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João Leão: “O momento de grande incerteza”

João Leão, vice-reitor do ISCTE, considerou que, do ponto de vista macroeconómico, “temos uma grande mudança de condições e uma incerteza brutal sobre o que vai acontecer nos próximos tempos”.

19 de Dezembro de 2022 às 14:30
João Leão, vice-reitor do ISCTE. Pedro Ferreira
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"Há dois anos, em agosto de 2020, Portugal financiava-se com taxas negativas a 10 anos. Estas taxas alteraram-se radicalmente em poucos meses, estão em cerca de 3%", afirmou João Leão, vice-reitor do ISCTE. Por isso, esta conferência sobre o futuro dos mercados financeiros, uma iniciática do Jornal de Negócios e do Banco Carregosa, ocorre "num momento de grande incerteza, de grande alteração de condições sobre as expectativas económicas, sobre a evolução da economia, sobre a relação da inflação e das taxas de juro".

Como salientou João Leão, muitos macroeconomistas perguntam se, depois desta turbulência, se voltará ao período anterior à guerra da Ucrânia, das taxas de juro zero, à grande estagnação secular na Europa, em que as condições macroeconómicas eram semelhantes às do Japão, ou, se, pelo contrário, se entra por muitos anos, e não só por dois ou três anos, num período de taxas de juro mais elevadas".

O ex-ministro das Finanças considerou que, do ponto de vista macroeconómico, "temos uma grande mudança de condições e uma incerteza brutal sobre o que vai acontecer nos próximos tempos". Sobre as perspetivas económicas, João Leão sublinhou a incerteza sobre a evolução do PIB e questionou se a aterragem será suave ou se "a Europa vai passar por dois anos de uma recessão profunda, como tivemos nos anos 1970 e no início dos anos 1980".

Inflação e guerra

A incerteza estende-se à inflação. "Será que vamos conseguir que comece a descer rapidamente no próximo ano ou vão-se cristalizar as expectativas de inflação, o que torna muito difícil combatê-la e pode criar um círculo vicioso de expectativas de inflação altas, em que depois é muito difícil combater essa taxa de inflação?", perguntava-se João Leão, que terminou a sua intervenção com mais um fator de incerteza, que é a guerra na Ucrânia, que é mais um desafio para a Europa.

"Quanto tempo é que a guerra vai durar, que impacto tem, em particular, no setor energético, que impacto tem na aposta da Europa que vai precisar de mobilizar muitos fundos e financiamentos à transação ambiental e qual vai ser o papel dos mercados financeiros", concluiu de forma aberta João Leão.