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A energia distribuída na Europa e em Portugal

“A procura solar está a caminho de crescer quase 50 por cento este ano”, disse Rob Barnett, senior analyst da Bloomberg Intelligence. Há uma tremenda oportunidade das últimas décadas, desde o surgimento da energia solar, tendo-se instalado um terawatt de energia solar, mas até 2030 vão ser instalados mais três terawatts.

20 de Dezembro de 2022 às 15:30

O debate “European Testimonials of Energy Communities and Collective Self-Consumption” contou com a participação de Nuno Brito Jorge, da Rescoop; Rob Barnett, da Bloomberg Intelligence e Manuel Casquiço, da ADENE.

O debate "Portuguese Testimonials of Energy Communities and Collective Self-Consumption" teve a participação de José Cardoso Botelho, da Vanguard Properties; Nuno Tavares, da Lactalis Nestlé Portugal; Francisco Sousa, do colégio "Os Maristas" e Isabel Miguens, da Santa Casa da Misericórdia de Cascais.

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"A REScoop é uma federação europeia de cooperativas de energia renovável, que representa mais de mil cooperativas que incluem ou envolvem ativamente no sistema energético 1,25 milhões de cidadãos em toda a Europa", afirmou Nuno Brito Jorge, administrador da REScoop, no evento We Share Energy. Revelou que um estudo recente da Friends of the Earth Europe, Greenpeace e a Universidade de Lund (Suécia) concluiu que existem cerca de 250 milhões de famílias na Europa que têm o potencial de gerar a sua própria eletricidade, o que significa cobrir mais de 54% das necessidades energéticas europeias.

"Em 2004, tínhamos uma participação de energias renováveis de cerca de 10% e o número dobrou, mas a produção de energia por descentralização é uma pequena parte do processo, que, em Portugal, é apenas dois por cento da energia renovável produzida por energia descentralizada", disse Manuel Casquiço, diretor de Programas e Iniciativas da ADENE. Por isso, as agências de energias estão a promover o envolvimento na promoção de comunidades de energia, com base num estudo feito sobre o papel das agências de energia na Europa.

"Globalmente, a procura solar está a caminho de crescer quase 50 por cento este ano", disse Rob Barnett, senior analyst da Bloomberg Intelligence. Recorda que grande parte da sua carreira acompanhou o negócio tradicional de energia e petróleo que ficava muito satisfeito com o crescimento de um por cento. "Quando se olha para esse tipo de taxa de crescimento, há uma tremenda oportunidade das últimas décadas, desde o surgimento da energia solar, tendo-se instalado um terawatt de energia solar, mas até 2030 vão ser instalados mais três terawatts, e neste esforço há uma grande oportunidade para as comunidades locais de energias renováveis", sublinha Rob Barnett.

Quatro casos portugueses

A Vanguard Properties associou-se com a Greenvolt Comunities para fazer da Comporta uma das principais comunidades energéticas da Europa com a implementação de painéis fotovoltaicos nas unidades residenciais, turísticas e comerciais, com o excedente a ser distribuído pela comunidade, com uma redução dos custos de energia em 40% e com uma autonomia energética de 80% e edifícios net zero, resumiu José Cardoso Botelho, CEO da Vanguard Properties, durante a sessão "Portuguese Testimonials of Energy Communities and Collective Self-Consumption".

Há vários desafios como os objetivos de descarbonização para 2050, a mitigação das alterações climáticos, os preços da energia, por isso é que a Longa Vida, produtora de iogurtes, se decidiu pela criação de uma comunidade de energia. Nuno Tavares, diretor-geral da Longa Vida, explicou que chegou à ideia da comunidade energética porque há ano e meio com a negociação dos preços da eletricidade começaram e pensar em soluções alternativas, a que se adicionava a pressão muito grande para reduzir as emissões de CO2.

"Não tenho muitos conhecimentos sobre energia em si, no entanto, sei um pouco mais sobre comunidades, sobretudo carentes, pois a nossa instituição trabalha diariamente com cerca de 50 mil pessoas, e tem perto de 500 trabalhadores, por isso produzir energia mais barata e partilhar faz parte de nós", disse Isabel Miguens, provedora da Santa Casa Misericórdia Cascais.

O Colégio Marista de Lisboa já tem painéis solares para o autoconsumo, mas decidiu criar uma comunidade de energia. Com 1.400 alunos, cozinha mil refeições por dia e tem piscina, a escola é um grande consumidor de energia e em termos de perfil de consumidor o autoconsumo foi a primeira solução, mas não permitia partilhar o excesso de produção no verão e no fim de semana. "A comunidade de energia pareceu-nos a melhor opção e uma solução ideal, até porque já somos uma comunidade educacional", contou Francisco Sousa, administrador do Externato Marista de Lisboa.