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As duas revoluções: infotech e biotech

Para Andrew Fried estas tendências conjugam-se para reconfigurar de uma forma radical os sistemas e a economia da saúde.

28 de Dezembro de 2018 às 15:30
Andrew Fried é o IBM Global Life Sciences Industry Leader na Europa. Inês Gomes Lourenço
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Estamos no meio de uma revolução de tecnologias de informação e de uma revolução biotech, as duas caminham em paralelo e dirigem as mudanças", destacou Andrew Fried, IBM Global Life Sciences Industry Leader, australiano que já passou pela China, Japão, onde aprendeu japonês, e Europa, tendo participado na conferência organizada pela Janssen. "Um das mudanças mais recente é que a evolução da tecnologia não vai no sentido de destruição de vidas, vai no sentido de resolver problemas, de conexões".

As forças disruptivas (ver caixa) têm um profundo efeito sobre o sistema saúde tanto em termos sociais e económicos, como individuais e nas organizações. Nas questões económicas e sociais tem a ver com a incongruência entre a estrutura cêntrica hospitalar e as necessidades sociais, por outro lado as despesas com a saúde de uma forma mais acelerada que o crescimento do PIB, o que se tornar insustentável por causa do envelhecimento da população. Em termos individuais há um crescimento da procura de saúde e as expectativas são mais elevadas, além de uma responsabilização financeira e mudança de risco e uma erosão de redes de segurança.

Desafios éticos

O impacto nas organizações vem sobretudo dos impactos regulatórios em vários contextos como os algoritmos, os devices médicos, as novas ameaças competitivas e as questões de segurança e ambiente e a necessidade de encontrar competências e culturas mais próximas dos ambientes actuais, pois, por exemplo, os médicos nos Estados Unidos dedicam seis horas por dia na análise de relatórios médicos electrónicos.

Andrew Fried fez referência ao potencial das novas tecnologias para fazer a disrupção no ecossitema da saúde e que passam pelo móvel, a cloud híbrida, a Internet das Coisas, Cloud, APIs e microsserviços, cibersegurança, inteligência artificial, analytics, blockchain, automação, bots e robótica avançada.

"Os grandes desafios actuais não são tecnológicos mas éticos, económicos e políticos", alertou Andrew Fried, ilustrando com o recente caso do cientista chinês que terá feito uma modificação genética para resistir a uma eventual infecção por VIH em duas meninas gémeas e à investigação sobre o gene inteligente.

As forças do desequilíbrio

Um tsunami demográfico
A população global de pessoas acima de 80 anos mais do que triplicará entre 2015 e 2050. Prevê-se que haja 2 mil milhões de pessoas com mais de 60 anos até 2050.

Avanço rápido de novas tecnologias e profusão de dados
Estima-se que os dados médicos dobrem a cada 73 dias até 2020; 60 bilhões de imagens médicas geradas somente nos EUA em 2015. Aumento em mais de sete vezes no investimento do sector de saúde em IoT, software e serviços em 2022.

A aceleração da nova ciência
Biotech bate novo recorde em financiamento de capital de risco - mais de 9,3 mil milhões de dólares em 2017. O mercado global de genomics alcançará 23,8 mil milhões de dólares até 2022, impulsionado pelo aumento da pesquisa, novas startups e crescente foco na medicina personalizada.

Consumo e cidadãos capacitados
Os consumidores agora controlam directamente 330 mil milhões de dólares anuais em despesas reembolsáveis com saúde. As suas escolhas têm o potencial de afectar 61% de todos os gastos com saúde.

Estruturas da indústria, novos operadores
A empresa farmacêutica CVS Health compra a seguradora Aetna com o objectivo de colocar o consumidor no centro do atendimento. 23andMe vence a FDA para vender directamente testes genéticos e relatórios de risco de saúde para indivíduos.