Outros sites Medialivre
Notícia

Antigos e novos mercados emissores

Grande parte do turismo é europeu, mas os turistas americanos, brasileiros e chineses são importantes nos segmentos de luxo.

02 de Maio de 2017 às 11:54
Bruno Simão
  • Partilhar artigo
  • ...
Os mercados emissores são vários, os perfis das ofertas turísticas ganham cada vez mais diversidade. Mas há tendências difíceis de alterar. "Os destinos de lazer, de férias e de sol e praia são muito dominados pelos mercados inglês e alemão. O mercado inglês conhece os destinos portugueses e no verão o Algarve está ligado pelo transporte aéreo a trinta cidades do Reino Unido" diz José Theotónio, CEO do Grupo Pestana. Neste segmento assinala que há possibilidades de crescer no mercado alemão porque os alemães são dos principais clientes da Espanha no sol e mar.

Salientou ainda os sinais positivos do mercado francês, que conhecia pouco Portugal. "Na Madeira começou por chegar em 'low-cost' através de operadores de baixo custo e com preços baixos, mas depois criou a visibilidade do destino e em alguns períodos em Lisboa o mercado francês é o mais forte e foi em cinco a seis anos. Agora vêm os nichos todos" resume José Theotónio.

Os principais mercados de origem são o norte-americano, brasileiro e angolano. Por causa dos atentados em Paris e Nice, começaram a vir turistas do Médio Oriente. Guilherme Costa
Director-geral do Ritz

"Em Cascais o principal turista é português, depois o Reino Unido, Espanha e França. Só depois vem o alemão, apesar do investimento constante é um mercado complicado" resume Bernardo Corrêa de Barros, vice-presidente da Associação de Turismo de Cascais.

Em Cascais o principal turista é português, depois o Reino Unido, Espanha e França. Só depois vem o alemão, apesar do investimento constante. Bernardo Corrêa de Barros
Vice-Presidente da Associação de Turismo de Portugal

"Não quero ter dependência de nenhum mercado" diz Rodrigo Machaz, Director-geral do Memmo Hotels. "Por uma questão de 'budget' fomos para os mercados de proximidade (Espanha, França, Alemanha e Inglaterra). São mercados naturais no princípio do negócio nem apostámos em Inglaterra porque é um mercado em que se tem de entrar bem. Hoje em dia andamos à volta daqueles mercados que ainda têm tanto para explorar. Prefiro trabalhar bem o mercado europeu até porque o programa Erasmus teve a capacidade de criar o cidadão europeu. Há um espírito europeu, um viajante europeu, é com esse que conto".

Cidades mais diversificadas

As cidades têm um turismo mais diversificado com os americanos e os brasileiros no Inverno, na Primavera continuam a vir os franceses, os alemães, os espanhóis invadem Lisboa e o Porto na Páscoa. "As cidades são mercados muito mais sofisticados e estão a atrair os escandinavos e os italianos, que viajam muito e vêm pouco a Portugal. Mas os grandes mercados vão continuar a ser os ingleses e os alemães e onde temos ainda uma margem de progressão grande e são valores seguros" diz José Theotónio. Por exemplo, o Hotel Ritz tem como principais mercados de origem o norte-americano, brasileiro, angolano, e, por causa dos atentados em Paris e Nice , começaram a vir turistas do Médio Oriente "mas ainda é muito granular" diz Guilherme Costa, o director. "O mercado do alojamento local tem alguma diversidade pois os brasileiros, os latino-americanos, os americanos são uma força grande" refere Eduardo Miranda, presidente da Associação do Alojamento Local.

A novidade da China

No segmento de luxo já se sentiu o despontar do turista chinês nomeadamente por causa de negócios como observa Guilherme Costa, director-geral do Hotel Ritz. A partir de 26 de Julho deste ano Lisboa passa a haver três voos semanais para Hangzhou, na costa leste da China, com paragem em Pequim, operados pela companhia aérea Beijing Capital Airlines, do grupo HNA, que é accionista da TAP. Com esta ligação vai sentir-se um maior fluxo de turistas.

"O mercado chinês tem potencialidades mas é talvez o único mercado que exige preparação e formação específica" adverte Eduardo Miranda, presidente da Associação de Alojamento Local. Há entidades que estão a preparar a certificação do alojamento para o mercado chinês porque é um mercado que tem uma cultura muito própria e com dificuldades de comunicação".

"Os hotéis têm de se preparar porque é um cliente que fala poucas línguas, mas é um mercado promissor no segmento alto" reconhece José Theotónio. Refere que vai "ter um perfil muito excursionista, passa dois ou três dias porque vêm à Europa e não apenas a Portugal". É um mercado em que vale a pena investir "porque vai ser um mercado de futuro, mas não vai ser relevante para Portugal nos próximos quatro ou cinco anos".