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"O modelo chinês serviu e foi extraordinário para tirar da miséria milhões de pessoas, mas é o grande fator das pandemias pelo seu modelo de desenvolvimento. Vamos continuar a ter estas e muitas outras pandemias, o que tem muito a ver com a destruição dos equilíbrios ecológicos, as alterações climáticas, a mudança rápida, o efeito brutal de grandes obras como barragens, etc. As doenças de animais que passam para os humanos são responsáveis por mais de 35% das infeções", alertou Henrique de Barros, epidemiologista da Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto.
Este especialista adiantou que "se quisermos viver numa sociedade um pouco mais equilibrada tem de se combater este modelo de desenvolvimento porque senão vamos sempre viver numa extraordinária tensão entre o desenvolvimento económico e a saúde e, nestas circunstâncias, são os mais vulneráveis a pagar a fatura".
Henrique de Barros alertou para o facto de se pensar que "a solução para este problema é o tempo até à vacina, até porque pode não haver vacina. Temos a ideia de que, com as nossas armas tecnológicas e o nosso conhecimento científico, seria fácil produzir vacinas, que funcionaram muito bem para um conjunto limitado de infeções. O que sabemos sobre este tipo de agentes não é nada agradável para imaginar uma resposta vacinal eficaz e verdadeiramente capaz. Não será de uma única vez mas, como acontece com a gripe, com uma vacinação anual".
Criticou o modelo de negócio da procura da vacina. "Uma sociedade que nos últimos anos defendia e incentivava a inovação está correr atrás das vacinas esquecendo a inovação e sobretudo preocupada com a produção. Mais do que ir atrás de ideias novas, de investir este dinheiro todo em gente que seja capaz de pensar fora da caixa, está a procurar-se as empresas que são capazes de produzir milhões de doses", acentuou Henrique de Barros.
Ideias novas
O plano de avaliação da vacina da Astrazeneca parte do pressuposto de que a vacina entra a funcionar se tiver uma eficácia de 50%, considera-se que funciona muito bem se for capaz de prevenir uma em cada duas infeções. "Isto deixa milhões de pessoas suscetíveis. A vacina está muito longe de ser, antes pudesse ser, uma espécie de graal, de bala mágica que resolve isto", advertiu Henrique de Barros.
Esta crítica estende-se aos tratamentos. Continua-se a investir, "porque demora a travar estes processos, que são lentos na sua capacidade de resposta. O remdesivir é um medicamento mau, em circunstâncias normais seria um medicamento que não seria usado porque o que ele traz é absolutamente marginal, se é que traz alguma coisa. Estamos a repetir um pouco a mesma forma de agir com o que fizemos com o oseltamivir, com a pandemia de gripe das aves".
A aposta de Henrique de Barros na melhor solução recairia na melhoria da performance dos testes "e testar de facto muitíssimo. A falta de precisão dos testes, que é relevante, diminui muito se testarmos muito. Se fizer um teste negativo, seguinte negativo e outro negativo não deverá ser um falso negativo, portanto, não estou infetado nem estive em contacto com alguém. A capacidade de testar é muito importante mas temos de pensar que vai ser preciso negociar os preços, porque quando dizemos que um teste custa 7 ou 8 dólares, é o preço do teste, não é o preço da realização do teste. Como sociedade temos de nos preparar para um forte investimento para financiar esta política de testes"
Como referiu José Azevedo Rodrigues, vice-reitor do ISCTE, "não podemos fechar nem confinar, porque seria o fim da nossa economia e das nossas finanças, a saúde está em primeiro lugar mas temos de sustentar a nossa economia para que haja equilíbrio social para o equilíbrio da própria saúde pública".
Este especialista adiantou que "se quisermos viver numa sociedade um pouco mais equilibrada tem de se combater este modelo de desenvolvimento porque senão vamos sempre viver numa extraordinária tensão entre o desenvolvimento económico e a saúde e, nestas circunstâncias, são os mais vulneráveis a pagar a fatura".
Henrique de Barros alertou para o facto de se pensar que "a solução para este problema é o tempo até à vacina, até porque pode não haver vacina. Temos a ideia de que, com as nossas armas tecnológicas e o nosso conhecimento científico, seria fácil produzir vacinas, que funcionaram muito bem para um conjunto limitado de infeções. O que sabemos sobre este tipo de agentes não é nada agradável para imaginar uma resposta vacinal eficaz e verdadeiramente capaz. Não será de uma única vez mas, como acontece com a gripe, com uma vacinação anual".
Criticou o modelo de negócio da procura da vacina. "Uma sociedade que nos últimos anos defendia e incentivava a inovação está correr atrás das vacinas esquecendo a inovação e sobretudo preocupada com a produção. Mais do que ir atrás de ideias novas, de investir este dinheiro todo em gente que seja capaz de pensar fora da caixa, está a procurar-se as empresas que são capazes de produzir milhões de doses", acentuou Henrique de Barros.
Ideias novas
O plano de avaliação da vacina da Astrazeneca parte do pressuposto de que a vacina entra a funcionar se tiver uma eficácia de 50%, considera-se que funciona muito bem se for capaz de prevenir uma em cada duas infeções. "Isto deixa milhões de pessoas suscetíveis. A vacina está muito longe de ser, antes pudesse ser, uma espécie de graal, de bala mágica que resolve isto", advertiu Henrique de Barros.
Esta crítica estende-se aos tratamentos. Continua-se a investir, "porque demora a travar estes processos, que são lentos na sua capacidade de resposta. O remdesivir é um medicamento mau, em circunstâncias normais seria um medicamento que não seria usado porque o que ele traz é absolutamente marginal, se é que traz alguma coisa. Estamos a repetir um pouco a mesma forma de agir com o que fizemos com o oseltamivir, com a pandemia de gripe das aves".
A aposta de Henrique de Barros na melhor solução recairia na melhoria da performance dos testes "e testar de facto muitíssimo. A falta de precisão dos testes, que é relevante, diminui muito se testarmos muito. Se fizer um teste negativo, seguinte negativo e outro negativo não deverá ser um falso negativo, portanto, não estou infetado nem estive em contacto com alguém. A capacidade de testar é muito importante mas temos de pensar que vai ser preciso negociar os preços, porque quando dizemos que um teste custa 7 ou 8 dólares, é o preço do teste, não é o preço da realização do teste. Como sociedade temos de nos preparar para um forte investimento para financiar esta política de testes"
Como referiu José Azevedo Rodrigues, vice-reitor do ISCTE, "não podemos fechar nem confinar, porque seria o fim da nossa economia e das nossas finanças, a saúde está em primeiro lugar mas temos de sustentar a nossa economia para que haja equilíbrio social para o equilíbrio da própria saúde pública".