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Helena Canhão: “Se nada for feito, formação dos médicos vai ser péssima”

29 de Março de 2023 às 17:00
Helena Canhão, diretora da NOVA Medical School Pedro Catarino
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A diretora da NOVA Medical School, Helena Canhão, está muito preocupada com a futura qualidade do ensino médico e da formação médica. A responsável explicou que "ao contrário do que acontece no setor privado, as faculdades médicas públicas dependem de recursos do Orçamento do Estado (OE), sofrendo com a falta de instrumentos de gestão e maturidade organizacional, o que prejudica a sua capacidade de planear e executar". Na radiografia feita, Helena Canhão informou que "o custo anual por cada aluno de medicina no setor público é de cerca de 15/16 mil euros/ano, sendo que atualmente há oito Faculdades de Medicina no país que dependem das propinas pagas pelos alunos (697 euros/anuais/aluno) e do valor atribuído pelo OE (4.000 euros/ano/aluno) para sobreviver". Ou seja, "as faculdades enfrentam um déficit de cerca de 10 mil euros por aluno/ano, o que significa que a abertura de mais vagas se está a tornar asfixiante, dificultando a formação adequada dos alunos", alertou.

Recentemente surgiram dois cursos médicos em faculdades privadas, mas, como voltou a lamentar diretora da NOVA Medical School, "mais uma vez, deixámos entrar o setor privado sem o integrar, pois da forma como estão previstos funcionar não são uma solução para o problema, antes pelo contrário". A responsável explicou que esses novos cursos "vão poder receber muitos alunos internacionais, que vêm de fora ocupar o ensino dos nossos hospitais quer privados, quer públicos, os nossos doentes e os nossos recursos, para depois de formados regressarem ao seu país". Significa que "apenas estamos a oferecer um serviço que vai ser muito, muito lucrativo para as instituições que o desenvolvem." Por este motivo, Helena Canhão defende que "as faculdades públicas deveriam poder reduzir o número de vagas para criar espaço para estudantes internacionais dispostos a pagar uma mensalidade mais alta, ao mesmo tempo que mantinham a responsabilidade social ao permitir a frequência de alunos de origens mais desfavorecidas". Se nada for feito, diz, "daqui a 5 a 10 anos vamos estar com péssima qualidade de formação".