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A inovação a partir do consumidor

A inovação é possível em toda a cadeia de valor, desde a produção à distribuição e ao consumidor. "Tem de se inovar a partir do consumidor, de perceber o que o consumidor quer comprar e pagar", resume João Lima.

06 de Novembro de 2018 às 14:45
A Agromais, em que Jorge Neves é director-geral, está a fazer, com o INIAV, a valorização de recursos genéticos agrícolas. Inês Gomes Lourenço
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"Quando olhamos para o futuro e para os grandes desafios que o sector tem, como as alterações climáticas, as pragas e doenças, a eficiência produtiva, a água e outros factores de produção, a inovação e a investigação têm um papel fundamental", disse João Lima, administrador do INIAV.

A inovação é possível em toda a cadeia de valor, desde a produção à distribuição e ao consumidor. Se historicamente a produção partia do supply driven, produzia-se o que e queria e vendia-se no mercado, hoje há uma grande pressão para fazer o que mercado necessita e deseja.

"Há uma grande necessidade de inovar a partir do consumidor, de perceber que este quer e tem interesse em comprar e pagar", resume João Lima, que adianta que "a inovação tem de ser em toda a cadeia de valor e não pode haver silos, como a produção, a transformação ou a distribuição, mas haver uma visão integrada de todo o sistema de inovação do sector para poder aportar o máximo a quem produz".

Novas culturas

Quando se fala das alterações climáticas não se está a referir a uma hipótese mas a apontar para uma realidade que existe, e em que a inovação tem o seu papel na utilização de novos recursos, novas culturas. Tem de se aumentar a eficiência produtiva, reduzir e ser mais eficiente na utilização dos recursos como a água ou o solo. "Tem-se inovado e tem de se continuar para acrescentar valor", salientou João Lima.

Mas há também inovação na introdução de novas culturas. Portugal é um país pequeno quando se compara com outros gigantes da produção agrícola e da agro-indústria. Mas tem características que lhe dão um potencial tanto produtivo como na qualidade dos produtos. "Vamos buscar as culturas e variedades nacionais, para as melhorar e serem factores diferenciadores no mercado", revela João Lima. Com a Agromais tem uma parceria para explorar os recursos genéticos naturais no sentido de os valorizar.

O administrador do INIAV referiu-se ainda à intensificação agrícola de uma forma sustentável. "Como é que se consegue crescer, produzir mais com menos, e cuidando do que é o nosso património biológico, genético e a biodiversidade? A eficiência produtiva, muitas vezes, tem sido amiga do ambiente e da biodiversidade pela capacidade que tem de reduzir a utilização de recursos e de ter preocupações de carácter ambiental", concluiu João Lima.


Excelência agro num centro à espera de financiamento

A Comunidade Intermunicipal da Lezíria do Tejo definiu o sector agro-industrial como estruturante da região.

A Comunidade Intermunicipal da Lezíria do Tejo definiu o sector agro-industrial como estruturante da região e a necessidade de ter um projecto de investigação e inovação de apoio às empresas.

Em 18 de dezembro de 2014 oito instituições assinaram um protocolo de cooperação para a criação do Centro de Excelência para a Agricultura e a Agro-indústrias. Será um pólo tecnológico e empresarial na antiga Estação Zootécnica Nacional, no Vale de Santarém, que tem um histórico de investigação ligado à produção animal e conta com laboratórios e recursos humanos.

"Estamos num longo processo de negociação do financiamento desta estrutura porque implica investir em equipamentos, recuperação da infra-estrutura e estamos a preparar a candidatura para financiamentos comunitários, com o apoio da Câmara Municipal de Santarém", salientou João Lima. "Espero que em 2019 se iniciem os procedimentos administrativos que tornem o projecto uma realidade no programa de investimentos 2030", assegurou.

O administrador do INIAV, diz que um dos objectivos deste instituto é criar ecossistemas de inovação no território com recursos humanos qualificados na investigação e inovação, ligação às empresas e aos actores locais como as autarquias, e com financiamento.

INIAV mais aberto

Esta atitude de adequar "a nossa capacidade de I&D às necessidades das empresas e dos agricultores" rompe com o passado do INIAV, refere João Lima. Este instituto está disseminado pelo país e faz investigação agrícola, florestal e veterinária. Pretende funcionar como uma estrutura de I&D das empresas agrícolas, porque este "implica um investimento elevado tanto em activos fixos, como em recursos humanos qualificados", assinala João Lima. O INIAV em Santarém tem uma estrutura para colocar a inovação ao serviço do crescimento das empresas.

"São três pilares fundamentais para criar estes ecossistemas no território que possam atrair investimento, pessoas que se queiram fixar e, como os projectos de investigação estão ligados às empresas, possam aportar valor", concluiu João Lima.