Outros sites Medialivre
Notícia

Empresas maiores lideram caminho

Nesta jornada de transformação mundial, as grandes empresas estão a liderar a transição. Para que não houvesse dúvidas, Henri Bruxelles, Chief Sustainability & Strategic Business Development Officer da Danone, começou por referir que “estratégia e sustentabilidade são hoje em dia o mesmo tópico”.

15 de Novembro de 2023 às 15:00
  • Partilhar artigo
  • ...
O Chief Sustainability & Strategic Business Development Officer da Danone, Henri Bruxelles, deu a conhecer a jornada de sustentabilidade desta multinacional e lançou a discussão sobre os seus riscos e oportunidades.

Salientou que o mundo está a atravessar por diversos processos disruptivos em simultâneo que estão a impulsionar esta transformação "na forma como vivemos e fazemos negócios". Para além do aquecimento global e das alterações climáticas, Henri Bruxelles salientou também que o crescimento demográfico, a desglobalização, a crise alimentar e a alteração no tipo de empregos estão a obrigar a uma transformação da economia e do modo de vida. "Estamos num cruzamento entre o desastre e a transformação", sublinhando que "esta é a realidade da transformação do mundo e vai haver vencedores e perdedores na geopolítica e nas companhias".

A dupla materialidade representa uma oportunidade para as empresas. Cada vez que esmiuçarmos mais dentro da empresa encontramos oportunidades. Inês dos Santos Costa
Responsável de Climate & Sustainability em Risk Advisory na Deloitte
Henri Bruxelles aconselhou as empresas a investirem onde têm impacto material e não a dispersar investimentos. Também recomendou implementarem a mudança desde o topo até à base. "Isto deve ser integrado no negócio e não ser só um tópico", referiu. No negócio dos laticínios, o responsável destacou também como crucial a colaboração com os parceiros para se procederem às alterações necessárias. A Danone, por exemplo, está a colaborar com os seus fornecedores na redução do consumo de água e de emissão de metano no processo de produção de leite. Por fim, destacou que "a sustentabilidade não pode ser vista como um peso", mas têm, sim, de se "fazer as opções corretas que permitam fazer negócio e ser mais produtivo e impactante".

Estratégia e sustentabilidade são hoje em dia o mesmo tópico. Henri Bruxelles
Chief Sustainability & Strategic Business Development Officer da Danone
É preciso reportar

Inês dos Santos Costa, responsável de Climate & Sustainability em Risk Advisory na Deloitte, abriu os trabalhos da tarde sublinhado que as empresas têm de estar preparadas para um novo paradigma de reporte, no qual as demonstrações de sustentabilidade têm uma importância equivalente às demonstrações financeiras na avaliação do desempenho de uma empresa. "A dupla materialidade representa uma oportunidade para as empresas. Cada vez que esmiuçarmos mais dentro da empresa encontramos oportunidades". Salientou também a importância da liderança nesta trajetória, pois "sem governance não há o "E" ou o "S"".

Isto leva à necessidade de analisar dados, algo que pode criar algumas dificuldades às empresas. Motivo de conversa para um painel dedicado aos dados, onde se salientou que muitos dados não são comparáveis porque não têm todos o mesmo formato. Ficou também patente a ideia que de que não é necessário começar com todos os indicadores, mas o trabalho deve ser iniciado e também é necessário aumentar a literacia neste sentido.

Para mostrar que a sustentabilidade é um desafio que empresas de todos os tamanhos devem abraçar, o GRACE juntou líderes de várias empresas de dimensões, setores e geografias diferentes.

O tamanho não tem a ver com ESG, porque todos somos acionistas da maior empresa do mundo que é o planeta. Catarina Gomes
CEO da J.Gomes Lda
A representar uma pequena companhia, Catarina Gomes, CEO da J.Gomes Lda., empresa têxtil sedeada na Covilhã, salientou que "o tamanho não tem a ver com ESG, porque todos somos acionistas da maior empresa do mundo que é o planeta". Relatou, por outro lado, que as diretrizes europeias colocam desafios exigentes. "Só 8% do tecido têxtil é reciclado neste momento e as diretivas europeias pedem 100% em 2025, mas sou uma otimista", frisou.

Já em representação de uma multinacional, Tayeb Mouhcine, diretor geral do Sul da Europa e Turquia do grupo Bel, salientou a responsabilidade que grandes companhias têm para ajudar na transformação. "A nossa missão é trazer comida responsável para todos", indicando que a empresa de laticínios tem uma política de sustentabilidade transversal, que vai da quinta ao prato. "Não trabalhos sozinhos, trabalhos em equipa com os nossos parceiros e cadeia de valor", salientando também que este trabalho visa garantir que o seu negócio e o dos seus parceiros possa ser sustentável e lucrativo. "Temos de ter estes dois pilares", referiu.