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CEO do Grupo Pestana
O negócio tornou-se complexo nos canais de venda e trouxe mais custos de distribuição. "É verdade que os preços têm subido em Lisboa, e que uma forma geral os destinos portugueses como o Porto, o Algarve, a Madeira, têm mais visibilidade. Mas os custos de distribuição têm subido muito, o que faz com que as margens que ficam nas unidades hoteleiras não tenha uma relação directa com evolução do turismo", diz José Theotónio.
Em Espanha, que é forte em termos turísticos, existem duas dezenas de grupos já com escala e dimensão global que conseguem fazer este tipo de investimentos que são necessários e que em Portugal são feitos com alguma dificuldade. "Se o Grupo Pestana não tivesse ganho dimensão através da internacionalização, estes investimentos que estamos a fazer na parte de sistemas e de novos centros de competências não seriam possíveis" diz José Theotónio.
Propriedade vs gestão
A consolidação só é possível com a separação entre propriedade e gestão hoteleira devido à escassez de capital. Quando se faz um hotel tem um "pay-back" que não se faz em dois anos, tem um período de recuperação do investimento. Também não é possível comprar activos, tanto mais que hoje o sistema financeiro é mais cauteloso e exigente.
Para José Theotónio a oportunidade de fazer a consolidação através da separação entre propriedade e gestão hoteleira surgiu em 2012 com os fundos de reestruturação, "que fizeram um muito bom trabalho porque muitas unidades estavam inacabadas ou ainda não estavam a funcionar e hoje estão abertas". No entanto, os fundos preferiram criar estruturas próprias para explorar os hotéis e perdeu-se a oportunidade. Em Espanha, pelo contrário, o sistema financeiro criou fundos que ficaram com os activos que as cadeias hoteleiras continuaram a desenvolver. José Theotónio referiu que o facto de o Grupo Pestana ser proprietário de muitos hotéis que gere explica que tenham 84 hotéis e não 300.
"O modelo que funciona melhor é a separação imobiliária e a gestão hoteleira" refere Rodrigo Machaz, director-geral da Memmo Hotéis. "O turismo exige investimento constante mas o negócio hoteleiro tem uma vantagem pois pode pagar uma 'yield' boa durante muitos anos e com alguma segurança desde que seja gerido por pessoas competentes", acrescenta.
Como o Ritz subiu os preços
"Como é que últimos dois anos demos o pulo de gato? Depois dos atentados de Nice, Paris, Istambul, o Ritz de Lisboa recebe clientes que estavam habituados a estes destinos em que se cobra mil ou 1500 euros por um quarto. Hoje temos clientes do George V, que também é Four Seasons, que estavam habituados a pagar 1500 euros e agora pagam 600 ou 700 em Lisboa num hotel em que o serviço é igual. Foi uma oportunidade para aproximar os preços aos dos nossos pares. Claro que como a maré é alta todos os barcos sobem" explica Guilherme Costa, director-geral do Ritz.