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A globalização dos vírus e microrganismos

Hoje mais de 2 mil milhões de pessoas viajam pelo mundo, graças à globalização, que facilita mesma medida uma maior deslocação de micro organismos entre países e aumenta os riscos de pandemias e epidemias que custam todos os anos 60 mil milhões de euros.

30 de Agosto de 2016 às 11:23
Josephus Olu-Mammah/Reuters
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A globalização facilita as deslocações por todo o mundo. Hoje os números apontam para mais de 2 mil milhões de passageiros de avião, quando os anos 50 não chegavam aos 68 milhões. Em 2050 haverá 9.700 milhões de pessoas e 70% das quais viverão em meios urbanos. A mobilidade e a urbanização facilitam a deslocação de micro organismos entre países e a sua interacção, aumentando os riscos de epidemias e pandemias.

Recentemente no El País escrevia-se "bactérias e vírus à espera, inertes, a sua hora de devastar a vida de centenas de milhares de pessoas e a economia do planeta. O HIV já matou mais de 30 milhões de pessoas. Enquanto isso, o ébola, durante anos relegado para o cinema apocalíptico, acordou no final de 2013, no rescaldo da guerra civil e da miséria da Guiné, Serra Leoa e Libéria. Sem tratamento eficaz, o filovírus causou 11.310 mortes e uma perda de 2.500 milhões de euros nestes três países.

Este dinheiro representa quase um terço dos 7.000 milhões de euros, que, de acordo com o Banco Mundial, custou a luta global contra a doença" escrevia-se no artigo no jornal El País, "Qué coste económico tendría una pandemia mundial?". A Organización Mundial de Saúde (OMS) calcula que uma pandemia entre moderada e grave a nível global custaria 570 mil milhões de dólares.

A melhor forma de se enfrentar as pandemias é através de uma estratégia global, assente em pressupostos de solidariedade e de políticas comuns. Por isso, a Organização Mundial de Saúde lançou um fundo de emergência de 500 milhões de dólares para resposta rápida a situações que se possam converter em pandemias.

Há especialistas que mostram preocupação pela gripe, nomeadamente a sua variante das aves, por que se expande com facilidade, pode provocar muitas vítimas e as vacinas estão ainda em desenvolvimento. Como refere o El País "a gripe, no caso de aflorar com virulência, custaria, de acordo com a Universidad del Sur de California (USC), o equivalente ao PIB do Estados Unidos, 34.400 milhões de dólares. Mas se a população não estiver vacinada, atingiria os 45.300 milhões". Mas há mais ameaças silenciosas.

Um estudo de 2016 financiado pela Wellcome Trust mostra que se não se tomarem medidas contra a resistência antimicrobiana em 2050 haverá perdas de 10 milhões de vidas ao ano e cerca de 100 mil milhões de dólares em produtividade. Mais mortes do que provocam todas juntas doenças como o cancro, a diabetes, a sida, as infecções diarreicas e os acidentes de viação.

Empresas globais contra as pandemias

As pandemias constituem um desafio enorme para as sociedades e são para a investigação e desenvolvimento, indústria farmacêutica, tecnologias e inovação, sistemas de Saúde.

Em Janeiro deste ano um relatório da Commission on Creating a Global Health Risk Framework for the Future (GHRF) estimava que as epidemias e as pandemias globais tinham um custo anual de 60 mil milhões de dólares. Muitos destes custos têm impacto directo nas empresas e nos negócios como por exemplo no aumento das apólices de seguros e as consequências negativas no comércio, no turismo e nas viagens.

Em 2003, a pandemia de Síndrome respiratória aguda grave (SARS) reduziu em 2% o PIB de Ásia Oriental no segundo trimestre de 2003, tendo atingido 37 países e morto 774 pessoas. Apesar de tudo está-se longe das consequências da pandemia de gripe espanhola em 1918 em que morreram 100 milhões de pessoas, equivalente a 5% da população. Um evento desta magnitude hoje atingiria cerca de 360 milhões de pessoas e geraria perdas económicas da ordem dos 3 biliões de dólares, ou seja, 5% do PIB mundial.

Esta Commission on Creating a Global Health Risk Framework for the Future (GHRF) tem por objectivo atrair dinheiro das empresas e dos negócios para em aliança com os governos, a filantropia e a sociedade civil se responda com eficácia às ameaças epidémica e pandémicas globais. Esta Comissão tem o apoio da Paul G. Allen Family Foundation, Ford Foundation, Bill & Melinda Gates Foundation, Ming Wai Lau, Gordon and Betty Moore Foundation, Rockefeller Foundation, United States Agency for International Development e Wellcome Trust. O seu relatório refere que com um contributo de 4,5 mil milhões se poderia uma melhor assistência médica e sanitária em tudo mundo diminuindo o risco das pandemias.

As epidemias possíveis O Global Outbreak Alert and Response Network (GOARN) da Organização Mundial de Saúde é um dispositivo técnico e de colaboração entre instituições e redes para identificação e confirmação rápidas de epidemias de dimensão internacional e para gerar respostas rápidas que abrange doenças como chikungunya, cólera, dengue, doença provocado pelo vírus Ebola, febre amarela, febre de Lassa, febre do Vale do Rift, febre hemorrágica de Crimeia-Congo, febre hemorrágica de Marburgo, febre tifóide, gripe, gripe das aves, entre outras.