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Agilidade na captação de multinacionais

Pedro Pinto, administrador do Centro Empresarial Lionesa, diz que “as taxas de juro no Norte são mais elevadas do que são em Lisboa, temos CAE de alto risco, somos penalizados”.

02 de Julho de 2021 às 12:20
Carlos Góis sublinha que as multinacionais têm longas negociações, mas depois querem entrar muito rapidamente. Ricardo JR
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"O processo de captação do investimento de uma multinacional é um processo que pode demorar meses até à tomada de decisão, porque estamos sempre em concorrência com vários países. Não vêm para Portugal por acaso", diz Carlos Góis, CEO da Geo Investimentos.

As multinacionais contratam consultoras internacionais para fazer a análise de vários países, e os principais concorrentes hoje são a Polónia, a Croácia, a Roménia, entre outros países, dependendo do tipo de empresas e do que é que as empresas multinacionais pretendem atingir, e, em Portugal, o Porto e Matosinhos têm a concorrência com Lisboa.

"Para chegar ao final dessa corrida são seis meses ou mais de negociação. Mas depois querem entrar muito rapidamente. São dois ou três meses para fazer o fato à medida, ou seja, fazer um escritório que ao encontro das suas necessidades e querem também começar a contratar muito rapidamente. A agilidade é fundamental porque em dois ou três meses não se consegue licenciar um projeto, mas não tem a ver com a Câmara de Matosinhos, que até é mais ágil, tem a ver com a burocracia enraizada em todas as instituições em Portugal", conclui Carlos Góis.

Matosinhos cooperante

Nesse sentido a Câmara Municipal de Matosinhos "é extremamente cooperante, está atenta, tenta perceber os nossos problemas, mas depois existe um conjunto de burocracias que demoram muito tempo", lamenta Carlos Góis.

A promoção do imobiliário, a construção e o imobiliário são vistos sempre como de alto risco, apesar de se terem aguentado durante a pandemia e terem continuado a funcionar e nunca terem parado "mas têm CAE (Classificação de Atividade Económica) de risco nos bancos", diz Carlos Góis. Estes negócios "envolvem níveis muito altos de investimento, porque cada vez mais os clientes procuram as tais operações chave na mão e somos nós que temos de fazer todo o investimento e há um retorno a um prazo muito longo. Não é fácil obter qualquer tipo de apoio para este tipo de projetos". Carlos Góis defende que "não era necessário ter fundos perdidos, mas linhas de apoio para poder financiar as operações que surgem e que exigem rapidez".

A Câmara Municipal de Matosinhos é extremamente cooperantee está atenta. Carlos Góis
CEO da Geo Investimentos 

Pedro Pinto, administrador do Centro Empresarial Lionesa, diz que "as taxas de juro no Norte são mais elevadas do que são em Lisboa, temos CAE de alto risco, somos penalizados". Refere-se ainda aos riscos que têm de correr para captar empresas. Lembrou que há dez anos quando a Farfetch veio para Matosinhos foi a Lionesa que investiu porque a Farfetch não tinha uma garantia bancária para dar o escritório. "Estamos a prestar garantias bancárias com todos", disse Pedro Pinto, no que Carlos Góis, que se move no mesmo negócio de atração e fixação de multinacionais, concordou.

"Agora veio a FedEx e investimos, emprestámos 3 mil metros até ter o escritório pronto e investimos 700 mil euros em adaptação com risco elevado porque as multinacionais são muito científicas e o que hoje é verdade amanhã pode não ser, depende de uma série de circunstâncias e políticas internacionais. A Cofco era para crescer mais 2 mil metros, mas com a pandemia ia desistir e disse-lhes que não pagavam renda até acabar a pandemia desde que criassem os 300 postos de trabalho", concluiu Pedro Pinto.

A Geo Investimentos As atividades empresariais de Carlos Góis começaram pela atividade tecnológica por uma empresa que é a Luz & Som, que teve a sua sede em Matosinhos e esteve muito concentrada nas atividades tecnológicas como a domótica, as artes visuais. Seguiu-se a Modelar System, que está ligada à construção modular sobretudo para o setor do turismo. A Geo Investimentos gere a área imobiliária. Hoje tem investimentos imobiliários no Porto, e outras zonas, mas Matosinhos é uma das principais áreas de atuação. "Existe um clima propício ao investimento, as condições locais são vantajosas tanto para a construção residencial como de escritórios", considera Carlos Góis.