primeira."

Alexandra Andrade, country manager do The Adecco Group, que emprega 10.000 pessoas em média e trabalha com todos os setores de atividade, salientou que hoje 13% da população ativa portuguesa é estrangeira. "É um desafio, e bastante grande, a que se junta a questão dos 261 mil jovens, entre os 16 e os 34 anos, que nem estudam nem trabalham. Temos aqui mais de 20% de desemprego jovem e, em algumas regiões e em alguns setores, temos pleno emprego."

Em 10 anos, o número de trabalhadores imigrantes registados na Segurança Social a nível nacional passou de 2% para praticamente 15%. Estamos a falar de uma multiplicação quase por oito, revelou Luís Pais Antunes. Sublinhou que o problema da integração social e da coesão social é, neste momento, bastante mais exigente do que o problema da atração de mão de obra, mas não deixou de se referir que "competimos mal com os nossos parceiros europeus em termos de salários nas mais diferentes profissões, porque se ganha melhor do que em Portugal, o que dificulta a vida às empresas portuguesas, que não os conseguem reter."