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Mais capacidade de resposta, flexibilidade e exigência

Para a empresa da marca Paladin, a pandemia aumentou a sua capacidade de resposta ao imprevisto, mais flexibilidade na produção e mais exigência no cumprimento dos compromissos perante os clientes.

Negócios 23 de Março de 2021 às 13:00
Alexandra Mendes Gonçalves é CEO da Mendes Gonçalves. A empresa começou por produzir vinagre. A Paladin é a sua marca mais conhecida.
Alexandra Mendes Gonçalves é CEO da Mendes Gonçalves.
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Empresas Exportadoras
Vencedor Mendes Gonçalves

"O primeiro e mais importante da Mendes Gonçalves foi a fundação, numa situação muito difícil e particular, com uma crise profunda, juros acima dos 20% e com tudo o que tínhamos investido na empresa a que se acrescentou um empréstimo bancário. Tudo com uma sociedade de um homem com 60 anos e já doente e um miúdo de 15 anos, Carlos Gonçalves, sem nenhuma experiência", considera Alexandra Mendes Gonçalves, CEO da Mendes Gonçalves, e o rosto da segunda geração na liderança da empresa. A Mendes Gonçalves produz molhos, vinagres e condimentos e nasceu na Golegã em 1982 para a produção de vinagre de figo.

O segundo acontecimento-chave foi a "decisão de alargar a produção para molhos, sem nenhum conhecimento sobre o tema, mas com uma vontade enorme de ir em busca desse conhecimento. Logo a seguir a compra da marca Paladin, em 2005, e uns anos depois a decisão de mudar tudo e torná-la na nossa principal marca, com relançamento em 2013", prossegue Alexandra Mendes Gonçalves.

O desafio da pandemia

Além da Paladin, a marca bandeira, a Peninsular, a Dona Pureza e a Creative fazem parte do portefólio de marcas com as quais abordam o mercado nacional, assim como a internacionalização e, como refere Alexandra Mendes Gonçalves, "estamos focados em soluções para os clientes, temos uma filosofia vocacionada para tailor-made solutions e é assim que o mercado e os nossos parceiros nos reconhecem".

"A pandemia foi e está a ser um desafio para nós, como para outras empresas e todas as pessoas", assegura Alexandra Mendes Gonçalves. Em relação a 2020, a faturação excedeu as expectativas registando uma quebra de 2% em relação a 2019, em que faturou 35,9 milhões de euros e que foi o melhor ano de sempre da história da Mendes Gonçalves.

A líder da empresa refere que "a pandemia trouxe também algum impacto positivo para os nossos processos. Aumentou a nossa capacidade de resposta ao imprevisto, pois vimo-nos forçados a gerir ao dia. Tornou-nos ainda mais flexíveis na produção e mais exigentes no cumprimento dos compromissos perante os clientes". Refletiu-se também na atitude das pessoas da empresa que se tornaram "mais autónomas e resilientes, com maior capacidade de decisão".

Em termos de mercado, a Mendes Gonçalves viveu uma dicotomia com o canal retalhista alimentar a crescer e o canal Horeca (restauração e hotelaria) a ser afetado de uma forma profunda. "É ainda uma incógnita saber como vai ser a sua recuperação. Sabemos que existirá, mas não quando nem como. Da nossa parte, tudo faremos para apoiar este setor, que tão importante tem sido para a Mendes Gonçalves e as nossas marcas", sublinha Alexandra Mendes Gonçalves.

Saída de Angola A Mendes Gonçalves deixou de ter presença direta em Angola mas mantém "uma aposta forte na internacionalização, mas agora por parceria de distribuição pelo Grupo Delta", assinalou Alexandre Mendes Gonçalves. "O processo de internacionalização está a evoluir de forma positiva, tendo sido alvo de um aprofundamento estratégico em linha com a estratégia da empresa".

Os mercados estratégicos prioritários para o processo internacional são aqueles em que identificam maior fit entre os produtos e marcas e as preferências do consumidor. Estamos, essencialmente, a falar de três polos geográficos: Europa de Norte e Leste, África e mundo árabe.

Explica ainda que "será impossível encontrarmos uma garrafa top down ou saqueta de mostarda Paladin em Marrocos cuja receita seja igual à que vendemos em Portugal. O sabor é diferente, o tom de amarelo é diferente, a textura é diferente, porque as preferências do consumidor marroquino e português são diferentes".