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Florestas estão no centro da nova bioeconomia circular

O presidente da Biond sublinhou o papel da intensa atividade de I&D e na produção de conhecimento protagonizada pela indústria, pela academia e instituições para a sustentabilidade da floresta.

Filipe S. Fernandes 17 de Abril de 2024 às 11:03
António Redondo, presidente da Biond, defendeu a “gestão ativa” da floresta.
António Redondo, presidente da Biond, defendeu a “gestão ativa” da floresta. Fotos: Duarte Roriz
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O equilíbrio entre o que se produz, conserva e aproveita da floresta é um objetivo que o setor persegue, cada vez mais. “Falar de floresta é falar de sustentabilidade. Em Portugal, falar de floresta significa falar de floresta plantada porque é a esmagadora maioria que temos no país e é também por isso que deve ser ativamente gerida, segundo padrões cada vez mais rigorosos, com vista ao cumprimento das suas importantes funções económicas, ambientais e sociais que precisamos”, como afirmou o presidente da Biond, António Redondo, durante a cerimónia de entrega de prémios da 4.ª edição do Prémio Floresta é Sustentabilidade, uma iniciativa da Biond em parceria com o Correio da Manhã e o Negócios, que conta com o apoio da PwC.

“Há cerca de cem anos, a área estimada de florestas ocupava 7% de Portugal, hoje representa cerca de cinco vezes mais, o que equivale a um terço do território português”, referiu. “É um crescimento por ação humana, deve-se à sua iniciativa de plantar florestas, de industrializar os seus produtos, agregando-lhe assim maior valor e de em ambas as atividades tirar rendimento. A valorização económica dos produtos de base florestal fomentada pela indústria está na origem desta expansão de área”, afirmou António Redondo, que sublinhou a importância da proteção das florestas naturais, “muito escassas em Portugal”.

O valor da floresta implica também a chamada gestão ativa, “que garanta a promoção dos diversos pilares da sustentabilidade: o ambiental, o económico e o social e ainda os valores culturais. É a forma mais adequada de defender o seu futuro também como um bem comum.”

As associações de produtores

Na sua intervenção, António Redondo sublinhou o papel do conhecimento para sustentabilidade da floresta, que assenta numa intensa atividade de I&D e na produção de conhecimento protagonizada pela indústria, pela academia e por diversas instituições, entre as quais se encontra a Biond. “Todo o conhecimento produzido, bem como as boas-práticas que ele promove, nos mostra as grandes oportunidades que a floresta nos oferece nos dias de hoje e para as próximas gerações na promoção de um futuro mais sustentável”, disse António Redondo.

O responsável sublinhou que é o conhecimento de base científica que faz das florestas “protagonistas na transição de um bioeconomia linear baseada em recursos fósseis e finitos e importante geradora de resíduos, por isso sem futuro, para uma nova bioeconomia circular assente em recursos renováveis, neutra em relação ao clima, positiva para a natureza”.

Na sua opinião, mais floresta significa não desperdiçar áreas com potencial – como é o caso dos matos que representam 12% do território – e que podem ser uma fonte de enriquecimento económico, social e ambiental.

Melhor floresta significa floresta com gestão ativa, mais produtiva, que tanto aposta na valorização económica dos seus produtos, como a madeira, a cortiça ou a resina, mas também nas externalidades positivas ainda não remuneradas pela sociedade como o sequestro de carbono, o fomento da biodiversidade, a proteção e criação de solos, a regulação de regimes hidrológicos ou a criação de espaços de lazer e cultura.

António Redondo destacou ainda a importância das associações de produtores como a Biond ao permitirem ganhos de escala, de produtividade e de rendimentos para os seus associados, e porque são um dos meios privilegiados para a transferência de conhecimento. Por isso, “seria de toda a justiça que lhe fosse reconhecido e remunerado pelo poder público esse papel potenciador da coesão territorial”.