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António Saraiva, presidente da Confederação Empresarial de Portugal (CIP), e Francisco Calheiros, presidente da Confederação do Turismo de Portugal (CTP), têm estado na linha da frente das negociações do Governo em relação às medidas de apoio às empresas, a forma como vai ser feito o relançamento da economia, e como vai ser a vida ativa depois do confinamento forçado pela covid-19.
Como diz António Saraiva, é preciso "definir com o Governo uma metodologia para o regresso à normalidade, depois desta batalha disruptiva". Participaram na conferência Liderança à Prova, organizada pelo Jornal de Negócios como o apoio GoContact, no painel "O que estão a fazer as organizações para reagir à crise".
"É uma batalha em duas frentes, em que por um lado tem de se vencer esta crise de saúde pública, e, por outro, a salvação da economia", considera António Saraiva. Na sua opinião, "o relançamento da economia será feito de forma gradual e assimétrico, quer em termos das várias regiões do país, quer em termos dos setores de atividade, porque não podemos ganhar a batalha da pandemia e, depois, percebermos que estamos mortos por falta da economia".
Verão de turismo interno
Entre as medidas propostas para o regresso ao trabalho estão o diferimento dos horários de trabalho para não haver aglomerações tanto nos transportes públicos, como nos locais de trabalho, a disponibilização de equipamentos de proteção e transformação dos espaços de trabalho para permitir o distanciamento social.
Quanto ao turismo Francisco Calheiros, salientou que se poderão pôr limites à capacidade máxima dos hotéis e de outros estabelecimentos, como restaurantes, para minimizar os riscos de contágio. Para este responsável a recuperação do turismo vai passar pelo mercado interno, que representa cerca de um terço do setor, já que a procura internacional deverá registar quebras acentuadas, o que "também está dependente da evolução do processo de abertura de fronteiras". Qualquer que seja a estratégia, e por mais rápida que seja a retoma, "em grande parte o verão de 2020 está perdido", garantiu Francisco Calheiros.
António Saraiva sublinhou que uma das lições desta crise foi a Europa perceber o seu grau de exposição e dependência estratégica do exterior, o que abre portas "a um processo de industrialização e cadeias de abastecimento mais próximas dos mercados, o que representar novas oportunidades para Portugal".