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A nova directiva de pagamentos, a PSD 2, vai provocar uma revolução no negócio bancário. "O impacto desta directiva poderá ser tão ou mais profunda com o que aconteceu em exemplos passados nas indústrias de Hotelaria (AirBnB, TripAdvisor, Booking), Transportes (eDreams, Skyscanner, Low Costs) ou Transportes (Uber)", refere Nuno Fernandes (na foto), "dean" da Católica Lisbon School of Business & Economics. Pode fazer desaparecer 25% a 40% do produto bancário líquido dos bancos, segundo uma projecção da Roland Berger.
"É ainda difícil prever, nesta altura, o que tudo isto vai significar para o negócio da banca, e quem serão os vencedores na corrida. Mas parece claro que os bancos tradicionais têm de reagir e reinventar-se para poder sobreviver", analisa Nuno Fernandes. Adianta que nem todos irão sobreviver, "apenas os mais ágeis, e capazes de se adaptarem, com comportamentos adequados, farão parte do futuro financeiro".
Ceder a bem ou a mal
Para o antigo professor de finanças do IMD, o actual sistema financeiro tem de mudar e de implementar "com o apoio da gestão de topo, uma cultura de curiosidade, de inovação e foco no cliente, que, por sua vez, tem consequências visíveis em mudanças de processos, incentivos, e forma de colaborar".
A directiva define que os clientes podem autorizar entidades terceiras a efectuar pagamentos, o que implica que os bancos cedam os dados dos clientes às fintech. Todos os bancos serão obrigados a ter Open API (protocolos abertos de troca de informação). "Isto abre espaço a que novos 'players' possam construir o seu negócio sobre as infraestruturas dos bancos incumbentes que, com a entrada da directiva, estarão abertas e uniformizadas", refere João Freire de Andrade.
"O cliente poderá muito facilmente aceder às suas contas através do Google e até comparar a oferta de produtos bancários. Até, quem sabe, utilizar o Whatsapp ou o Facebook para transferir dinheiro. Ainda poderemos ver a Amazon ou a Apple a disponibilizar meios de financiamento imediato para a compra de artigos", concluiu o presidente da Portugal Fintech.
"Não há aqui margem para dúvidas, se os bancos não cederem os dados 'a bem' vão ter que dar 'a mal', ou seja se não cumprirem os requisitos vão ser obrigados a permitir o acesso ao seu 'homebanking'", sublinha Nuno Fernandes.
"Os consumidores ficam, desta forma, colocados numa posição melhor, uma vez que beneficiarão do aumento da concorrência, serviços inovadores e mais especializados", salienta Nuno Fernandes.