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Para o epidemiologista e médico de Saúde Pública Ricardo Mexia, "o planeamento é o nosso grande défice". Desta forma, e começando pela questão do diagnóstico, o especialista lembrou que "temos muitos dados, pouca informação e ainda menos conhecimento". Com efeito, "Portugal tem um nível de digitalização absolutamente extraordinário, mas falta transformar os dados em informação no apoio à decisão". E, aqui, entra outra das etapas do planeamento, a avaliação: "Somos péssimos a avaliar porque achamos sempre que vamos culpar alguém, mas a avaliação é essencial para identificar o que corre bem e o que corre mal." Para o também presidente da mesa da Assembleia Geral da Associação Nacional dos Médicos de Saúde Pública, "a integração da informação é absolutamente fundamental, pois temos já 40% da prestação de cuidados fora do SNS, sem acesso a esses dados, o que nos obriga a decidir não com base no cenário completo, mas com base numa parte, e que muitas vezes não corresponde à globalidade da situação". Por isso, defendeu: "A avaliação é fundamental para escolher as boas práticas para que possam ser replicadas e não estarmos sistematicamente a reinventar a roda."
Ricardo Mexia enfatizou que "precisamos de estar a montante da doença, focarmo-nos menos nos doentes e mais nos cidadãos, o que passa por apostar em abordagens de prevenção que não dão dividendos imediatos e não resolvem problemas urgentes, mas resolvem problemas sistémicos e de sustentabilidade".
A literacia e o autocuidado são também "absolutamente fundamentais", nomeadamente para resolver a questão do acesso - que é central. E, a este respeito, o médico que liderou a saúde pública durante a pandemia lembra que "tivemos uma série de provas de conceito que vamos abandonar sem sequer avaliar".
"O facto de as pessoas terem passado a usar muito mais a linha SNS 24 não é algo que tem de ser estudado? Valerá a pena restringir os diversos acessos que temos, canalizando as pessoas para essa plataforma se os resultados forem melhores? Será que as questões do teletrabalho não têm também relevância do ponto de vista da saúde devido à menor transmissão de doença?", perguntou.
Por fim, o médico defendeu uma maior proximidade da Segurança Social com a saúde, observando que "o flagelo do excesso de mortalidade dos lares durante a pandemia aconteceu devido ao facto de estes não serem considerados instituições de saúde e não existir práticas de prevenção e controlo de infeção".
Já a ex-ministra da Saúde Maria de Belém Roseira considera que "deixámos chegar a situação do SNS a um enorme ponto de complexidade porque não tomámos, em devido tempo, as medidas adequadas e necessárias em saúde", nomeadamente, "devido à sua constante alteração de acordo com os protagonistas".
Ou seja, "há muitos diagnósticos feitos, muitas medidas apresentadas para os resolver, mas o problema é a irracionalidade e a irresponsabilidade patente num país sem uma Administração Pública forte que garanta que os ministros não cometem erros", criticou.
Aliás, "a excessiva politização da saúde naquilo que não é política leva a que os técnicos sejam obrigados a fazer erros - e basta a gestão da pandemia para exprimir isso", sublinhou.
Pedida a identificação das prioridades, a responsável disse ser fundamental "a integração de cuidados, a remuneração em função do desempenho e a articulação estreita entre Segurança Social (SS), saúde e educação - de forma a trabalhar a ‘saúde antes dela’", lembrando ainda que "atualmente temos pessoas de 75 anos a cuidar de pais com 95 ou 100 anos" e que "é preciso modernizar as políticas e as respostas". Depois, a curto prazo, Maria de Belém considera ser essencial "estancar a hemorragia de profissionais do SNS, até porque a capacidade de o privado os captar não é elástica".
Em suma, a ex-ministra da Saúde defende uma maior articulação entre a SS e os CSP e os hospitais, considerando lamentável que "por preconceito ideológico contra os privados, quem quis estabelecer essa relação na pandemia foi ameaçado de que ficava com a responsabilidade financeira".
Por fim, e não de menor importância, a questão da transição digital, que "tem de ser feita ao serviço da estratégia de saúde, o que significa integração de cuidados, gestão inteligente e que garanta a redução de todas as entropias do sistema, respeito pela propriedade e pela titularidade da informação de saúde e interoperacionalidade entre sistemas público e privado".
Ricardo Mexia enfatizou que "precisamos de estar a montante da doença, focarmo-nos menos nos doentes e mais nos cidadãos, o que passa por apostar em abordagens de prevenção que não dão dividendos imediatos e não resolvem problemas urgentes, mas resolvem problemas sistémicos e de sustentabilidade".
A literacia e o autocuidado são também "absolutamente fundamentais", nomeadamente para resolver a questão do acesso - que é central. E, a este respeito, o médico que liderou a saúde pública durante a pandemia lembra que "tivemos uma série de provas de conceito que vamos abandonar sem sequer avaliar".
"O facto de as pessoas terem passado a usar muito mais a linha SNS 24 não é algo que tem de ser estudado? Valerá a pena restringir os diversos acessos que temos, canalizando as pessoas para essa plataforma se os resultados forem melhores? Será que as questões do teletrabalho não têm também relevância do ponto de vista da saúde devido à menor transmissão de doença?", perguntou.
Por fim, o médico defendeu uma maior proximidade da Segurança Social com a saúde, observando que "o flagelo do excesso de mortalidade dos lares durante a pandemia aconteceu devido ao facto de estes não serem considerados instituições de saúde e não existir práticas de prevenção e controlo de infeção".
Já a ex-ministra da Saúde Maria de Belém Roseira considera que "deixámos chegar a situação do SNS a um enorme ponto de complexidade porque não tomámos, em devido tempo, as medidas adequadas e necessárias em saúde", nomeadamente, "devido à sua constante alteração de acordo com os protagonistas".
Ou seja, "há muitos diagnósticos feitos, muitas medidas apresentadas para os resolver, mas o problema é a irracionalidade e a irresponsabilidade patente num país sem uma Administração Pública forte que garanta que os ministros não cometem erros", criticou.
Aliás, "a excessiva politização da saúde naquilo que não é política leva a que os técnicos sejam obrigados a fazer erros - e basta a gestão da pandemia para exprimir isso", sublinhou.
Pedida a identificação das prioridades, a responsável disse ser fundamental "a integração de cuidados, a remuneração em função do desempenho e a articulação estreita entre Segurança Social (SS), saúde e educação - de forma a trabalhar a ‘saúde antes dela’", lembrando ainda que "atualmente temos pessoas de 75 anos a cuidar de pais com 95 ou 100 anos" e que "é preciso modernizar as políticas e as respostas". Depois, a curto prazo, Maria de Belém considera ser essencial "estancar a hemorragia de profissionais do SNS, até porque a capacidade de o privado os captar não é elástica".
Em suma, a ex-ministra da Saúde defende uma maior articulação entre a SS e os CSP e os hospitais, considerando lamentável que "por preconceito ideológico contra os privados, quem quis estabelecer essa relação na pandemia foi ameaçado de que ficava com a responsabilidade financeira".
Por fim, e não de menor importância, a questão da transição digital, que "tem de ser feita ao serviço da estratégia de saúde, o que significa integração de cuidados, gestão inteligente e que garanta a redução de todas as entropias do sistema, respeito pela propriedade e pela titularidade da informação de saúde e interoperacionalidade entre sistemas público e privado".