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A poupança faz-se antes do consumo

Recomenda-se que 20% do rendimento mensal sejam reservados para poupança e investidos corretamente com objetivos de longo prazo.

11 de Novembro de 2024 às 17:30
Fernando Costa
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A importância de a poupança ser planeada foi realçada por Miguel Ferreira, professor de Finanças da Nova SBE. Aconselhou que a poupança não seja feita com o que resta no fim do mês, após o consumo. "A poupança deve ser feita no início do mês, alocando-se uma determinada percentagem do rendimento, sendo normalmente recomendados 20%, se possível, para poupança, que deve ser corretamente investida conforme os objetivos, que normalmente, são de longo prazo", afirmou Miguel Ferreira, na mesa-redonda sobre o Impacto da Poupança e Investimento, da 13ª edição da Grande Conferência O Futuro dos Mercados Financeiros, organizada pelo Negócios e o Banco Carregosa, com o apoio do ISCTE Business School. Referiu ainda que a geração mais jovem, até aos 35 anos, regista indicadores acima da média europeia em termos de frequência do ensino superior. "O que representa uma mudança muito significativa. Esta geração tem níveis de qualificação muito superiores, incluindo ao nível da literacia financeira. Penso que há competências e conhecimentos financeiros maiores, fundamentais para tomar decisões bem informadas e corretas em termos de poupança, investimento e da importância de a poupança ser planeada", considerou Miguel Ferreira.

As novas gerações também foram destacadas por João Queiroz, head of Trading do Banco Carregosa, devido às alterações no comportamento. Em termos de carreiras profissionais, há uma maior mobilidade, com as pessoas a saltarem mais vezes de carreira e de entidade patronal, por isso, "têm de ter um porto seguro que não será apenas a casa dos seus pais ou a casa onde habitam com os seus parceiros e parceiras, mas também uma estabilidade financeira. Esta estabilidade divide-se em investimentos em ativos como o imobiliário, a dívida de curto prazo e, a longo prazo, em ações, fundos e ETFs". Estas carteiras "não estão apenas focadas na proteção de capital e no depósito bancário tradicional", afirmou João Queiroz.

Investimento não é aposta

Sofia de Sousa Vale, professora no ISCTE Business School, salientou um estudo do FMI que analisa por que razão três economias da zona euro - Portugal, Chipre e a Grécia - têm níveis de poupança tão baixos. A resposta passa pelo nível de rendimento, mas com variações relacionadas com a idade, a educação e a formação.

"Há uma grande correlação entre a apetência por poupar, a capacidade de poupar e até a literacia financeira", afirmou Sofia de Sousa Vale. Acrescentou que, embora se considere que os jovens têm mais apetência para poupar devido ao seu maior nível de literacia, "esperemos que os seus rendimentos possam ser maiores. No entanto, não tem sido esse o percurso, e isso pode explicar a continuidade da nossa poupança baixa".