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Alojamento local é "case-study" europeu

Na reunião de 4 de Maio de 2017 da European Holiday Home Association com a Comissão Europeia, Portugal foi apresentado como "case study".

02 de Maio de 2017 às 11:45
Eduardo Miranda, presidente da Associação de Alojamento Local, defende mais fiscalização. Inês Lourenço
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"Foi o primeiro país que criou uma regulação a nível nacional para o alojamento local" explica Eduardo Miranda, presidente da Associação de Alojamento Local. "É verdade que o objectivo inicial da regulamentação não era tão visionário, era simplesmente colocar num saco aquilo que ainda não estava arrumado, mas acabou por antecipar uma tendência".

O que faz um destino forte é a diversidade de oferta em todos os níveis, desde o alojamento ao transporte, passando pela animação turística. Eduardo Miranda
Presidente da Associação de Alojamento Local

Em Portugal conseguiu-se "criar uma moldura e uma base para dizer o que é o 'short-term renting' a nível nacional e isso é importante para o turismo porque permite enquadrá-lo na estratégia de turismo" diz Eduardo Miranda. Na Europa deixou-se esse papel para as cidades e as definições proliferaram. "Isto é mau para o turismo porque não permite que se crie a percepção do produto, não permite o controlo, a vistoria, a fiscalização. Há um grande passo a dar, e não é em termos de legislação, mas de vistoria e fiscalização" diz Eduardo Miranda.

Diversidade ajuda turismo

A democratização e popularização das viagens gerou múltiplas motivações. Segundo Eduardo Miranda, quando existe uma grande variedade de motivações de viagem, "o que faz um destino forte é a diversidade de oferta em todos os níveis, desde o alojamento ao transporte, passando pela animação turística. O fenómeno do alojamento local vem ao encontro desta busca de diversidade".

O alojamento local trouxe para a luz do dia o alojamento que, por exemplo, no Algarve sempre existiu e que era considerado ilegal. José Theotónio
CEO do Grupo Pestana

O alojamento local transformou-se com as novas plataformas digitais e as viagens "low cost" num enorme hotel regulamentado. "O alojamento local trouxe para a luz do dia o alojamento que, por exemplo, no Algarve sempre existiu e que tinha mais quartos do que os hotéis e que era considerado ilegal" recorda José Theotónio, CEO do Grupo Pestana.

É um mercado em crescimento. Em 2016 foram registados 13 mil novos alojamentos locais, mais 50% do que existiam entre 2008 e 2015, mas a maior parte já funcionava. "O alojamento local é um termo nacional e é um saco com uma série de ofertas que antes não estavam enquadradas nem tinham enquadramento legal. Esta diversidade tem adicionado e não substituído. Os hotéis continuam a ter um papel fundamental no alojamento e o alojamento local veio trazer outro tipo de propostas" refere Eduardo Miranda. Este crescimento é a massa crítica que permite "o experimentalismo e aparecimento de novas soluções". "Dois terços do alojamento local não está nem Lisboa nem no Porto, mas em cidades de média de dimensão" referiu recentemente o ministro da Economia, Manuel Caldeira Cabral.

Os hostels são hotelaria

"Os hostels não deveriam estar no alojamento local, deveriam estar na hotelaria" refere Rodrigo Machaz. "Há uma distorção porque a filosofia do alojamento local não é a do hostel porque exigem mil coisas para se abrir um hotel. E a questão não é complicar a vida dos outros mas que descompliquem a dos hoteleiros". Para o diretor-geral do Memmo Hotels, os hostels foram muito importantes para Lisboa, tendo alguns sido considerados os melhores do mundo. "Trouxeram de regresso o lado social que os hotéis tinham perdido e que nos últimos trinta anos se tornaram espaços socialmente desinteressantes. Criaram mais momentos de contacto porque as pessoas hoje procuram autenticidade e partilha, até porque estamos numa sociedade e economia da partilha" salienta Rodrigo Machaz.