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Mico Mineiro: “É preciso ter coragem para mudar sem medo de errar”

Por causa da paixão pelos automóveis, foi estudar para Inglaterra, e os seus primeiros empregos foram no mundo automóvel. O apelo da família fê-lo regressar a Portugal para trabalhar na Twintex, onde descobriu a sua veia têxtil.

25 de Novembro de 2024 às 15:05
Mico mineiro, country manager da Twintex
Frederico Baptista
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Aos 18 anos, a sua paixão pelos automóveis levou-o a deixar o Tortosendo, na Covilhã, para estudar Engenharia Mecânica, primeiro em Brighton e depois em Londres. Cinco anos depois, o primeiro emprego de Mico Mineiro foi numa empresa portuguesa que produzia motores e se dedicava, em particular, à preparação de automóveis de corrida. Regressou a Inglaterra para trabalhar no setor de venda e leasing de automóveis.

Com uma carreira profissional de três anos, surgiu a possibilidade de trabalhar na empresa da família, a Twintex, onde o irmão, Bruno Mineiro, já acompanhava o pai, António Mineiro. A Twintex, fundada em setembro de 1979, começou por fabricar roupa de criança, inicialmente apenas para o mercado nacional. Mais tarde, expandiu-se para o mercado internacional e para novos segmentos, como o da moda feminina, abandonando a produção de vestuário infantil.



Mico Mineiro é hoje country manager da Twintex e o convidado das Conversas de Inspiração, integradas no Prémio Portugal Inspirador, uma iniciativa do Negócios, Correio da Manhã e CMTV, com o apoio do Banco Santander e dos knowledge partners Informa DB, Accenture e Nova SBE. Recorda que, em 2006, tinha 26 anos: "Os tempos eram completamente diferentes; havia uma incerteza enorme na indústria têxtil, o que me fez ponderar a decisão. Até agora, provou ter sido uma decisão acertada. E posso dizer que, sem o saber, esta veia têxtil sempre esteve comigo.

Expandir o conforto

No início desta caminhada na Twintex, debateu-se com o choque geracional: "Não tanto com o nosso pai, porque é um homem com uma visão de futuro muito clara, é um empreendedor nato, mas sim com a equipa que estava na fábrica." Contudo, eram pessoas "cheias de talento, com uma experiência fora do comum, mas que estavam presas às soluções utilizadas. Quando surgiu o desafio da mudança, houve uma resistência natural", refere Mico Mineiro.

Esta experiência de gestão da mudança leva-o a contrariar o discurso repetido de que as "pessoas têm de sair da zona de conforto". Defende que "as pessoas não têm de sair da zona de conforto, as pessoas têm de valorizar a sua zona de conforto e saber expandi-la para ter uma evolução natural, que não obriga a uma rutura com o que sabiam fazer."

Mico Mineiro faz um balanço positivo das experiências de mudança, como a alteração do layout, de processos, de procedimentos fabris e organizacionais, mas não deixa de sublinhar que nem todas elas resultaram. Considera que deve haver coragem para implementar mudanças, mas sem medo de errar.

"Erramos muitas vezes, mas há uma certeza: o erro nunca nos obrigou a voltar ao sítio onde estávamos. Levou-nos ou para um sítio ligeiramente mais adiante, ou para um sítio ligeiramente ao lado. Permitiu abrir o caminho a novas experiências, mas, sobretudo, enraizar na empresa uma cultura de mudança, sem medo do erro."

Inspiração noutras fábricas

Fazendo um balanço da sua participação na gestão da Twintex, que tem o irmão, Bruno Mineiro, como CEO, e o pai, António Mineiro, como chairman, Mico Mineiro diz que "o trabalho dos três, em conjunto com a equipa que temos, tem feito a Twintex uma empresa cada vez mais forte e cada vez mais robusta. Há hoje no mercado uma perceção de que a Twintex é um bom local de trabalho, que é uma empresa segura." Acrescenta que "o maior orgulho que nós podemos sentir é quando um funcionário da Twintex precisa de um apoio para comprar uma habitação no crivo do banco, o facto de trabalhar na Twintex permite a essa família ter crédito quando precisa de comprar um automóvel."

O que motiva Mico Mineiro são os resultados financeiros que se podem atingir com o negócio. Mas faz uma ressalva e pede para "nunca se confundir o conceito de gerar riqueza com o conceito de ter riqueza, são coisas completamente diferentes." Mico Mineiro entende que "um bom resultado financeiro permite à fábrica apoiar causas sociais e eventos, a nível de sustentabilidade ser pioneiro, proporcionar à sua equipa e aos seus familiares soluções únicas, prémios de assiduidade, cartões de desconto para os funcionários, para os filhos e para os pais."

"Temos a felicidade de ter no nosso grupo de amigos e outros players do mercado, fábricas que são verdadeiras fontes de inspiração, e que não nos cansamos de conhecer, visitar pessoalmente e tentar evoluir", refere Mico Mineiro. Um exemplo deste relacionamento é a sua participação na Agenda Mobilizadora para a Inovação Empresarial da Indústria Têxtil e do Vestuário de Portugal, liderada pela Nau Verde, o Projeto Lusitano, que envolve 17 parceiros, como as empresas têxteis Riopele, Calvelex, Polopique e a Paulo de Oliveira e os parceiros tecnológicos, Vanguarda, Polywasser e VentilAQUA, e ainda as universidades e instituições de conhecimento e tecnologia.

Mico Mineiro refere ainda, como um motivo de orgulho, ver "que muitos dos nossos concorrentes se inspiram em nós, para poderem criar e adotar os seus programas de sustentabilidade".