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Custo de vida é um risco global

Paulo Moita de Macedo, presidente da Comissão Executiva da Caixa Geral de Depósitos, identificou alguns riscos globais, ainda centrados na crise da energia, mas também no custo de vida, na abertura do Encontro Fora da Caixa Maia.

30 de Maio de 2023 às 16:29
José Gageiro/Movephoto
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Os desafios para a internacionalização da economia portuguesa, o desígnio da internacionalização e a geografia dos negócios no novo comércio global estiveram em debate no TECMAIA, em mais um Encontro Fora da Caixa Maia.

Portugal, como todos os países, tem múltiplos desafios à internacionalização e que dependem de vários players, nomeadamente do talento dos seus recursos. Um talento que hoje não é só solicitado aos altos dirigentes, mas aos profissionais de base e gestão intermédia. "Recentemente, houve a consciencialização de que as realizações passam pelas equipas que só são concretizadoras quando têm as pessoas certas com a dose certa de talento", disse Paulo Moita de Macedo, presidente da Comissão Executiva da Caixa Geral de Depósitos (CGD), na abertura de mais um Encontro Fora da Caixa, um evento organizado em conjunto com o Jornal de Negócios e que aconteceu no TECMAIA, na Maia.

A internacionalização depende, fundamentalmente, das empresas que estabelecem contratos e criam canais e cadeias de abastecimento, formam cadeias de valor. Neste processo, há ainda a figura Estado "que se espera que tenha um papel facilitador no melhor sentido da palavra: apoiar as suas empresas, ajudá-las a conseguir ganhar contratos internacionalmente, a concorrer com outras empresas apoiadas por países muito mais poderosos do que o nosso".

Congratulando-se com um panorama económico mais favorável do que há seis meses, nomeadamente com a revisão em alta do PIB por parte do Banco de Portugal e atenuada a hipótese de recessão, Paulo Moita de Macedo prevê para 2023 um crescimento acima do esperado, em que o turismo volta a ganhar um papel preponderante, "com os preços por dormida e refeição a estarem mais caros, fruto não só da inflação, mas de algum valor acrescentado".

O risco do custo de vida
Entre os desafios à internacionalização, o presidente da Comissão Executiva da CGD salientou o problema das cadeias de abastecimento, reflexos ainda de um contexto de pandemia que levou a um "shutdown nunca visto, nem na Segunda Guerra Mundial nem na crise de 1929".

Os transportes são outra variante, nomeadamente os custos que, a determinada altura, terão aumentado mais de 1000% (mil) se tomarmos por exemplo um contentor. Por último, a falta de matéria-prima é outro dos desafios, mas igualmente uma oportunidade pois cada vez mais as empresas optam por ter fornecedores de proximidade, muitas vezes por região.

Para 2023, Paulo Moita de Macedo identifica alguns riscos globais, ainda centrados na crise da energia mas, sobretudo, no custo de vida, ou seja, na inflação. Algo que este executivo admite nunca ter visto nos 20 anos em que acompanha esta área. "Este agora está identificado, neste caso pelo World Economic Forum, como um dos maiores riscos e com forte impacto nas pessoas."

A crise da China continua a ser um risco associado às cadeias de distribuição, "sobretudo a desconfiança que paira sobre Taiwan". Paulo Moita de Macedo relembra que um dos maiores efeitos económicos da invasão da Ucrânia pela Rússia não foi o congelamento dos ativos russos, dos investimentos ou da perda de valor. Foi, na sua opinião, começarem a ser questionados os investimentos chineses no Ocidente, assim como os do Ocidente naquela geografia. "Isto traz uma maneira completamente diferente de ver as coisas e de encarar o futuro em termos geopolíticos."

Produção de proximidade
Face aos vários constrangimento da cadeia de abastecimento as empresas estão a relocalizar os seus fornecedores, "com a generalidade a diversificar a sua cadeia, nomeadamente através do incremento do ‘local sourcing’. Podem até não ter o produto mais barato, mas pelo menos não estão dependentes de um único fornecedor e possivelmente verem o negócio interrompido ou muito condicionado", observou Paulo Macedo.

Para o presidente executivo da CGD, toda esta questão das cadeias de abastecimento valoriza outras componentes, como por exemplo a vertente da produção. "O que aprendemos há muitos anos é que o valor acrescentado está no design, no marketing, na marca... agora, o que vemos é que produzir, e produzir mais perto, tem uma procura concreta de quem consome." O que traz a possibilidade para alguns países de poderem ter outro posicionamento na estrutura de cadeias de valores internacionais, concluiu.