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"Investe-se 98% no combate à doença, mas nem todas as doenças resultam dos mecanismos fisiológicos, mas dos estilos de vida, dos comportamentos, que são em grande parte individuais", referiu Martin Ingvar, professor no Karolinska Instituteth e board member do ICHOM - International Consortium for Health Outcomes Measurement, que esteve presente na 3ª conferência Investir em Sáude.
O investimento que se faz na prevenção e na promoção da saúde "é como construir uma colher para retirar água das quedas do Niágara. Tem de se colocar dinheiro na prevenção e na promoção da saúde, pois de 45% das doenças podem ser prevenidas".
"O sistema na idade pós-industrial mudou, existem doenças crónicas e, a partir dos 50 anos, o número de pacientes com várias doenças crónicas começa a aumentar, gera-se como que uma fragmentação das doenças mas o doente é o mesmo". Por isso, "é necessário um novo processo para melhorar as respostas do sistema de saúde".
Standards-sets
Os standards-sets do ICHOM pretendem captar as diferentes dimensões dos cuidados de saúde como a experiência do paciente, os estados da arte nos cuidados de saúde, a qualidade de vida, o status funcional e sobretudo garantem a comparabilidade internacional. O ICHOM publicou standard sets para mais de 55% de doenças.
"O modelo actual deixa pouco espaço para a voz do paciente, enquanto o modelo dos cuidados de saúde baseados em valor fornecem ao sistema a importante voz do paciente", salientou Martin Ingvar, e que se consubstanciam nas PROM-Patient Reported Outcomes Measures.
A base do modelo são os dados, que os sistemas de saúde detêm e podem passar a produzir. O que aliado à interoperabilidade pode ser gerador de mudança. Mas implica investimento.
Martin Ingvar referiu-se a projecto relacionado com a insuficiência cardíaca, que envolveu o Stockholm County e o Karolinska Institutet, e implicou um investimento de dois milhões de dólares e um ganho em quatro anos de 23 milhões de dólares. Em termos de resultados, as readmissões entre 2012 e 2017 baixaram 13% e a adesão aos tratamentos subiram de 37% para 60%. "Isto baseou-se nos princípios de semântica, interoperabilidade, partilha de conhecimento e informação centrada no doente", afirmou Martin Ingvar.