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A sua ação na empresa passou por especializar ainda mais. "Já havia muita gente a vender peixe e achei que acoplando um serviço de preparação do peixe, filtragem e entrega, fomo-nos expandindo pelo Algarve comprando peixe em cada vez mais lotas, sendo que Sagres é o epicentro da alta qualidade em termos de Algarve".
Em 2010 decidiram entrar no mercado de Lisboa que é menos sazonal porque tinham um bom produto que era mais "procurado fora do que dentro do concelho" e é a partir daí que passaram a fornecer para o Porto e outras regiões de Portugal.
Peixe de classe mundial
O peixe desta zona central de Albufeira é considerado "peixe de classe mundial e é fácil seduzir um chef de cozinha com a qualidade da matéria-prima que tínhamos na mão. Abrimos portas ao mundo e começamos a exportar para Espanha, Alemanha, Reino Unido num total de dez mercados", diz Pedro Bastos.
Acrescenta que os chefs de todo o mundo, do Dubai a Nova Iorque gostam do peixe português e do Algarve, o que "mostra que a nossa costa não é só praia e sol, mas também bom peixe, porque o solo marinho tem uma série de nutrientes que dão ao peixe um determinado sabor e frescura, que se junta a nossa proximidade com os barcos de pesca".
Sempre defendeu que devíamos ter alternativas de trabalho, de vendas, vendendo no mercado local, nacional e internacional para poder ter emprego sustentável. "Temos de ter garantia de que temos trabalho todo o ano".
Com o Covid-19 esta expansão fica comprometida porque estavam muito vocacionados para a hotelaria e a restauração tanto em Portugal como na exportação. Mas depois alguém sugeriu a Pedro Bastos que aproveitasse o facto de as pessoas estarem em casa, por causa das restrições da pandemia, para fazer entrega ao domicílio.
Assim surgiu a Nutrifresco Porta-a-Porta para levar "o mesmo peixe, a mesma qualidade, que vendíamos aos chefs de alta cozinha, a qualquer cliente através do nosso site online, tendo criado 1500 clientes no espaço de um ano", disse Pedro Bastos.
Técnica japonesa
Foi preciso vencer a desconfiança porque os portugueses têm o hábito de comprar no mercado e era preciso que acreditassem que podiam comprar online um peixe de grande frescura. "Isto permitiu reter e readmitir várias pessoas que tínhamos dispensado". E assim foi descoberta uma nova área de negócio.
Um dos aspetos interessantes na atividade de Pedro Bastos é a sua ação de formação junto dos pescadores na forma como apanham e acondicionam o peixe. "O nosso sucesso depende do que está a montante e a jusante, entre um pescador e um chef de cozinha, seja o Michelin, ou o cozinheiro em casa, cujo objetivo é fazer um bom cozinhado".
Refere que "nem todo o peixe que vem da água está fresco. Por isso trouxemos uma técnica, ikejime, com o apoio de um chef japonês que veio de Londres dar formação aos pescadores, para que seja feita uma matança rápida para que o peixe não sofra e, quimicamente, fique preservado", refere Pedro Bastos. Esta técnica gera uma valorização do peixe.