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Cuidados de saúde são adiados mas as doenças não param

O impacto a médio prazo desta pandemia está ainda por compreender. Uma coisa é certa, terá um impacto tremendo na saúde dos portugueses. Por isso, seria importante tomar decisões para investir melhor em saúde e nos melhores recursos, que são escassos por natureza.

04 de Novembro de 2020 às 17:30
Filipa Mota e Costa é a diretora-geral da Janssen.
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"Se é verdade que a pandemia enche de notícias os dias, é menos verdade que estejamos todos informados do impacto que esta pandemia tem tido nos cuidados de saúde dos portugueses. Os números são assustadores com cirurgias adiadas, consultas hospitalares canceladas, consultas de cuidados primários adiadas, diagnósticos diários como oncologias adiados, a verdade é que o impacto nos cuidados de saúde dos portugueses é muito significativo", afirmou Filipa Mota e Costa, diretora-geral da Janssen, na 5.ª edição da conferência "Investir em Saúde no Pós-Covid", uma iniciativa do Jornal de Negócios em colaboração com a Janssen e que tem o apoio da APAH, que este ano teve um formato digital.

Referiu ainda que as listas de espera e os cuidados de saúde dos portugueses continuam a aumentar mas a evolução dos doenças de saúde dos portugueses não pára. Acrescentou que "urge pensar em como podemos ajudar a recuperar, como investir em saúde de modo a sair de forma ágil e eficiente nesta situação de pandemia e que "o impacto a médio prazo desta pandemia está ainda por compreender. Uma coisa é certa terá um impacto tremendo na saúde dos portugueses". Por isso seria importante tomar decisões para investir melhor em saúde os melhores os recursos "que são escassos por natureza".

Lições da pandemia

"Esta conferência que vai na quinta edição tem-se assumido como um fórum de excelência nesta reflexão abordando temas estruturais para a saúde em Portugal, mas no ano em que atravessamos a pandemia mais grave dos últimos 100 anos, a covid-19 é um tema incontornável", disse André Veríssimo, diretor do Jornal de Negócios.

O SNS mostrou na resposta sanitária as suas capacidades e foi um fator de coesão nacional e social, mas a assistência aos doentes não covid foi penalizada com uma forte redução das consultas e das cirurgias. "Portugal tem, em termos relativos, o maior excesso de mortalidade não associada à covid-19, o que é de facto um sinal de alarme. Na assistência aos doentes não covid seria importante que os setores privado e social pudessem desempenhar um papel mais ativo ajudando a complementar a resposta do Estado", considerou André Veríssimo.

Na sua opinião, nesta segunda vaga da pandemia deveria haver uma articulação de meios porque, uma das lições do primeiro embate pandémico, foi a capacidade demonstrada na colaboração entre os privados e o Estado, entre os centros de investigação, no sentido de descobrir o mais depressa possível uma vacina e terapêuticas eficazes. "É este o espírito que pode ser transportado para a assistência aos doentes."

A pandemia trouxe alterações muito significativas em vários aspetos da nossa vida, muitos deles vão provavelmente manter-se mesmo depois de a covid-19 nos deixar. "Para o SNS, os últimos meses trazem importantes pistas de reflexão sobre o seu funcionamento e como este pode ser melhorado. O reforço dos recursos financeiros e humanos não é suficiente para fazer um SNS mais sustentável e resiliente. É preciso potenciar as possibilidades da tecnologia e do digital encontrando formas mais eficazes de organização, melhorando os resultados em saúde", concluiu André Veríssimo.