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“A inovação tem riscos, custos, é incerta, exige capacidades e múltiplas competências, não tem efeitos no curto prazo, por isso, as empresas que investem na inovação têm mais risco, dizem mesmo os bancos. Mas para uma empresa que está no mercado internacional, é impossível manter o crescimento, as margens, a rentabilidade e a competitividade sem uma função de inovação capaz, competente e com uma visão de longo prazo”, afirmou Jorge Portugal, diretor-geral da COTEC Portugal, durante a II Conferência Millennium Talks COTEC Innovation Summit, que se realizou no Europarque em Santa Maria da Feira. Enfatizou que “não é uma opinião, mas uma evidência”, pois, não é possível crescer em mercados internacionais “sem apostar na inovação para reduzir o risco e manter a sua relevância nos seus clientes”.
Miguel Maya sublinhou que, em 2023, Portugal foi considerado o 30.º país mais inovador, e o 19.º país na Europa, segundo o Global Innovation Index. Citou ainda dados do Pordata que mostram que a despesa em I&D feita pelas empresas em Portugal cresceu 19% em 2023, mas representa apenas 1,06% do PIB, quando o valor médio de investimento em I&D na União Europeia foi de 1,46%. Acentuou ainda que “só com a inovação conseguiremos alterar a trajetória do país e atingir novos patamares de prosperidade. Empresas eficientes e rentáveis são a chave da solução para criar mais postos de trabalho qualificados e bem remunerados”.
O valor dos intangíveis
“A inovação é o único fator que potencia e capacita as empresas num processo de internacionalização, e que evita a erosão do ciclo de vida da oferta, da concorrência, os estilos e os sabores da regulação local”, afirmou António Rios de Amorim, presidente da COTEC Portugal. Este gestor, que fez a transformação da Corticeira Amorim de uma empresa tradicional numa empresa moderna com I&D, patentes e mercado, aconselhou as empresas a que “o foco tem de ser a inovação, o único tónico que permite manter a audácia de continuar a crescer e manter os pés bem assentes na terra. Isto significa a lucidez de dirigir o investimento para alargar as opções do negócio mesmo quando poderá haver a tentação de fazer o contrário em tempos de incerteza e de escassez”.
“A inovação é um tema crucial e chave”, afirmou Pedro Reis, ministro da Economia, que elencou alguns dos temas que serão tratados nos próximos meses. Entre eles estão estimular os modelos de patent box que incentivam os benefícios das inovações desenvolvidas em ambiente empresarial, o estímulo aos doutorados nas PME, o desenvolvimento das test-beds digitais com cerca de 3.500 produtos até 2025, DPP (digital product passport), que é uma certificação das PME e que permite avanços nos mercados externos.
Jorge Portugal olha “para a inovação como uma máquina de criação de valor, que tem inputs, ativos tangíveis, e recursos intangíveis, externos, um sistema de criação de valor de elevado desempenho”. Mas alertou que “o fundamental numa empresa inovadora é o intangível, o dark matter, aquilo que não se vê, e que muitas empresas não têm mapeado dentro da sua organização. São os intangíveis críticos que estão na base da inovação futura das empresas.”
A cultura da inovação
“A cultura inovadora não se cria de um dia para o outro, nem se liga ou desliga conforme o momento. Tem que ver com a visão de longo prazo das empresas, nas apostas que faz, nos vários fatores de competitividade”, afirmou Jorge Portugal. Por sua vez António Rios de Amorim, considera que “viver numa cultura de inovação significa que tudo o que fazemos no dia de hoje tem de antecipar o dia de amanhã”.
Pedro Reis afirmou que tem a ”cabeça no crescimento da economia portuguesa, mas terei sempre o coração junto das PME e das exportadoras”. Nas políticas públicas para as empresas promete foco na execução e um reformismo responsável, que implica políticas que levem ao aumento da produtividade e da competitividade. Mas não deixou se assinalar que “os tempos são de execução e exigem que não tomemos uma prioridade única. Tem de ser em simultâneo, com velocidade e com sentido de urgência e como um ecossistema global”.
Marjut Falksted, diretora executiva do Fundo Europeu de Investimento (FEI), explicou que este fundo é subsidiário do BEI e o foco-chave é facilitar o financiamento às PME europeias e têm vários instrumentos diferentes como equity finance, venture capital, financiamento com garantias dos bancos ou instituições.
“Estes instrumentos são desenhados, a inovação é uma das áreas-chave para fazer as mudanças da economia e da sociedade”, afirmou Marjut Falksted.
Incluem-se nas prioridades o ambiente, a sustentabilidade, as alterações climáticas, mas também a saúde, a inclusão social e a competitividade económica.