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Inovação é transformação, não é só tecnologia

A tecnológica Tech4home, que nasceu digital, a Rangel Solutions, empresa logística que tem crescido, e a Lactogal, a agroindústria que quer ir além da Ibéria, são exemplos dos vários papéis que a inovação tem nas empresas.

06 de Junho de 2024 às 13:00
José Gageiro/Movephoto
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“Somos uma empresa discreta apesar de em Portugal todos os dias milhares de pessoas utilizarem os nossos produtos. Os telecomandos televisivos da Nos, da Meo, e, em breve, da Vodafone são da Tech4home. Mas também são utilizados na Alemanha com a Deutsche Telekim, em França com a Orange, e outros grandes players internacionais utilizam as nossas tecnologias”, referiu Miguel Oliveira, CEO da Tech4home, no debate “A importância da investigação e da inovação no sucesso da internacionalização”, integrado na II Conferência Millennium Talks COTEC Innovation Summit.

A Tech4home nasceu global em dezembro de 2009 e com o foco e estratégia na inovação sistemática, que conta com um investimento anual de 6% do volume de negócios. “Abordamos o mercado global em termos de negócio, de processos produtivos, temos parceiros na China, Vietname, e no Brasil, temos clientes em todas as geografias. Por vezes, é difícil dizer se a inovação foi importante para a internacionalização ou se foi esta que quase forçou à inovação”, referiu Miguel Oliveira.

Inovação de negócio

“Muitas vezes pensa-se a inovação como a tecnologia, mas a inovação pode ser a transformação e a criação de novos produtos e soluções, novas unidades de negócio e a internacionalização”, reforçou Nuno Rangel, CEO da Rangel Logistics Solutions. Na sua opinião, o caminho natural da logística passa pela sustentabilidade, a automatização e a robotização, a digitalização, o machine learning, e a inteligência artificial generativa, que está num processo de aprendizagem e já é contemplada nos projetos de inovação da empresa. Nuno Rangel deu exemplos de inovação de negócio. A Rangel existe desde 1980, mas até 2009, quando criou a Rangel Farma, nunca tinha feito logística farmacêutica e hoje é líder de mercado. Na Expo 1998, ganharam know-how na logística de obras de arte e hoje o grupo tem uma empresa dedicada a este segmento de mercado e é a única que tem uma caixa-forte.

“Tem os a ambição de entrar noutros mercados, fazer o que fazemos bem, que é produzir leite, seguro e de qualidade, e internacionalizar num segmento que está a crescer, que é o mundo dos pós, das proteínas, do leite em pó”, disse Daniela Brandão, CFO da Lactogal. Salientou que a fábrica de Modivas é totalmente automatizada e robotizada.

A Lactogal é o maior grupo lácteo ibérico e, em2023, faturou 1,1 milhões de euros, dos quais cerca de 500 milhões fora do mercado português e tem 11 unidades fabris. A sua principal matéria-prima é o leite, que também transforma em produtos lácteos como queijos, manteigas e iogurtes, entre outros.

Financiamento e incentivos

Por imposição regulatória, como banco comercial, “não financiamos ativos, financiamos cashflows, ou seja, ativos que geram cashflows porque são estes que nos vão pagar o crédito”, por isso têm de correlacionar os investimentos intangíveis do ponto de vista da inovação com a criação de cashflows futuros”, disse João Nuno Palma, vice-presidente do Millennium bcp.

Acrescentou que a inovação económica que passa por produzir com mais produtividade e eficiência, ou com um novo produto, “é mais fácil de financiar porque se consegue medir”.

Miguel Oliveira considerou que o SIFIDE – Sistema de Incentivos Fiscais à I&D Empresarial “tem sido relevante para a inovação”.

Daniela Brandão concordou que “os fundos comunitários e o SIFIDE são muito importantes para o desenvolvimento de produtos inovadores”, mas ressalvou que a Lactogal, que é uma empresa pequena à escala global, mas uma grande empresa em Portugal, não acede “aos sistemas de incentivos a não ser o PRR (Plano de Recuperação e Resiliência) para a descarbonização”.