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"Os projetos empresariais feitos a partir de uma ilha começam com ‘handicaps’ desfavoráveis, mas estes também lhes dão a força e a perseverança para enfrentar os desafios resultantes da pequena dimensão e da insularidade. Ficam mais fortes e mais competitivos", referiu Luís Miguel Sousa, presidente do Grupo Sousa, que é hoje o maior armador português.
A Madeira tem vários exemplos de projetos que nasceram nas ilhas e têm tido afirmação nacional, como o Grupo Pestana, o Grupo Sousa, o Porto Bay, e outros grupos de hotelaria com grandes projetos no Continente. "São empresas que estão a abordar o mercado nacional e internacional de uma forma eficiente, competitiva e que acrescenta valor e os faz mais competitivos na sua ação", adiantou Luís Miguel de Sousa.
O Grupo Sousa tem mais de 67 empresas, fatura 153 milhões de euros e 70% do volume de negócios é gerado fora da Região Autónoma da Madeira. O seu principal acionista, com 80% do capital, considera que existe um grande desafio para o futuro, que é como reter "estes projetos empresariais com as suas sedes na Madeira porque isso implica emprego qualificado, bem remunerado. No dia em que essas empresas levarem essas sedes para o espaço continental a Madeira perde impostos, emprego qualificado, consumo. E este tema deverá ser um tema para os governos regionais terem uma atenção especial".
A questão fiscal
Luís Miguel de Sousa acrescenta que "o grupo Sousa caminha para as mil pessoas, das quais 65% estão na Madeira. Portanto as estruturas centrais estão na Madeira, como a comunicação, o marketing, a gestão de pessoal, o controlo de gestão, a contabilidade, a fiscalidade, e é emprego qualificado. No dia que deixarmos de ter sede na Madeira, tudo isto desaparece e esse emprego qualificado vai ser oferecido a outra região", remata Luís Miguel de Sousa.
Considera que há várias formas de fazer com que os grupos permaneçam na Madeira, e acena com a questão fiscal. "O regime especial de tributação dos grupos empresariais obriga-nos à taxa máxima do país, que são 21%, enquanto na Madeira é 20%. Isso seria uma forma de fixar grupos, mexer na legislação permitindo que as taxas aplicadas aos regimes especiais de tributação aos grupos empresariais pudesse ser feita com taxas mais vantajosas".
"Temos pensado em algumas soluções para conseguir manter os centros de decisão das empresas madeirenses na Madeira", referiu Pedro Calado, vice-presidente do Governo Regional da Madeira. Sublinhou que "ainda não pode levantar o véu das soluções", nos seus grandes objetivos está fazer "com que a atratividade do investimento externo seja uma realidade, mas também estamos a trabalhar num plano fiscal que seja atrativo e que seja capaz de fazer com que estes grandes grupos económicos fixem aqui os seus quadros mais qualificados".