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Na situação crítica desencadeada pela epidemia de covid-19, "tendo em conta o fator crítico da eletricidade, as prioridades foram salvaguardar as equipas para que pudessem prestar este serviço essencial, garantir a energia e ter a noção clara da nossa responsabilidade nestes momentos", referiu António Mexia, presidente da EDP, durante a webconferência Liderança à Prova, uma iniciativa do Jornal de Negócio com o apoio da GoContact.
O processo começou pela massificação do teletrabalho para segurança das pessoas, o que atingiu 76% das pessoas da EDP. O segundo aspeto foi assegurar que não haveria cortes de abastecimento de energia. A relação com as comunidades implicou doações de equipamentos e garantir que toda a cadeia de valor, clientes, fornecedores, parceiros, continua a funcionar para o momento de arranque.
Ataque cibernético
A EDP opera em 16 países e a política de gestão de risco, de estratégia de investimento e política de financiamento assenta no pré-financiamento, o que assegura liquidez "com 18 a 24 meses de avanço. "Nunca ninguém está preparado para este acontecimento, mas estávamos preparados em termos de financiamento, e portanto tínhamos a preocupação da liquidez coberta".
A EDP foi alvo de ataques cibernéticos com pedidos de resgate em Portugal e no Brasil e, segundo António Mexia, "a questão essencial era proteger os sistemas com a função crítica de fornecimento da energia e este foi totalmente garantido e protegido nas várias geografias". Os dados dos clientes também foram protegidos, o que "afeta mais a função corporativa é menos crítico". "O fundamental foi isolar o problema para que ele não atacasse o coração da nossa função", sublinhou.
"Os amigos testam-se no mau tempo, e acredito que com as lideranças e as organizações é a mesma coisa", referiu Pedro Castro e Almeida, CEO do Santander Portugal. Houve três grandes preocupações: proteger os colaboradores, "o nosso melhor ativo". Os quase 2.200 dos serviços centrais passaram para teletrabalho e os 4 mil comerciais garantem os balcões abertos com 50% das pessoas em teletrabalho e em rotatividade.
Bancários na linha da frente
"Para quem está na linha da frente criámos todas as condições de segurança para que pudessem continuar a receber os nossos clientes", explicou Pedro Castro e Almeida, acrescentando que, apesar disso, o banco já conta com colaboradores infetados com covid-19. Não fizeram lay-offs e mantiveram contratos a estagiários e com contrato a prazo. Passaram também a pagar a pronto pagamento aos cerca de 5 mil fornecedores.
A preocupação do Santander Portugal foi apoiar os clientes tendo em duas semanas contactado os 150 mil clientes do segmento empresas e pequenos negócios, para saber das suas necessidades, em que se aperceberam do "desespero de algumas pequenas empresas".
Ainda antes da moratória oficial já o Santander tinha proposto aos seus clientes uma moratória alargada em que se incluía o crédito à habitação, próprio e permanente, mas também as segundas habitações e o crédito pessoal. A possibilidade de moratória para todos os créditos também se estendeu às empresas e mantiveram-se, nas mesmas condições, todas as linhas de crédito previamente aprovadas e não utilizadas pelos clientes, e que atingem os 4 mil milhões de euros.
As linhas protocoladas com garantias de Estado têm sido uma prioridade. "Estamos aprovar os créditos em um, dois dias, mas infelizmente é um processo mais burocrático do que o desejável". A realidade é que se as linhas não estão operacionais, os bancos não conseguem fazer chegar o dinheiro às empresas. "O processo de aprovação destas linhas em Bruxelas e as condicionantes que tem colocado não vão ao encontro do sentido de urgência que é necessário". O montante das linhas disponibilizadas por esta crise de emergência sanitária é o dobro dos últimos dez anos em linhas protocoladas.