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A líder do centro tecnológico da indústria têxtil e vestuário (ITV) destaca que as máscaras descartáveis são um problema ambiental e que nem são aquelas que mais protegem as pessoas no contexto social.
Apesar da crise provocada pela pandemia, a ITV portuguesa conseguiu afirmar-se nesta área da saúde?
No contexto internacional, a ITV portuguesa é a que está mais capacitada na área das máscaras comunitárias e dos dispositivos médicos. A capacidade ao nível da ciência, da tecnologia e dos materiais têxteis está muito concentrada na Europa, que espero que continue a ser a capital tecnológica do setor têxtil. E Portugal tem a indústria completa, desde a fiação à confeção. Tem o cluster completo e integrado, com uma cooperação grande entre empresas, ao contrário dos outros países: os de Leste têm uma capacidade tecnológica inferior; os da Alemanha e da Bélgica não têm a indústria estruturada. O sucesso resultou de uma capacidade que já estava instalada, apesar de não estar a ser explorada neste tipo de produtos.
A principal ameaça são as máscaras descartáveis?
Em todo este processo falhámos ao não passar a mensagem aos consumidores de que as máscaras descartáveis são um problema. Uma coisa é comprar e usar uma durante seis meses, outra é usar durante meio dia e lançá-la ao lixo. Não se desenvolveu a ideia que é tão vergonhoso usar uma máscara descartável como um copo de plástico para tomar um café. As pessoas pensam que as máscaras cirúrgicas são melhores para proteger mais no contexto social, mas não são. Não é a que tem melhor respirabilidade nem a adequação à cara para evitar a entrada de ar não filtrado. São seguras, claro, mas não as mais adequadas.
O CITEVE investiu e reforçou a estrutura para responder a este desafio?
Houve um momento em que pusemos a quase totalidade do CITEVE ao serviço disto. Tínhamos um grupo de investigadores, jovens doutorados, dentro do centro [tecnológico] e que, quando perceberam a necessidade, foram para o balcão receber e aconselhar as pessoas, tirar dúvidas. Era uma urgência sanitária e também para a indústria. A partir de 15 de junho fomos retomando uma certa normalidade. Tudo o que estávamos a fazer na área da sustentabilidade e da performance na área da moda tinha de ser retomado. Criámos um laboratório específico só para tratar dos dispositivos médicos e das máscaras, comprámos equipamentos e reforçámos as equipas na área laboratorial e da certificação. E estamos ainda a recrutar mais gente porque não seria sustentável manter as pessoas emprestadas a esta área.
Apesar da crise provocada pela pandemia, a ITV portuguesa conseguiu afirmar-se nesta área da saúde?
No contexto internacional, a ITV portuguesa é a que está mais capacitada na área das máscaras comunitárias e dos dispositivos médicos. A capacidade ao nível da ciência, da tecnologia e dos materiais têxteis está muito concentrada na Europa, que espero que continue a ser a capital tecnológica do setor têxtil. E Portugal tem a indústria completa, desde a fiação à confeção. Tem o cluster completo e integrado, com uma cooperação grande entre empresas, ao contrário dos outros países: os de Leste têm uma capacidade tecnológica inferior; os da Alemanha e da Bélgica não têm a indústria estruturada. O sucesso resultou de uma capacidade que já estava instalada, apesar de não estar a ser explorada neste tipo de produtos.
A principal ameaça são as máscaras descartáveis?
Em todo este processo falhámos ao não passar a mensagem aos consumidores de que as máscaras descartáveis são um problema. Uma coisa é comprar e usar uma durante seis meses, outra é usar durante meio dia e lançá-la ao lixo. Não se desenvolveu a ideia que é tão vergonhoso usar uma máscara descartável como um copo de plástico para tomar um café. As pessoas pensam que as máscaras cirúrgicas são melhores para proteger mais no contexto social, mas não são. Não é a que tem melhor respirabilidade nem a adequação à cara para evitar a entrada de ar não filtrado. São seguras, claro, mas não as mais adequadas.
O CITEVE investiu e reforçou a estrutura para responder a este desafio?
Houve um momento em que pusemos a quase totalidade do CITEVE ao serviço disto. Tínhamos um grupo de investigadores, jovens doutorados, dentro do centro [tecnológico] e que, quando perceberam a necessidade, foram para o balcão receber e aconselhar as pessoas, tirar dúvidas. Era uma urgência sanitária e também para a indústria. A partir de 15 de junho fomos retomando uma certa normalidade. Tudo o que estávamos a fazer na área da sustentabilidade e da performance na área da moda tinha de ser retomado. Criámos um laboratório específico só para tratar dos dispositivos médicos e das máscaras, comprámos equipamentos e reforçámos as equipas na área laboratorial e da certificação. E estamos ainda a recrutar mais gente porque não seria sustentável manter as pessoas emprestadas a esta área.