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"A taxa de emprego é de 3,2%, e temos um problema associado a isso que se chama demografia, ou seja, há falta de pessoas para trabalhar, tanto indiferenciados como qualificados, que é um problema transversal ao país", referiu Raul Castro, presidente da Câmara Municipal de Leiria. Acrescentou que "Hoje não há capacidade, em termos de recursos humanos, para substituir as pessoas que se reformam, para as empresas ampliarem as suas atividades e as novas empresas têm alguma dificuldade em garantir todos os recursos humanos necessários à sua atividade. Este é o problema número um da nossa região, mas sei que é transversal ao país".
Pedro Machado, presidente da Direção-geral Turismo Centro, deu o exemplo do turismo que está a crescer a um ritmo de 15% ao ano, em que a falta de recursos humanos coloca problemas no que diz respeito ao serviço. "Até agora discutíamos a qualidade, agora é o número de pessoas. É um problema crítico que temos na Região Centro e que temos no país", concluiu Pedro Machado.
Este inverno demográfico, implica, segundo um estudo da Universidade de Aveiro citado por Luís Febra, presidente da Socem, "a entrada de novos imigrantes, que terá que necessariamente rondar os 60 mil por ano". Na sua opinião, é preciso que haja "uma política concertada das entidades competentes para qualificar os novos imigrantes que vêm para Portugal, não haver políticas avulsas. É importante ir aos países de origem e atrair qualidade, se isso não for feito, a médio longo prazo, teremos necessariamente problemas nas nossas empresas".
Solução procura-se
Há muitas empresas que estão a fazer este caminho sozinhas, tentando resolver o problema. "Temos na direção do NERLEI uma empresa da Marinha Grande que tem 140 trabalhadores, tem 40 indianos, fruto do trabalho daquela empresa", exemplificou António Poças, presidente do NERLEI.
Mas o esforço de uma empresa não chega, e, por outro lado, as empresas têm solicitado apoio à Câmara Municipal de Leiria para tentar ajudar a mitigar esse problema. Como disse Raul Castro, "sugerimos que fosse criada uma comissão pro bono, que teria de ter um representante do ministério dos Negócios Estrangeiros, para a credibilizar junto das embaixadas, com quem estamos em contacto, um representante do Ministério da Administração Interna para as questões do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, representante do Ministério da Educação, para as questões da educação para as famílias que venham, Ministério da Saúde, e haverá uma componente da segurança para que as pessoas que venham sejam solução em vez de trazer novos problemas".
Por sua vez, Pedro Castro e Almeida, presidente executivo do Santander, alertou para outro desafio adicional à dificuldade em arranjar mão-de-obra que é a formação e a qualificação das pessoas. "Estamos num mundo em grande transformação digital, o grande desafio não é mudar completamente os quadros das empresas e arranjar pessoas das novas tecnologias, é muito mais de capacitar e dar formação para acompanhar estes tempos de mudança, e é um desafio a que o Santander também tem de responder", concluiu.