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A banca está a ser desafiada pela transição para uma economia mais verde e mais digital que pode conduzir a uma metamorfose do sistema económico e social, mas para João Pedro Oliveira e Costa, presidente da comissão executiva do BPI, "não é possível pôr em cima da banca todo o ónus de execução desta mesma transformação, seremos um dos veículos para isso mesmo acontecer".
Acrescenta que a pressão das alterações climáticas e dos seus impactos se associam a um outro conjunto de desafios da banca, que têm a ver com as transformações dos comportamentos das pessoas na relação com o sistema financeiro, que leva a reequacionar o modelo de negócio em termos de pessoas, investimentos na tecnologia, "quando há uma enorme incerteza como é que vamos realmente operar".
João Pedro Oliveira e Costa refere, por exemplo, que os testes de stress climáticos "não são inócuos, porque, conforme ficarmos na fotografia, vamos ter impactos no banco, na economia e nas empresas que financiamos e isso deveria ser uma transformação gradual".
Considera que há "uma componente enorme da sociedade que não se consegue transformar nem entende esta transformação. Nós temos um tecido empresarial em Portugal com muitas pequenas e médias empresas que não conseguem fazer essa transformação", diz João Pedro Oliveira e Costa. Defende que esta transição tem de ser feita com muito bom senso porque não pode chegar junto dos clientes e aumentar o spread de um dia para o outro "porque afinal a avaliação do seu crédito passa a ser feita por outros critérios".
Incentivos certos
Para Miguel Maya, presidente da comissão executiva do Millennium bcp, o setor financeiro tem um papel decisivo na alocação dos recursos e das poupanças dos clientes. "A forma como dirigimos essas poupanças para o modelo de desenvolvimento económico de um país vai ser muito relevante em todo este processo de transição para essa economia mais verde. O que me preocupa bastante é se os incentivos forem colocados de uma maneira que condicionem uma correta alocação de recursos". Sublinhou que a ideia inicial de poder financiar os setores mais poluentes impedia que se apoiasse a transformação do setor das tecnologias mais poluentes para tecnologias menos poluentes.
Paulo Macedo, presidente da comissão executiva da CGD, acrescentou que depois dessa primeira interação com o Banco Central Europeu resultaram questões em 13 áreas. "No caso da Caixa, para além das suas políticas internas e que vão no sentido de preparar informação, porque é um dos fatores fundamentais para estimar os riscos. Ao mesmo tempo está a desenvolver um modelo de classificação em termos de ESG (ambiental, social e governação) de todas as empresas."
Os três passos
"Nas questões da banca verde, o tempo é superior ao espaço. Temos de nos focar também no prazo, e não tanto na tática e nas medidas de curto prazo", disse Pedro Castro Almeida, presidente da comissão executiva do Santander, que desenvolve os princípios dos Três Passos - Think Big, Act small, Focused - para abordar este problema. "Para poder mexer uma organização, os nossos clientes, a sociedade e os stakeholders, temos de ter uma ambição grande de futuro, de preferência com datas em que estejamos vivos, não os grandes objetivos para 2050".
Depois o act small porque tudo isto é feito de milhares em espaços, pequenas medidas, que têm de ter visibilidade mas "é muito importante saber para onde é que vamos, ter orientação e critérios para que os bancos possam tomar as decisões no futuro na área, por exemplo, de financiamento.
Finalmente o foco, que é o foco no cliente. "Além de financiamento, como é que nós vamos ajudar os nossos clientes neste momento que vivemos, que é um ponto de inflexão importante não só na parte da transição climática mas também de transição digital", salientou Pedro Castro Almeida.
Por sua vez António Ramalho, presidente da comissão executiva do Novo Banco, referiu que no seu caso foram criadas oito etapas para "determinar uma cultura ESG que seja um topdown bastante assumido por parte da organização até aos diversos elementos como os clientes e os restantes stakeholders, a implementação ao nível dos produtos, dos processos, ao nível até do próprio do autoconsumo, que representa modelos de sustentabilidade, para terminar com o oitavo, que é o único que nós queremos que seja o último, mesmo o final, que é o reposicionamento da marca exatamente como a marca complaint com estas situações".
Acrescenta que a pressão das alterações climáticas e dos seus impactos se associam a um outro conjunto de desafios da banca, que têm a ver com as transformações dos comportamentos das pessoas na relação com o sistema financeiro, que leva a reequacionar o modelo de negócio em termos de pessoas, investimentos na tecnologia, "quando há uma enorme incerteza como é que vamos realmente operar".
João Pedro Oliveira e Costa refere, por exemplo, que os testes de stress climáticos "não são inócuos, porque, conforme ficarmos na fotografia, vamos ter impactos no banco, na economia e nas empresas que financiamos e isso deveria ser uma transformação gradual".
Considera que há "uma componente enorme da sociedade que não se consegue transformar nem entende esta transformação. Nós temos um tecido empresarial em Portugal com muitas pequenas e médias empresas que não conseguem fazer essa transformação", diz João Pedro Oliveira e Costa. Defende que esta transição tem de ser feita com muito bom senso porque não pode chegar junto dos clientes e aumentar o spread de um dia para o outro "porque afinal a avaliação do seu crédito passa a ser feita por outros critérios".
Incentivos certos
Para Miguel Maya, presidente da comissão executiva do Millennium bcp, o setor financeiro tem um papel decisivo na alocação dos recursos e das poupanças dos clientes. "A forma como dirigimos essas poupanças para o modelo de desenvolvimento económico de um país vai ser muito relevante em todo este processo de transição para essa economia mais verde. O que me preocupa bastante é se os incentivos forem colocados de uma maneira que condicionem uma correta alocação de recursos". Sublinhou que a ideia inicial de poder financiar os setores mais poluentes impedia que se apoiasse a transformação do setor das tecnologias mais poluentes para tecnologias menos poluentes.
Temos de ter uma ambição grande de futuro, de preferência com datas em que estejamos vivos. Pedro Castro Almeida, CEO do Santander Totta
Os testes de stress climáticos têm lugar no início de 2022, mas o processo já se iniciou entre junho e julho, com uma autoavaliação por parte de cada um dos bancos. "Já fizemos um diagnóstico com os nossos próprios entendimentos de riscos e as nossas expectativas, e essa informação foi partilhada com o banco central europeu, recebemos feedback com os aspetos em que poderíamos melhorar. Não posso ficar à espera dos outros, temos de fazer os nossos próprios testes de stress se queremos ser donos da estratégia do banco", disse Miguel Maya.Paulo Macedo, presidente da comissão executiva da CGD, acrescentou que depois dessa primeira interação com o Banco Central Europeu resultaram questões em 13 áreas. "No caso da Caixa, para além das suas políticas internas e que vão no sentido de preparar informação, porque é um dos fatores fundamentais para estimar os riscos. Ao mesmo tempo está a desenvolver um modelo de classificação em termos de ESG (ambiental, social e governação) de todas as empresas."
Os três passos
"Nas questões da banca verde, o tempo é superior ao espaço. Temos de nos focar também no prazo, e não tanto na tática e nas medidas de curto prazo", disse Pedro Castro Almeida, presidente da comissão executiva do Santander, que desenvolve os princípios dos Três Passos - Think Big, Act small, Focused - para abordar este problema. "Para poder mexer uma organização, os nossos clientes, a sociedade e os stakeholders, temos de ter uma ambição grande de futuro, de preferência com datas em que estejamos vivos, não os grandes objetivos para 2050".
Depois o act small porque tudo isto é feito de milhares em espaços, pequenas medidas, que têm de ter visibilidade mas "é muito importante saber para onde é que vamos, ter orientação e critérios para que os bancos possam tomar as decisões no futuro na área, por exemplo, de financiamento.
Finalmente o foco, que é o foco no cliente. "Além de financiamento, como é que nós vamos ajudar os nossos clientes neste momento que vivemos, que é um ponto de inflexão importante não só na parte da transição climática mas também de transição digital", salientou Pedro Castro Almeida.
Por sua vez António Ramalho, presidente da comissão executiva do Novo Banco, referiu que no seu caso foram criadas oito etapas para "determinar uma cultura ESG que seja um topdown bastante assumido por parte da organização até aos diversos elementos como os clientes e os restantes stakeholders, a implementação ao nível dos produtos, dos processos, ao nível até do próprio do autoconsumo, que representa modelos de sustentabilidade, para terminar com o oitavo, que é o único que nós queremos que seja o último, mesmo o final, que é o reposicionamento da marca exatamente como a marca complaint com estas situações".