Outros sites Medialivre
Notícia

A aliança industrial com as marcas globais

Fizeram parcerias com algumas grandes marcas mundiais para fabricar os produtos das suas marcas e, ao mesmo tempo, “são parcerias de investimento e de inovação”, refere Carlos Vieira de Castro.

06 de Fevereiro de 2020 às 12:00
André Veríssimo, diretor do Negócios, com Albano Fernandes, Carlos Vieira de     Castro, Domingos Bragança e Paulo Stricker.
André Veríssimo, diretor do Negócios, com Albano Fernandes, Carlos Vieira de Castro, Domingos Bragança e Paulo Stricker. Fotos: José Gageiro
  • Partilhar artigo
  • ...

O pão-de-ló e o bolo-rei para os emigrantes, o mercado da saudade, foram os primeiros produtos de exportação da Vieira de Castro, que tem a sua origem em 1942, quando António Vieira de Castro comprou a Casa Cardoso, conhecida pela sua pastelaria tradicional.

Com o aparecimento dos hipermercados em 1985 e as centrais de compra deu-se uma grande transformação do setor. “Os clientes que tínhamos esvaziaram-se e tudo começou a ser vendido centralmente. Houve um espaço temporal grande que se perdeu e, em termos de vendas diminuíram muito. Como se diz no Norte, “andamos uns tempos à rasca””, recorda Carlos Vieira de Castro, administrador da Vieira de Castro.

A empresa sentiu a necessidade de mudar, o que obrigou a uma reestruturação. “Pegamos na mala para tentar perceber como é que funcionavam os mercados externos. Fomos às principais feiras na Europa e nos EUA, onde passámos a estar”, diz Carlos Vieira de Castro. Fizeram uma nova fábrica em 1986 e lançaram novos conceitos. Foi assim que começou a exportação real nos anos 1990. Hoje exporta para mais de 50 países e 50% do volume de negócios, que em 2019 foi de cerca de 40 milhões de euros, resulta das exportações.

Co-manufacturing

A estratégia de internacionalização tem passado pelo desenvolvimento de parcerias com marcas globais através do co-manufaturing. Segundo Carlos Vieira de Castro aproveitaram uma oportunidade no desinvestimento que as grandes marcas mundiais estão a fazer em termos de produção. “Muitas grandes marcas, que controlam os mercados e têm as equipas e os canais não estão muito interessadas em continuar a ser industriais, a ter máquinas, operários, a lidar com uma área que é muito sensível”, explica.

Fizeram parcerias com algumas grandes marcas mundiais para fabricar os seus produtos, e, ao mesmo tempo, são parcerias de investimento e de inovação tanto para os parceiros como para as marcas da Vieira de Castro. “Existem contratos de confidencialidade, mas conseguimos ter verdadeiros parceiros dentro da empresa e sempre aberto a novos produtos e a investir em inovação e em máquinas, por exemplo. Não é normal que um cliente diga ‘vamos fazer um determinado produto e pago metade da máquina que não tem para o fazer’, o chamado co-manufacturing”, revelou Carlos Vieira de Castro.

A Vieira de Castro não pretende fabricar para outras marcas mais do que 30% da produção, cuja capacidade anual é de 30 mil toneladas. “O valor da empresa tem muito a ver com o da marca, custa mais mas dura mais e os resultados são outros”, considera.

A marca dá credibilidade nos mercados externos, exceto em Espanha, “porque se o vendedor não for com matrícula espanhola é muito complicado”, conta Carlos Vieira de Castro. Nos últimos anos, “temo-nos focado em alguns mercados, porque não temos estruturas pesadas que consigam acompanhar todos da mesma maneira e por isso estamos focados”.

 

Muitas grandes marcas não estão muito interessadas em continuar a ser industriais.Carlos vieira de castro
Administrador da Vieira de Castro