Outros sites Medialivre
Notícia

António Redondo: “A celulose é um supermaterial”

“A celulose é reconhecida como um supermaterial de futuro, pelo que o setor está há anos a trabalhar para desenvolver novos produtos de base biológica”, afirmou António Redondo.

09 de Julho de 2021 às 14:20
António Redondo, líder da CELPA, enfatizou a relevância da indústria. David Santos
  • Partilhar artigo
  • ...

"As indústrias de pinho, sobro e eucalipto são clusters de uma grande relevância estratégica para o futuro do país não só pelo seu impacto económico na balança comercial, no VAB e na geração de emprego, mas também como contributo decisivo para a riqueza, coesão territorial e para o desenvolvimento de cadeias de abastecimento curtas e resilientes", afirmou António Redondo, presidente da CELPA.

Estes clusters silvo-industriais não têm uma visão mineira ou extrativa da matéria-prima e foram inovadores na introdução dos conceitos de gestão florestal sustentável. Planeiam e produzem com anos de antecipação a sua própria matéria-prima garantindo a sustentabilidade do recurso em harmonia com o espaço.

"Portugal não terá outro setor económico em que existam condições naturais para criar uma matéria-prima renovável, única e diferenciada, onde domina know-how e tecnologia, no qual controla todas as fases relevantes da cadeia de valor, desde a floresta ao fabrico atual de vários produtos pasta de papel, papel, cartão e tissue, onde possui escala mundial, em que apresenta I&D e branding de reputação internacional", defendeu António Redondo.

Portugal tem uma área florestal que cobre cerca de 3,4 milhões de hectares, sendo o principal uso do solo e valorizando o território continental, e onde há um claro predomínio de espécies autóctones, que ultrapassa os 70%.

20 a 30% de matos e incultos

Para o presidente da CELPA, "as florestas nacionais poderão e deverão ser um motor de desenvolvimento do país pela capacidade de aumentarem a coesão territorial onde o acesso a outras atividades está condicionado, por permitirem incorporar valor a partir de matérias-primas produzidas localmente, permitirem o financiamento dos restabelecimento e manutenção de espaços de conservação e proteção".

Na opinião de António Redondo, o uso potencial do território para floresta é superior ao atual, dada a ocupação pouco racional do solo com 20 a 30% de matos e incultos sem valor de conservação. "Consideramos crucial que se fomente a cooperação ao invés da competição entre as diferentes funções da floresta, envolvendo os diversos atores para que seja possível responder à necessidade de a proteger contra o risco de incêndio, agudizado pelo desafio climático, ao mesmo tempo que é estimulada a sua valorização económica", disse António Redondo. Acrescenta que "estamos disponíveis para aumentar e valorizar a área de floresta nacional através de investimento em floresta de produção e floresta de conservação e contribuir para a construção mais rápida de um país neutro em carbono".

O papel do Estado

Considera que uma das vias que o Estado pode usar para estimular o fomento e a gestão sustentável das florestas plantadas de produção, que cobrem a maior parte do território, consiste em reconhecer e estabelecer um regime de remuneração dos bens públicos produzidos por esta floresta, a chamada remuneração dos serviços dos ecossistemas.

A floresta de produção de pinheiros, sobreiros, eucaliptos ou carvalhos, gerida pelas melhores práticas disponíveis, é geradora de serviços de ecossistema, "ao contrário do que muitas vezes é dito, não é a floresta de conservação, de reduzida dimensão e muito focada na conservação de determinados valores naturais muito específicos, a única floresta geradora destes serviços. Ao considerarmos o conjunto de valências que o desenvolvimento sustentável exige - valor económico, valor ambiental, valor social - é a floresta de produção que globalmente valoriza melhor as diferentes variáveis do objetivo de uma política que garante o futuro sustentável do território. Em muitas regiões do país não há melhor alternativa técnica, social e económica para ocupação do solo", concluiu António Redondo.