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A floresta de produção é estratégica para a descarbonização

O ministro da Economia, Pedro Siza Vieira, sublinhou a importância da inovação e do conhecimento para o crescimento do país.

09 de Julho de 2021 às 13:49
David Santos
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"Inovação e conhecimento serão nos próximos anos, como já foram nestes últimos, os motores principais de crescimento da nossa produtividade e da nossa economia, e isso é particularmente importante num setor tão crítico a todos os níveis no nosso país, como é o setor da floresta e todas as fileiras industriais que lhe estão associadas", disse Pedro Siza Vieira, ministro da Economia e da Transição Digital.

Portugal tem bem a consciência de que as alterações climáticas são uma ameaça que impacta diretamente sobre o território e a população, e por isso foi o primeiro país a comprometer-se a atingir a neutralidade carbónica em 2050, mas é um desafio que só pode ser ultrapassado à escala global.

"Temos de fazer a nossa parte, mas temos de o fazer de uma forma alinhada com toda a Humanidade e contribuindo para este objetivo, que tem de ser coletivo, de combate às alterações climáticas", prosseguiu Pedro Siza Vieira, adiantando que para se conciliar o objetivo de reduzir os gases com efeitos de estufa com o bem-estar das nossas populações, tem de houver uma aposta na ciência, na inovação e na tecnologia.

Sumidouro de carbono

Pedro Siza Vieira avisou que a redução do nível de emissões de gases com efeitos de estufa passa por grandes investimentos para descarbonizar o sistema de transportes, os processos industriais, a produção de energia elétrica, a poupança de energia nos edifícios e nas atividades. Mas, "para atingirmos a neutralidade carbónica em 2050, é preciso que a parte remanescente das emissões, que não somos capazes de reduzir, seja neutralizada com técnicas diversas de absorção, captura ou sumidouro de carbono, em que a floresta e os solos agrícolas têm uma função evidente".

Na sua opinião, é provavelmente o mais crítico dos desafios ambientais e tem de se apostar numa melhor gestão da floresta, no aumento da sua dimensão e da sua capacidade de absorção de carbono. Exige uma diversificação do tipo de floresta em que há lugar para a floresta de conservação, de maturação lenta, que atinge níveis de captura de carbono a muito longo prazo, mas também para a floresta de produção.

Segundo Pedro Siza Vieira, a floresta de produção tem um papel crítico e decisivo não só pelo papel económico, "com a matéria-prima que alimenta fileiras industriais muito significativas e contribui para um valor acrescentado nacional das exportações e para o nosso saldo comercial, mas tem um papel crítico do ponto de vista ambiental e da captura de carbono, são as espécies de crescimento mais rápido que mais depressa conseguem absorver carbono".

Sublinhou que "temos de assegurar que a nossa floresta de produção replica, alimenta e financia todas as melhores práticas de gestão florestal que nos permitem contribuir para este objetivo e assegurar que a ocupação do território pelas nossas espécies florestais se faz também de uma forma mais equilibrada, que aumente a resiliência do nosso território e a sua capacitação para enfrentar o risco de incêndio".

Conferência do Green Deal e as florestas  "O impacto do Green Deal nas florestas e empresas" foi o tema da conferência realizada a 25 junho de 2021 no Lisbon Secret Spot em Lisboa no âmbito da 3.ª edição do Prémio Floresta e Sustentabilidade, que tem por objetivo distinguir, premiar e dar visibilidade às boas práticas florestais, com foco na sustentabilidade. É uma iniciativa desenvolvida pela CELPA - Associação da Indústria Papeleira, em parceria com o Correio da Manhã e o Jornal de Negócios, que conta com o patrocínio do Ministério da Economia e da Transição Digital, e com o apoio da PwC. Abriram a conferência António Redondo, presidente da CELPA, Pedro Siza Vieira, ministro de Estado, da Economia e da Transição Digital, e Ana Cláudia Coelho, partner da PwC. No debate sobre "O impacto do Green Deal nas florestas e empresas", participaram Elvira Fortunato, cientista e professora catedrática na Nova FCT e vice-reitora da Universidade Nova de Lisboa, Humberto Rosa, diretor para o Capital Natural D-G Ambiente da Comissão Europeia, Jorge Moreira da Silva, diretor de Cooperação para Desenvolvimento, OCDE, Margarida Tomé, professora catedrática do Instituto Superior Agronomia, com moderação de Celso Filipe, diretor adjunto do Jornal de Negócios. Encerrou a conferência Francisco Gomes da Silva, diretor- geral da CELPA.