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Como é que a cidade de Estocolmo está a lutar contra as emissões poluentes?
Num dia normal de trabalho, cerca de 50% a 60% das pessoas deslocam-se de transporte público. E temos tantos ciclistas como temos carros na cidade. O que tornou isto possível foi a taxa do trânsito ("congestion tax"). É preciso pagar entre um a dois euros para entrar de carro na cidade de Estocolmo. Quando introduzimos esta taxa [em 2007] 20% dos carros simplesmente desapareceram.
Se cobrassem mais teriam menos carros?
Não necessariamente, pensamos que os carros que entram agora na cidade têm mesmo de entrar. Cobrar mais não fará diferença. Mas foi bom termos atingidoesta percentagem. Destes 20%, metade desloca-se agora de transportes públicos e 5% vai de bicicleta ou a pé. Em relação às restantes viagens, pensamos que o que aconteceu é que várias pessoas passaram a deslocar-se somente num único carro. Um exemplo, em vez de irem quatro carros para levar e trazer os miúdos para os treinos de futebol, os pais combinam entre si e vão somente um ou dois carros.
O sector dos transportes, de pessoas e mercadorias, é responsável por um terço das emissões poluentes em todo o mundo. Estão a actuar nesta área?
Sim, estamos a promover o uso dos carros eléctricos, biodiesel e biogás através dos nossos contratos públicos de fornecimento da autarquia. A lógica é: se querem ter um contrato com a cidade, então têm de ter, pelo menos, um carro movido a biodiesel na vossa frota. No próximo contrato assinado, têm de ter 10% da vossa frota, e por aí fora. Isto levou a que todos os táxis na cidade sejam movidos a biogás, muitos carros dos correios e entregas são eléctricos ou híbridos, todos os autocarros são movidos a biodiesel, e todos os veículos de gestão de lixo são movidos a biogás.Isto leva algum tempo. Como autarquia, temos muito contratos públicos, fornecemos comida às crianças nas escolas, por exemplo, o que faz com que tenhamos de contratar fornecedores para a comida e também contratar empresas para entregar a comida. Assim, dissemos às empresas, 'se tiverem mais de cinco veículos nas vossas frotas têm de ter um movido a biodiesel". Não tornamos as coisas muito difíceis, mas vamos impondo metas.
Para as empresas terem tempo de se actualizarem?
Sim. Bem, também descobrimos que algumas empresas tinham cinco carros, e que começaram a carregar mais quatro destes carros, livrando-se de um, não precisando de comprar o carro a biodiesel.
A cidade tem algumas metas em relação às emissões?
Sim. Trabalhamos normalmente em período de quatro anos. O objectivo agora é que 40% dos carros vendidos em Estocolmo até 2020 devem ser de fontes renováveis [eléctricos, biogás, biodiesel, híbridos e híbridos plug-in]. Já a autarquia deve comprar carros eléctricos ou a biogás, sendo permitido carros a gasóleo somente se forem muito eficientes.
É uma meta ambiciosa...
Bem, já temos uma fatia de 25%. Começou por 1%, depois 4% e tem vindo sempre a aumentar. É como o tabaco. Não se vê ninguém a fumar hoje nos bares. Ninguém imaginaria isto antes.
Estas metas são só relativas a Estocolmo, ou dizem respeito a toda a Suécia?
Existem metas a nível nacional, mas são menos ambiciosas. O Governo sueco tem sido muito proactivo no que diz respeito à produção de energia, mas não nos transportes. E isso pode ser porque temos vários construtores automóveis na Suécia: Volvo e a Scania, que estão a apostar nas fontes renováveis agora.
Que outros factores contribuíram para o aumento do uso dos carros eléctricos?
A Suécia começou mais cedo. Já havia algum tipo de consciência para a ecologia e para a poluição. Mas os outros países europeus estão a apanhar o ritmo, o que significa que não vão cometer os mesmos erros que nós, tal como as políticas do governo central não serem consistentes. Como no caso dos incentivos para as empresas comprarem carros eléctricos, que depois foi retirado. Isto é um problema: aprovar medidas e depois retirá-las, o mercado perde a confiança. Para os cidadãos individuais, há um incentivo de quatro mil euros para comprarem um carro eléctrico.
O plano para transformar a capital sueca numa cidade inteligente
Estocolmo quer tornar-se uma das "cidades mais limpas, seguras e bonitas do mundo" até 2030 através do plano "Vision 2030". A capital sueca vai usar a tecnologia para atingir esta meta ambiciosa.
Tecnologias de informação verdes
Estas medidas destinam-se a reduzir o impacto ambiental com a ajuda das tecnologias de informação. Entre as medidas previstas, encontra-se a promoção de um sistema de transportes sustentável, eliminando os combustíveis fósseis, e também edifícios mais eficientes energicamente, incluindo uma gestão do lixo mais eficiente. Os sectores que mais contribuem para as emissões de dióxido de carbono na cidade são: aquecimento das casas (45%), transportes (31%) e consumo de electricidade (24%). O plano "Vision 2030" passa pelo aumento do uso de combustíveis que não sejam fósseis para reduzir as emissões totais dos gases poluentes.
Serviços públicos à distância de um clique
A autarquia de Estocolmo está a investir para tornar os serviços públicos mais acessíveis para os seus cidadãos. Na página da autarquia os munícipes têm ao seu dispor a sua própria página onde podem aceder a diferentes serviços. Mas as empresas também têm a vida facilitada, podendo pedir várias licenças via internet.
Banda larga mais barata para fomentar a actividade empresarial
O município local providencia e gere a sua própria rede de fibra óptica a empresas, através da agência pública Stokab. Com contratos mais favoráveis, o município espera fomentar o desenvolvimento de empresas tecnológicas. Os contratos comerciais são assim "estruturados em termos favoráveis para encorajar o desenvolvimento das tecnologias de informação e forte crescimento na região de Estocolmo".
O Silicon valley escandinavo
Mais de mil tecnológicas já se instalaram na Kista Science City desde a década de 70, com o primeiro passo a ser dado pela IBM e a Ericsson. Este centro tecnológico continuou a desenvolver-se dando origem ao "modelo Kista", que promove uma colaboração próxima entre as universidades, a investigação e as empresas. Em 2002 foi criada a Stockholm Innovation and Growth, uma incubadora de empresas para ajudar ao lançamento de novas empresas e ideias. A Ericsson continua a ter a sua sede em Kista, que também conta com empresas como a Huawei, a Oracle ou a Nokia aqui instaladas.