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"Temos um instrumento tradicional de intervenção política que é a subida das taxas de juro. É assim que os bancos centrais combatem a inflação, que foi gerada, do meu ponto de vista, do lado da oferta, mas o banco central age do lado da procura. Portanto, contraiu a procura pelo aumento do custo de financiamento, o que tem dois efeitos sobre as famílias. Por um lado o aumento de custo de vida pela inflação, e por outro lado, o aumento de custo de vida imediato pelo aumento das prestações do crédito, como a habitação", explicou Sofia Vale, vice-reitora do ISCTE, durante a conferência O Futuro dos Mercados Financeiros, uma iniciativa do Jornal de Negócios e do Banco Carregosa. Por causa da guerra na Europa, com a invasão da Ucrânia pela Rússia, "estamos a sofrer, em termos diretos e indiretos, os efeitos energéticos, alimentares, fertilizantes que têm influência alimentar. Temos o condimento para um conjunto de alterações económicas bastante preocupantes no sentido em que os outros continentes estarão um pouco mais resguardados do que a Europa", disse José Crespo de Carvalho, professor do ISCTE Business School.
Considerou que a Europa está muito dependente daquela zona do globo, o que "significa que as condições da inflação serão mais dificilmente domináveis na Europa do que nos Estados Unidos". Por outro lado, em termos de taxas de juro, a FED, Reserva Federal, avançou com um movimento mais rápido de subida, "por isso, é expectável que o controlo da inflação nos Estados Unidos seja bastante mais rápido e mais cedo". Na sua opinião, o BCE tem de subir as taxas de juro na Zona Euro.
Fazer o que tem de ser feito
A subida das taxas de juro por parte do BCE "é a solução que os bancos centrais têm porque o seu maior ativo é a sua credibilidade. O mercado tem exigido uma subida de taxas de juro para contrabalançar a inflação forte na Europa e nos Estados Unidos", afirmou Filipe Silva, diretor de Investimentos do Banco Carregosa.
A subida de taxas de juro tem sido gradual, e passando de banco central para banco central, o que "têm mesmo de o fazer, mesmo que achassem que não seria o ideal". Para Filipe Silva, "é preferível provocar uma recessão pela subida de taxas de juro do que deixar a inflação descontrolada. Neste atual ciclo de mercado, o que temos assistido é a um movimento oposto. Os bancos centrais começam a baixar o ritmo de subida de taxas de juro e já houve outros bancos centrais que o fizeram, com o mercado a esperar 75 pontos base e o aumento foi de apenas 50 pontos base".
Filipe Silva referiu que as taxas de longo prazo estão a baixar e, portanto, as curvas estão invertidas com "o curto prazo a pagar mais que o longo prazo por força desta volatilidade e porque ainda não temos na economia real dados concretos de que a inflação esteja mesmo a baixar". Para o diretor de Investimentos do Banco Carregosa, é difícil que a Europa entre já em recessão, quando as taxas de emprego estão em máximos históricos, os salários ainda estão a ser ajustados, o que "é um ciclo vicioso porque, à medida que os salários aumentam, acabam por fomentar o ciclo inflacionista, porque as empresas conseguem passar a subida dos preços para os consumidores e vai-se atenuando a diferença, apesar de não ser transversal".
A dúvida da recessão
Na sua opinião, "podemos não ter uma recessão muito forte mas isso depende dos próximos dados económicos.
O efeito de subida de taxas de juro que o mercado teve entre agosto e outubro, e que foi muito abrupta, da ordem de 200 pontos base, que provocou o repricing de todos os ativos financeiros. Este efeito nos créditos à habitação, no financiamento das empresas leva tempo a ter efeito na economia, o efeito real é que têm menos rendimento no final do mês e por força dos preços nos cabazes de compra, da energia, combustíveis".
Sofia Vale salientou que se tem "dito que as poupanças das famílias acumuladas pelas famílias durante a pandemia foram uma almofada financeira que ainda mantém alguma da atividade económica". Referiu que a economia portuguesa tem tido um comportamento "notável, porque as previsões de crescimento para este ano andam na ordem 6,7%, a última estimativa da OCDE". Mas os efeitos da inflação e do aumento das taxas de juro conjugados "provavelmente sentir-se-ão a muito curto prazo e a situação terá que se inverter até porque as poupanças das famílias estão em mínimos históricos".
A OCDE para o próximo ano aponta um crescimento de 3%, o que indicia, segundo Sofia Vale algum dinamismo da economia, que parece estar sobretudo no consumo privado, nas famílias, e nas exportações, "o que é notável quando se está sob o feito de dois fatores negativos sobre o custo de vidas das famílias".
Considerou que a Europa está muito dependente daquela zona do globo, o que "significa que as condições da inflação serão mais dificilmente domináveis na Europa do que nos Estados Unidos". Por outro lado, em termos de taxas de juro, a FED, Reserva Federal, avançou com um movimento mais rápido de subida, "por isso, é expectável que o controlo da inflação nos Estados Unidos seja bastante mais rápido e mais cedo". Na sua opinião, o BCE tem de subir as taxas de juro na Zona Euro.
Fazer o que tem de ser feito
A subida das taxas de juro por parte do BCE "é a solução que os bancos centrais têm porque o seu maior ativo é a sua credibilidade. O mercado tem exigido uma subida de taxas de juro para contrabalançar a inflação forte na Europa e nos Estados Unidos", afirmou Filipe Silva, diretor de Investimentos do Banco Carregosa.
A subida de taxas de juro tem sido gradual, e passando de banco central para banco central, o que "têm mesmo de o fazer, mesmo que achassem que não seria o ideal". Para Filipe Silva, "é preferível provocar uma recessão pela subida de taxas de juro do que deixar a inflação descontrolada. Neste atual ciclo de mercado, o que temos assistido é a um movimento oposto. Os bancos centrais começam a baixar o ritmo de subida de taxas de juro e já houve outros bancos centrais que o fizeram, com o mercado a esperar 75 pontos base e o aumento foi de apenas 50 pontos base".
Filipe Silva referiu que as taxas de longo prazo estão a baixar e, portanto, as curvas estão invertidas com "o curto prazo a pagar mais que o longo prazo por força desta volatilidade e porque ainda não temos na economia real dados concretos de que a inflação esteja mesmo a baixar". Para o diretor de Investimentos do Banco Carregosa, é difícil que a Europa entre já em recessão, quando as taxas de emprego estão em máximos históricos, os salários ainda estão a ser ajustados, o que "é um ciclo vicioso porque, à medida que os salários aumentam, acabam por fomentar o ciclo inflacionista, porque as empresas conseguem passar a subida dos preços para os consumidores e vai-se atenuando a diferença, apesar de não ser transversal".
A dúvida da recessão
Na sua opinião, "podemos não ter uma recessão muito forte mas isso depende dos próximos dados económicos.
O efeito de subida de taxas de juro que o mercado teve entre agosto e outubro, e que foi muito abrupta, da ordem de 200 pontos base, que provocou o repricing de todos os ativos financeiros. Este efeito nos créditos à habitação, no financiamento das empresas leva tempo a ter efeito na economia, o efeito real é que têm menos rendimento no final do mês e por força dos preços nos cabazes de compra, da energia, combustíveis".
Sofia Vale salientou que se tem "dito que as poupanças das famílias acumuladas pelas famílias durante a pandemia foram uma almofada financeira que ainda mantém alguma da atividade económica". Referiu que a economia portuguesa tem tido um comportamento "notável, porque as previsões de crescimento para este ano andam na ordem 6,7%, a última estimativa da OCDE". Mas os efeitos da inflação e do aumento das taxas de juro conjugados "provavelmente sentir-se-ão a muito curto prazo e a situação terá que se inverter até porque as poupanças das famílias estão em mínimos históricos".
A OCDE para o próximo ano aponta um crescimento de 3%, o que indicia, segundo Sofia Vale algum dinamismo da economia, que parece estar sobretudo no consumo privado, nas famílias, e nas exportações, "o que é notável quando se está sob o feito de dois fatores negativos sobre o custo de vidas das famílias".