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"Está na calha a aprovação de uma nova estratégia florestal europeia que deriva do Green Deal e, em particular, da estratégia de biodiversidade entretanto aprovada", revelou Humberto Rosa, diretor para o Capital Natural da D-G Ambiente da Comissão Europeia. Espera-se que traga "contributos mais fortes da floresta para este binómio clima-biodiversidade e também para garantir um mundo rural com vitalidade e uma bioeconomia verdadeiramente sustentável".
Serão instrumentos e orientações políticas para dar mais qualidade e diversidade da floresta, mais saúde ao ecossistema florestal e para mais sequestração de carbono na floresta e no seu solo. "Quando usamos a madeira da floresta, usamo-la de tal maneira que retenha o máximo tempo possível, os usos de ciclo longo serão favorecidos em relação aos usos de ciclo curto, em particular, a madeira para queimar porque rapidamente repomos o carbono na floresta em vez de o deixar onde está", referiu Humberto Rosa.
Humberto Rosa sublinhou que associada à estratégia florestal virá uma iniciativa para promover a plantação de três mil milhões de árvores adicionais na Europa e "será a árvore certa no lugar certo para o fim certo. Plantar uma árvore não é necessariamente bom, depende da árvore e onde é plantada, seja para o clima ou biodiversidade".
Florestas seminaturais
Assinalou ainda que haverá mais orientações para as florestas seminaturais ou que estão a crescer há muito tempo na Europa, "são mais preciosas porque nos prestam mais serviços de ecossistemas". Haverá uma orientação genérica para que a gestão florestal sustentável seja mais robustecida "por critérios que nos permitam ver em concreto onde está a acontecer gestão florestal sustentável e a não sustentável".
Segundo Humberto Rosa são respostas ao facto de a floresta europeia ter crescido em área, mas não em qualidade e resiliência. Enfrenta muitos problemas por causa das alterações climáticas, que aumentou a sua vulnerabilidade, aos usos indevidos e sobre-exploração, pragas, fogos florestais. "O Green Deal veio-nos dizer que para a floresta em geral precisamos de um rumo mais sustentável, integrado, em que a multifuncionalidade da floresta seja tida em conta, mas com um cursor dos vários serviços que ela nos presta mais reorientada conforme os casos para mais natureza, mais clima e mais bioeconomia sustentável".
Contabilidade natural
Na sua opinião seria importante que se fizesse a contabilidade pública do capital natural. Salienta que já existem metodologias para empresas e para Estados e as Nações Unidas aprovaram em março deste ano o Sistema de Contabilidade Económico-Ambiental - Contabilidade de Ecossistema. "É uma base para saber como é que estão os nossos ecossistemas, que serviços providenciam, quanto está degredado e se está a perder, quanto custa repor e a partir disso fazer um pagamento".
"Nem todas as florestas são iguais nas suas funções, todas elas rendem serviços de ecossistemas mas que não são todos iguais", frisou Humberto Rosa. Uma floresta de produção está mais vocacionada para o valor económico mas providencia serviços de ecossistemas. Contudo são as florestas de pouco valor económico que têm muito valor através dos serviços de ecossistema, com a contenção da erosão, a prevenção do fogo florestal porque estão mais maduras, diversificadas e com descontinuidades, "que nos poupam muito dinheiro no combate em aviões e em meios e há uma série de benefícios e que hoje em dia são pouco remunerados", concluiu Humberto Rosa.