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Nina Schick, especialista em inteligência artificial generativa, passou por Lisboa para falar dos desafios e oportunidades da inteligência artificial para empresas e países.
Para os executivos que encheram a sala no evento “O futuro das organizações na era da inteligência artificial”, deixou uma mensagem: já “não nos podemos dar ao luxo de não sermos fluentes em IA”. Esta “competência” passou a ser um “imperativo para o responsável de qualquer empresa hoje” e um caminho sem escolha, até porque os ganhos são mais fáceis de provar do que as teorias fatalistas, defendeu.
“Esqueçam a AGI (Artificial General Intelligence) e foquem-se na AIC (Artificial Intelligence Capable) porque a evolução mostra-nos que a IA já está embebida nas mais diferentes áreas” e traz com ela o potencial para fazer mais rápido, mais barato e democratizar.
“Os dados vão-se tornar ainda mais importantes”, antecipa a autora, ou não fosse o poder de computação a base da inteligência artificial e dos modelos fundacionais que alimentam a IA generativa.
Investir aí é por isso já hoje uma decisão estratégica para as empresas e uma decisão política para os países, como atesta o financiamento de 8,5 mil milhões de dólares à Intel anunciado recentemente pela administração Biden para que a empresa aumente a capacidade de produzir chips no país, lembrou a oradora.
Nina Schick tem defendido que os Estados que construírem uma IA soberana, investindo nas suas próprias infraestruturas de suporte a essa “máquina de inteligência” e em dados, vão ser os mais resilientes e ricos do século XXI. Em Lisboa, voltou a defendê-lo.
“A Europa tem de regular menos e tributar menos” se se quiser posicionar como um ator relevante numa economia mundial que será cada vez mais moldada pelo potencial da inovação e da inteligência artificial em todas as áreas, defendeu Paulo Portas, comentador e professor auxiliar convidado da Nova SBE, no evento “O futuro das organizações na era da inteligência artificial”, na conversa conduzida pela diretora do Negócios, Diana Ramos.
Vários indicadores mostram que a região está a perder terreno para os Estados Unidos e para a China em matéria de inovação e estes dois fatores estarão entre os mais críticos para a capacidade de atrair e fixar investimento de inovação na Europa, na perspetiva do comentador e professor universitário.
“A pergunta que os europeus devem fazer é: porque é que tendo a Europa cientistas e capital, em áreas como as tecnologias biomédicas ou a inteligência artificial, os cérebros europeus preferem ir para a Ásia desenvolvida ou para os Estados Unidos trabalhar?”, questionou, lembrando que o ritmo dos avanços mais recentes da inteligência artificial generativa tende a vincar ainda mais as diferenças entre regiões, se nada mudar.
“O tempo de transformação de uma boa ideia num negócio foi abreviadíssimo, sobretudo em países com muito venture capital e boas relações entre universidades e empresas, mesmo que nem todas as boas ideias subsistam depois de escalarem rapidamente”, reconheceu.