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A economia reagiu sem recessões severas e graves

A economia norte-americana beneficiou do comportamento do dólar, com o euro a perder quota de mercado relativamente ao dólar e a algumas moedas emergentes

Filipe S. Fernandes 01 de Março de 2024 às 16:30
João Queiroz, head of Trading do Banco Carregosa. David Cabral Santos
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As respostas e os desempenhos das economias ocidentais à contração da política monetária "foram notáveis", disse João Queiroz, head of Trading do Banco Carregosa, na mesa-redonda "O Panorama Político Internacional e o Impacto Económico-Financeiro", integrada na conferência "O Futuro dos Mercados Financeiros", destacando sobretudo os Estados Unidos. Estes "destacam-se muito mais porque têm uma estrutura económica muito diferente, mais liberalizada, e tem uma vantagem relativamente às economias ocidentais mais evoluídas, que é o facto de estar menos fragmentada. A economia europeia é composta por diversas regiões, cada uma com a sua autonomia política e a sua soberania."

Os Estados Unidos também beneficiaram com o modo de funcionamento do dólar, que, como reserva de valor, criação monetária, ou meios de pagamento, funciona de forma diferente do euro. "Se olharmos para os últimos 12 meses, no conjunto de transferências que são efetuadas, o euro vem perdendo cada mais a quota de mercado relativamente ao dólar e a algumas moedas emergentes", referiu João Queiroz.

A Alemanha, apesar de estar em recessão, tornou-se a terceira maior economia do mundo ultrapassando o Japão. João Queiroz
Head of Trading do Banco Carregosa
É a emergência de um mundo complexo e mais multifacetado e cheio de incertezas. O head of Trading do Banco Carregosa destaca a forma menos positiva da China, "que deveria ter uma trajetória de segunda maior economia mundial, estagnou e até retrocedeu", e assinala que "a Alemanha, apesar de estar em recessão, tornou-se a terceira maior economia do mundo ultrapassando o Japão, que também está em recessão".

Desafios e magníficas

João Queiroz sublinhou que há um conjunto de desafios que o mundo terá de enfrentar, elegendo como primeiro desafio o rápido crescimento das taxas de juro com os bancos centrais a necessitar de reduzir os balanços muito elevados, mas que afeta também as famílias, as empresas, os Estados. "Podemos dizer que a economia reagiu muito bem, sem entrar em recessões severas e graves, sobretudo pelo impacto que traz para as famílias, embora haja alguns desafios em relação a algumas franjas da população. A parte tecnológica surgiu de uma forma mais benigna do que no início deste século", considerou João Queiroz.

O head of Trading do Banco Carregosa explicou ainda como é que o mercado criou as chamadas sete magníficas do mercado norte-americano de ações. O ano de 2023 começou com a assunção de que as economias e os mercados iriam entrar em contração com as empresas a registarem quedas de vendas, resultados e encomendas. A estratégia de investimento tinha em linha de conta as mais defensivas ou de valor, as mais cíclicas e expostas aos ritmos da economia e as de crescimento, sobretudo de tecnologia. "Isto permitiu que um conjunto de empresas, que designamos por magníficas sete, atingirem avaliações espetaculares e estrondosas", sublinha João Queiroz.

Mas este especialista refere que no S&P 500, além das sete magníficas, existem 493 ações que podem ser "magníficas adormecidas". Neste icebergue, "se evoluirmos para uma outra estrutura da economia, provavelmente os investidores de uma forma inteligente e avisada vão passando destas empresas para um conjunto de empresas de valor e defensivas. Existem várias termos de retorno esperado, são empresas seculares e algumas já passaram por fases equiparáveis e podem ser o foco dos investidores mais à frente", assinalou João Queiroz.