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Candidatura de Leiria a Capital Europeia da Cultura à procura de novos públicos

Se a candidatura de Leiria a Capital Europeia da Cultura não sair vencedora, o processo que mediará até 2027 terá cumprido "a importante missão de formar novos públicos", ajudando-os a distinguir o trigo do joio.

08 de Abril de 2019 às 13:00
Leiria está na décima posição dos concelhos melhores para se viver, desceu três lugares.
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"Ninguém tem o direito de encaminhar gostos, mas porque só gostamos do que conhecemos, esta candidatura está a fazer uma grande reflexão sobre o que é mero entretenimento e o que tem uma matriz cultural", afirma Acácio Sousa, membro do Conselho Estratégico da Rede Cultura 2027, no âmbito da candidatura a Capital Europeia da Cultura de Leiria.

João Lázaro, diretor do Te-Ato, defende, por seu lado, que os agentes com responsabilidade no financiamento da cultura "têm de ser muito criteriosos, sabendo onde estão a investir", principalmente se "tivermos em conta que o mundo está a viver um momento complicado, com os Trump e os Bolsonaro, e a precisar de uma revolução humanista".

A candidatura de Leiria a Capital Europeia da Cultura, que reúne 25 municípios dos distritos de Leiria, Lisboa e Santarém, é um momento para criar nas pessoas, se não o "vício da cultura" - como aventou o presidente da Câmara de Leiria - "a oportunidade de se promover mais formação, levando aos mais novos mais hábitos de consumo de manifestações de cultura e de leitura", defendeu João Nazário, representante da Livraria Arquivo. "Apesar de os gostos não se discutirem, o critério de investimento do dinheiro público não deve medir-se pelo nível audiências", sublinha. "O Estado deve ter a preocupação de investir no disruptivo, naquilo que pode marcar a tendência."

Também Mário Teixeira, diretor pedagógico da Escola de Música do Orfeão de Leiria, insiste "na formação de grandes e novos públicos para permitir que as pessoas adquiriram espírito crítico, percebendo o que é bom e o que não é, e a partir daí poderem fazer as suas escolhas".

Em representação do Turismo Centro de Portugal, Suzel Santos, lembrou que "nunca como agora Leiria promoveu tantas manifestações culturais, quer da iniciativa da Câmara Municipal quer de privados e de associações", alertando para a necessidade de esta candidatura - que concorre com outras na Região Centro - "se focar também na sua promoção nos mercados internacionais, nomeadamente em Espanha, que está aqui ao lado". 

Leiria quer empresas intensivas em conhecimento

"O distrito é uma região de empreendedores com muitas empresas criadas em setores industriais, que fogem à ideia mais tradicional de empreendedorismo, como os moldes, por exemplo", explica Vítor Hugo Ferreira, da D.Dinis Business School. Um cenário ao qual o docente diz "haver necessidade de juntar outras empresas, mais intensivas em conhecimento, e que possam criar efeitos de arrastamento para a economia".

As afirmações do docente surgem no contexto do workshop Empreender Leiria, promovido pela Box Santander Advance Empresas, em que Gabriel Silva, diretor geral da TGA, traçou as linhas mestras do projeto, ao lado de duas novas startups que deram a conhecer os seus negócios. A Agência Move faz o intercâmbio de estudantes internacionais e a Rotauto, uma plataforma digital para quem quer comprar carro.