Outros sites Medialivre
Notícia

Fernando Tomaz: “Ajudas financeiras a associados para poderem sobreviver”

“Na altura do confinamento, tivemos muitos pedidos de ajuda financeira, em que a associação adiantou algumas verbas, a associados para poderem sobreviver”, revelou Fernando Tomaz, presidente da Associação Nacional dos Ópticos (ANO).

03 de Novembro de 2020 às 14:30
Fernando Tomaz diz que 75% do setor é formado por microempresas. Mariline Alves
  • Partilhar artigo
  • ...
Fernando Tomaz, presidente da Associação Nacional dos Ópticos (ANO), salientou que o setor tem cerca de 75% de microempresas, com 3 ou 4 empregados, mas que "têm sido tão afetadas as mais pequenas, como as maiores, algumas que estão presentes em grandes centros comerciais e que ainda hoje não tem os seus níveis de forma alguma perto daquilo que existia em 2019". Fernando Tomaz confessou ainda que a ANO tem feito "um pressing muito forte para os encher de energia e ajudá-los em tudo, a não desistir".

"Alguns tiveram de despedir, mas a medida do lay-off funcionou bem, foi uma grande ajuda, não há dúvida. Foi uma grande ajuda, portanto, nós na ótica, o setor da ótica é um setor muito estável, é um setor, nós temos empresas com cem anos. É um setor muito estável, sem precariedade. São cerca de 7.000 postos de trabalho e sempre muito estáveis, e seguramente não houve grandes movimentações, porque a medida do lay-off deu uma grande ajuda, a ultrapassar a fase mais crítica."

Durante o confinamento as óticas estiveram a funcionar porque eram considerados serviços essenciais e por isso de fazer diversas adaptações com as mudanças de procedimentos e de funcionamento dos estabelecimentos, que tiveram ser aprovados pela Direção-Geral da Saúde. Nessa altura também tiveram de se adaptar ao teletrabalho, mas apenas nestas situações do e-commerce, porque "houve sempre uma presença física na loja, pelo menos consoante a dimensão da equipa, de uma ou duas pessoas na loja".

Estudos da crise

Esta crise pandémica também se refletiu na necessidade de criar novas competências aos colaboradores, que tiveram de se adaptar a novas formas de lidar e tratar com o cliente. "Há uma nova forma de entregar um óculo". Adianta que haverá seguramente novos desafios. "No futuro vai continuar a ser assim, mas seguramente o ótico vai ter de se adaptar, talvez fazer uma visita a casa do seu cliente, convidá-lo a ver a sua página e a escolher alguns modelos de óculos, não sei o que vem aí, julgo que nenhum de nós sabe".

Uma das principais ações da ANO foi ter pedido ao Centro de Estudos Aplicados (CEA) da Universidade Católica Portuguesa (UCP) que contou com a colaboração de a colaboração dos 512 associados. Segundo este estudo as quebras globais na faturação do setor, que responde por 1581 empresas e 8.390 postos de trabalho, no período do estado de emergência oscilaram entre 68 e 72%. O estudo revela que a recuperação total nunca acontecerá antes de 2024.

Num segundo inquérito, na altura da retoma, "sentimos, de alguma forma, uma avalanche no que toca aos jovens, as pessoas entre os 38/40/42 anos que estiveram muito expostas ao teletrabalho e sentiu-se no maio/junho/julho uma grande procura da consulta e uma grande procura da aquisição dos meios de compensação, porque as pessoas estavam cansadas, olho vermelho, olho seco, muitas horas em frente a um computador e na realidade, sentimos essa retoma que agora começa novamente a reduzir".

Neste segundo inquérito perceberam quais foram as regiões mais afetadas pela crise pandémica tendo o "Algarve e o interior foram mais afetados do que as grandes zonas urbanas. Nas grandes zonas urbanas, os centros comerciais e todos aqueles que estão em zonas de muito turismo na Grande Lisboa, no Grande Porto, na Grande Braga, também foram muito afetados", resume Fernando Tomaz.