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Notícia

Indicadores financeiros saudáveis atraem banca

Carlos Álvares, presidente do Banco Popular diz que há programas de apoio ao financiamento de apoio à tesouraria, ao investimento, feitos pelos bancos mas também há linhas que são apoiadas pelo Estado e o IAPMEI como a Capitalizar e linhas específicas para o sector do turismo.

10 de Abril de 2017 às 11:22
Carlos Álvares, presidente do Banco Popular Portugal, diz que o crédito aos transportes e mobilidade tem vindo a crescer. Inês Lourenço
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"Procuramos que o país ande para a frente e apoiamos projectos que façam o país crescer, porque quanto mais crescer melhor é para o negócio bancário, pois temos possibilidade de fazer mais negócio e apoiar mais empresas" referiu Carlos Álvares, presidente do Banco Popular Portugal, na primeira conversa sobre Transportes e Mobilidade no âmbito da iniciativa "Turismo em Portugal: Os 5 trunfos para a Excelência", promovida pelo Jornal de Negócios e o Banco Popular. Acrescentou que é importante "divulgar e tornar conhecidas boas experiências empresariais". Estiveram presentes Filipa Ribeiro, directora de marketing da CP, Susana Baptista Fernandes, directora de marketing da Caravel on Wheels, Pedro Neto, director-geral da Cityrama e João Tarrana, responsável pelo departamento de veículos motorizados da APECATE, e contou com a moderação de Raul Vaz, director do Jornal de Negócios.

Em 2016 Portugal registou 12,7 mil milhões de receitas turísticas que representaram 16,7% do total de exportações de bens e serviços do País. Um dos segmentos do turismo que mais impactos positivos teve com este "boom", foi o dos transportes e mobilidade. Como refere Carlos Álvares, "na análise não se consegue chegar ao transporte de turistas mas os transportes foram um dos sectores em que, nos últimos três anos, o Banco Popular aumentou em três vezes o financiamento, porque os indicadores económico-financeiros mostram um sector francamente melhor".

Crédito tem crescido

Há indicadores que permitem traçar este retrato positivo. "Desde 2011, a autonomia financeira das empresas passou de 18% para 21%, a dívida líquida sobre o EBITDA, ou seja, o número de vezes que o resultado operacional tem de rodar para pagar a dívida, é de cerca de dois, quando, há quatro anos, ultrapassava as cinco vezes, o que revela uma grande desalavancagem das empresas". Além disso, a percentagem do EBITDA que vai para os juros é de 12% quando há quatro anos era de 25%" salienta Carlos Álvares.

Dados do Banco de Portugal corroboram esta análise com a rentabilidade dos capitais próprios a passar de 2,5% para 6,7% e a autonomia financeira de 28,5% para 31,8%. Segundo esta Análise do Sector do Turismo 2011-2016, em 2015, integravam o sector do turismo 13% das empresas em Portugal (53 mil empresas), as quais agregavam 10% das pessoas ao serviço e geravam 6% do volume de negócios. O segmento de "transportes e logística" era responsável por 41% do volume de negócios do sector do turismo, apesar de representarem apenas 16% das empresas e das pessoas ao serviço.

O Banco Popular aumentou em três vezes o financiamento, porque os indicadores económico-financeiros mostram um sector francamente melhor.  Carlos Álvares
Presidente do Banco Popular

Com indicadores saudáveis não é de surpreender que as várias instituições financeiras estejam a olhar para o sector de transportes e mobilidade de uma forma mais favorável do que há quatro anos. Carlos Álvares acentua que "tenho visto com bons olhos o crescimento do crédito nesta área de negócio e não antecipo, salvo um qualquer cataclismo, que possa haver uma inversão de negócios nesta área".

Carlos Álvares diz que "há programas de apoio ao financiamento de apoio à tesouraria, ao investimento, feitos pelos bancos mas também há linhas que são apoiadas pelo Estado e o IAPMEI como a Capitalizar e linhas específicas para o sector do turismo que têm vindo a ser utilizados e que dão prazos médios mais dilatados. Não são capital, mas são capitais permanentes que podem utilizar".

TOME NOTA

Os quatro desafios cardinais

A integração das parcerias em plataformas que facilitem a mobilidade e a venda online, bem como a formação e qualificação das pessoas e a diminuição da sazonalidade são os grandes objectivos.

1 Bilhética e venda integrada
O sistema de bilhética e de venda deveria ser trabalhado de forma integrada com os vários operadores, o que tem sido difícil de implementar. Como refere Filipa Ribeiro, directora de marketing da CP, "em qualquer país no Centro da Europa consegue-se ter acesso a produtos integrados (comboio, autocarro, barco). Em Portugal cada um dos operadores desenvolveu o seu sistema e para os colocar a falar é difícil e depois cada um tem as suas especificidades que no caso da CP exige marcação de lugar, hora, dia, nos comboios de longo curso". Pedro Neto, director-geral da Cityrama, refere que "um dos grandes desafios da Cityrama é que quando o turista chega a Lisboa não se tenha de se preocupar ao mudar de meio de transporte. Estamos a tentar com os nossos parceiros mais próximos desenvolver um sistema de bilhética que seja integrado". Por sua vez Susana Fernandes, directora de marketing da Caravel on Wheels, acentua que a bilhética é um desafio enorme: "quero um sistema de bilhética que me integre com os parceiros mas tem de ser compatível com os sistemas online como o Viator, o AdventureFinder, o Expedia. Temos alguns parceiros em Portugal que são capazes de desenvolver esses sistemas, mas depois falta a integração".

2 Vender online
"O grande desafio é crescer online e a vender online" refere Susana Fernandes. Por sua vez, Filipa Ribeiro concorda e sublinha a necessidade de vender bem os produtos da CP fora de Portugal. "O Portugal Rail Pass, que permite viajar de comboio pelo país todo, entre três e oito dias, mas que tem tido poucas vendas porque é um produto pouco conhecido. Tem de ser comunicado fora de Portugal mas o nosso orçamento de comunicação tem de ser focado nos produtos que nos dão maior retorno e tem de ter melhor distribuição" explicou.

3 A formação das pessoas
Para Pedro Neto a formação e qualificação das pessoas para melhorar a qualidade do serviço é essencial para o futuro do turismo. João Tarrana, da APECATE, defende muito a formação dos guias, não tanto das suas competências e dos seus conhecimentos, "mas em termos do comportamento social, a forma de tratar os turistas, a condução dos veículos". Considera que é vital para o futuro do turismo que se tenha qualidade.

4 Combater a sazonalidade
Para Pedro Neto uma dos grandes desafios para a sustentabilidade das empresas turísticas é fazer baixar a sazonalidade. A época alta para a Cityrama é de Abril a Outubro e "depois há cinco meses que têm de se gerir as pessoas que trabalham e implica prescindir de 25% das pessoas". Este é um dos eixos de actuação da Estratégia Turismo 2027 para o turismo e o objectivo é diminuir a sazonalidade de 37,5% para 33,5% numa década.