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Accenture Portugal: “Estamos perante uma nova era da automação”

“Robots in The Wild” é a quarta das cinco tendências detetadas pelo Accenture Technology Vision 2020. A simbiose entre robótica e trabalho humano requer uma estratégia para uma integração e interação harmoniosa.

07 de Outubro de 2020 às 11:00
DR
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Vanda Gonçalves, 46 anos, é atualmente managing director na Accenture Portugal e é responsável pelo setor de serviços financeiros na área de tecnologia. É licenciada em Psicologia das Organizações pelo Instituto Superior de Psicologia Aplicada e pós-graduada em Sistemas de Informação pelo Instituto Superior Técnico. Iniciou a sua carreira em 1995 e, ao longo do seu percurso, passou por várias empresas e liderou diversos projetos de transformação e inovação tecnológica para grandes organizações.

Quais são as atividades e os negócios que podem ser mais impactados pela robotização?

Os benefícios e avanços da robótica estão a chegar a todos os setores, oferecendo às organizações uma oportunidade para expandir ainda mais as suas capacidades. De acordo com um estudo da Accenture, 61% dos executivos de 21 indústrias, esperam que as suas organizações estejam a utilizar robôs em ambientes não controlados nos próximos dois anos.

Quando a Accenture publicou o Accenture Technology Vision 2020, a covid-19 ainda não era uma pandemia global. Desde esse momento tudo mudou. A robótica está a ser adotada em diferentes atividades e negócios, das várias indústrias, de uma forma muito mais rápida do que se poderia esperar, assumindo um papel crucial nas operações e na resposta das empresas e entidades públicas que procuram novas soluções sem presença física.

Estas novas soluções suportam as organizações na sua jornada de melhoria da experiência do cliente, eficiência, rapidez, qualidade e segurança. Por exemplo, na indústria de Energia & Utilites, os robôs são usados para a inspeção e monitorização das infraestruturas e inventário. Em Oil, Gas & Minas, são utilizados na inspeção e monitorização de pipelines e deteção de fugas ou em veículos autónomos para a área da exploração. São também visíveis no setor dos transportes em veículos autónomos ou na saúde, onde temos robôs para apoio a cirurgias e a outras necessidades imediatas e urgentes.

É expectável uma maior regulação e alterações na fiscalidade com a expansão da utilização dos robôs?

À medida que as empresas transformam e evoluem os seus processos de trabalho e ambientes para incluir a robótica, será necessário considerar o papel que os podem desempenhar e, inevitavelmente, a massificação da utilização dos mesmos conduzirá a transformações maiores. Encontrar a forma ideal de introduzir robôs no nosso dia a dia tem, no entanto, os seus desafios, no que se refere à gestão do talento, às questões das interações homem-computador e ao facto de atualmente o “tubo de ensaio” ser bem maior e menos controlado.

Será, por isso, igualmente importante abordar, de forma proativa, possíveis preocupações com segurança, proteção e privacidade, procurando superar as barreiras naturais à adoção de robôs em grande escala.

Para garantir o sucesso das inovações em robótica, as empresas precisam de interagir com um conjunto maior de stakeholders. Será necessário, cada vez mais, envolver os reguladores governamentais para criar políticas para dispositivos autónomos em novos ambientes e identificar parceiros para moldar agendas estratégicas, como a European RoboLaw, que visa apoiar a segurança do trabalhador enquanto permite que as empresas aumentem a produtividade por via da robótica.

A revolução robótica e a entrada do 5G que impacto é que podem ter nos modelos de negócio?

Os avanços ao nível dos sensores, o reconhecimento de fala e a visão computorizada, combinados com a redução dos custos de hardware tornam a robótica mais acessível às empresas em todas as indústrias, e a implementação das redes 5G vem desbloquear novas oportunidades fora de ambientes controlados. As capacidades de automação são estendidas para lá das fronteiras dos ambientes tradicionais através da adoção generalizada de mais equipamentos conectados e com maior complexidade, maior velocidade e menor latência.

Estamos perante uma nova era da automação, na qual os robôs conseguem lidar com maior variabilidade, o que lhes permite realizar tarefas em ambientes menos estruturados, com maior eficiência, misturando-se de forma fluida com pessoas e assumindo um conjunto mais vasto de tarefas. Isto terá inevitavelmente impacto no desenho dos processos de trabalho e afetará a forma como humanos e robôs interagem e, até colaboram, abrindo opções totalmente novas para a transformação forma como os negócios operam e as pessoas trabalham.

 

“Os benefícios e avanços da robótica estão a chegar a todos os setores.”

 

“Encontrar a forma ideal de introduzir robôs no nosso dia a dia tem desafios no que se refere à gestão de talento.”