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Foto em cima: Helena Painhas, Johan Stevens, e Francisco Cary, no debate das empresas.
"O maior fator limitante hoje em dia para o Grupo Painhas, que tem 44 anos, é, sem dúvida, os recursos humanos", sublinhou Helena Painhas, CEO do Grupo Painhas, que atua na área de serviços de redes de energia, telecomunicações, gás, água, construção civil e naval. Expandiu os seus negócios para Angola, Moçambique, França e Reino Unido e em 2023 teve um volume de negócios de 180 milhões de euros. "Nos mercados em que estamos cada vez temos um volume de negócios cada vez maior, mais e maiores propostas e mais capacidade de podermos ganhar obras, mas nas nossas áreas de negócios são precisos muitos recursos humanos".
Como refere Helena Painhas, precisam de "montar linhas e cabos, precisamos de reparar avarias que não podem ainda ser reparadas à distância, não são os trabalhos mais leves, estamos muitas vezes submetidos ao calor, ao frio, à chuva ou vento".
A esta dureza Helena Painhas junta ainda "as dificuldades em atrair, qualificar e reter os recursos humanos". Uma das razões para a sua expansão internacional foi poder pagar salários melhores porque competem em recursos humanos com outros setores que pagam conseguem, concedem teletrabalho. Têm recorrido à mão de obra dos PALOP, "mas depois é muito difícil retê-los".
A atração de jovens
"Faltam 80 mil pessoas no setor da construção em Portugal", referiu Johan Stevens, CEO do Grupo Sanitop que atua sobretudo na área de material de instalação de sanitários, climatização e nos últimos dois anos também material elétrico e iluminação, mas numa gama mais baixa, mais residencial.
A Sanitop depende do setor da reabilitação e da construção, que fez a empresa a um rimo de 50% ao ano em 2021 e 2022, mas que anos seguintes estagnou devido às taxas de juro e do grande impacto da inflação nos custos dos materiais e da construção.
É vice-presidente da Associação dos Materiais de Construção e considera que têm de "tornar o setor mais sexy para atrair mais jovens", o que passa "por pagar melhores salários, apostar nas tendências como a tecnologia e a sustentabilidade". Johan Stevens referiu ainda que "muitos jovens vão para o estrangeiro não é só uma questão salarial, mas porque encontram maiores desafios nas empresas onde têm um crescimento muito mais rápido, o que um desafio para os gestores nacionais".
Para 2025 antevê-se "um cenário de maior investimento, de crescimento do crédito, de aceleração do PRR e do Portugal 2030, o que traz também mais animação à economia", afirmou Francisco Cary, administrador executivo da Caixa Geral de Depósitos. Considerou que as empresas têm uma preocupação com a "a carga fiscal global do país, e não apenas com a preocupação de baixa do IRC, porque o nível de IRS e as contribuições para a Segurança Social faz com que as empresas tenham diretamente mais custos ou pagar salários mais altos para gerar maior rendimento disponível". Francisco Cary aludiu às incertezas geopolíticas e aos efeitos das ondas de protecionismo global e às guerras comerciais.