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Na opinião da diretora da NOVA Medical School, Helena Canhão, "um dos grandes problemas em Portugal é o acesso dos doentes ao sistema". "Os portugueses quando precisam de ir ao médico optam por se dirigir às urgências, facto que tem sobrecarregado este serviço e dificultado o tratamento dos casos mais sérios". Esta realidade, que na perspetiva de Helena Canhão "também irá começar a acontecer no setor privado", está atualmente a "condicionar os profissionais do SNS, que começam a fazer falta na especialidade ou no bloco". Ou seja, "estamos perante um sistema muito preocupado em resolver os problemas da urgência em Portugal, quer do ponto de vista de quem o procura, quer da oferta, e pouco preocupado em resolver o que está antes das urgências", criticou.
Além de considerar ser "urgente resolver as urgências", Helena Canhão está também "muito preocupada" com as faculdades de medicina públicas, temendo que "a degradação do SNS também se vá ali sentir em breve". Como explicou, "estas estão a enfrentar um enorme problema de subfinanciamento, os docentes convidados estão cada vez menos motivados e com vontade de participar no ensino médico e está a ser muito difícil manter a qualidade porque os alunos são cada vez mais".
A responsável contou que "é cada vez mais impossível um médico estar numa consulta e ter 10 alunos à sua volta e não estamos a conseguir lidar com esta necessidade, que não é real, de formar mais, mais e mais, sem ter a garantia de que depois estes médicos ficam no SNS". Para a dirigente, "estamos completamente cegos quando pensamos que é aumentando o número de médicos que vamos resolver o problema da saúde", vaticinando que se tudo permanecer igual, "daqui a 5 ou 10 anos começamos a ter uma má formação".
Já para Leopoldo Matos, presidente do Conselho Consultivo do Grupo Lusíadas, "é urgente falar a verdade, autonomizar a gestão das instituições, responsabilizando-as, pensar na saúde dos portugueses e não apenas na doença e garantir a acessibilidade". Outro aspeto não urgente, "mas premente", seria a literacia em saúde da população portuguesa. "O grande erro e a grande afluência às urgências acontece precisamente devido ao facto de os portugueses não saberem calibrar a preocupação com a gravidade, atropelando por isso todos os circuitos que lhes são oferecidos."
Por isso, defendeu o responsável, "a literacia em saúde deve ser transversalizada ao longo dos próximos anos, começando nas escolas do ensino secundário e perdendo tempo com os próprios educadores - professores e famílias".
Leopoldo Matos alertou igualmente para a "urgência em modernizar a estrutura hierárquica dentro dos hospitais", lembrando que "a medicina hoje é multidisciplinar" e que "se o hospital estiver organizado transversalmente, e não verticalmente, a equipa que cuida do doente em proximidade já terá essas várias especialidades".
"Esta equipa transversal seria muito confortável para o doente, mas também para os profissionais, que se sentiriam menos desgastados e mais acompanhados na sua decisão clínica", notou.
Além de considerar ser "urgente resolver as urgências", Helena Canhão está também "muito preocupada" com as faculdades de medicina públicas, temendo que "a degradação do SNS também se vá ali sentir em breve". Como explicou, "estas estão a enfrentar um enorme problema de subfinanciamento, os docentes convidados estão cada vez menos motivados e com vontade de participar no ensino médico e está a ser muito difícil manter a qualidade porque os alunos são cada vez mais".
A responsável contou que "é cada vez mais impossível um médico estar numa consulta e ter 10 alunos à sua volta e não estamos a conseguir lidar com esta necessidade, que não é real, de formar mais, mais e mais, sem ter a garantia de que depois estes médicos ficam no SNS". Para a dirigente, "estamos completamente cegos quando pensamos que é aumentando o número de médicos que vamos resolver o problema da saúde", vaticinando que se tudo permanecer igual, "daqui a 5 ou 10 anos começamos a ter uma má formação".
Já para Leopoldo Matos, presidente do Conselho Consultivo do Grupo Lusíadas, "é urgente falar a verdade, autonomizar a gestão das instituições, responsabilizando-as, pensar na saúde dos portugueses e não apenas na doença e garantir a acessibilidade". Outro aspeto não urgente, "mas premente", seria a literacia em saúde da população portuguesa. "O grande erro e a grande afluência às urgências acontece precisamente devido ao facto de os portugueses não saberem calibrar a preocupação com a gravidade, atropelando por isso todos os circuitos que lhes são oferecidos."
Por isso, defendeu o responsável, "a literacia em saúde deve ser transversalizada ao longo dos próximos anos, começando nas escolas do ensino secundário e perdendo tempo com os próprios educadores - professores e famílias".
Leopoldo Matos alertou igualmente para a "urgência em modernizar a estrutura hierárquica dentro dos hospitais", lembrando que "a medicina hoje é multidisciplinar" e que "se o hospital estiver organizado transversalmente, e não verticalmente, a equipa que cuida do doente em proximidade já terá essas várias especialidades".
"Esta equipa transversal seria muito confortável para o doente, mas também para os profissionais, que se sentiriam menos desgastados e mais acompanhados na sua decisão clínica", notou.