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"A competição entre os Estados Unidos e a China veio para ficar e vai levar à alteração de padrões de comportamento e de produção e a uma regionalização das cadeias de produção, dos investimentos", referiu Nuno Monteiro, professor associado de ciência política e relações internacionais da Universidade de Yale. Sublinhou que "a economia é um capítulo na política e a competição com a China é política, é uma guerra geoestratégica".
Por isso, Nuno Monteiro defende que os Estados Unidos e a Europa "não podem ter infraestruturas críticas, cadeias de valor dependentes, tecnologias, da China e vice-versa. Todas as tecnologias que são responsáveis pelo aumento da produtividade têm grande influência no lado militar, todas as tecnologias de rede e de vigilância têm uso político e militar, que a China usa no controlo da população. O interesse do Ocidente em permitir que a China não monopolize não é só um interesse económico, é geoestratégico e político".
Na sua opinião, esta competição, como foi a Guerra Fria, entre os Estados Unidos e a ex-União Soviética, "é entre dois pacotes, duas soluções globais, duas formas de organizar a política, a economia e a sociedade".
Para Nuno Monteiro, a China, nas próximas décadas, tentará atrair os vários países do mundo entre os quais alguns países europeus como Portugal, Itália, "dizendo se quiserem crescimento, desenvolvimento e ser um país com futuro, juntem-se a nós, adotem o modelo de democracia de um partido, uma intervenção mais forte do Estado na economia".
O modelo chinês
Os Estados Unidos e as outras democracias defenderão o seu modelo de democracia, a economia de mercado. "A nossa democracia gere as coisas que as pessoas querem como a saúde, a longevidade. Os americanos ganharam a Guerra Fria, mas não foi por uma questão militar. Na década de 1980 já os líderes soviéticos percebiam que o sistema não conseguia competir com o sistema americano para gerar os outputs que as populações queriam, mesmo nas coisas mais básicas", concluiu Nuno Monteiro.
Vítor Ramon Fernandes, professor auxiliar de Relações Internacionais da Universidade Lusíada de Lisboa, alertou para a "vaga de venda do modelo chinês, e há esse risco de se chegar à conclusão de que o sistema funciona bem, os resultados são bons e os riscos limitados", mas salientou que essa perceção da existência de dois campos já começou. "Há muita coisa que a pandemia já acelerou nas cadeias de valor, mas antes da pandemia já o Japão começava a fazer a diversificação geográfica das cadeias de valor".
Considerou ainda que relativamente à China, Joe Biden vai ter "uma postura de controlo, não vai facilitar a vida à China, mas não o vai fazer com o estilo e a forma de Trump, vai tentar controlar a China, mas não vamos ter um modelo radicalmente diferente de abertura da China. Veremos como é que se implementa depois tendo em conta as circunstâncias institucionais nos Estados Unidos".
O professor de Yale não deixou de sublinhar que "os interesses estratégicos das principais potências europeias (França, Alemanha e Itália e Polónia) são tão diferentes e é tão fácil partir a Europa para um país como a França, a Alemanha, a Hungria, a França, então se Marine Le Pen ganhar as próximas eleições, pode impedir qualquer estratégia unificada europeia".
Por isso, Nuno Monteiro defende que os Estados Unidos e a Europa "não podem ter infraestruturas críticas, cadeias de valor dependentes, tecnologias, da China e vice-versa. Todas as tecnologias que são responsáveis pelo aumento da produtividade têm grande influência no lado militar, todas as tecnologias de rede e de vigilância têm uso político e militar, que a China usa no controlo da população. O interesse do Ocidente em permitir que a China não monopolize não é só um interesse económico, é geoestratégico e político".
Na sua opinião, esta competição, como foi a Guerra Fria, entre os Estados Unidos e a ex-União Soviética, "é entre dois pacotes, duas soluções globais, duas formas de organizar a política, a economia e a sociedade".
Para Nuno Monteiro, a China, nas próximas décadas, tentará atrair os vários países do mundo entre os quais alguns países europeus como Portugal, Itália, "dizendo se quiserem crescimento, desenvolvimento e ser um país com futuro, juntem-se a nós, adotem o modelo de democracia de um partido, uma intervenção mais forte do Estado na economia".
O modelo chinês
Os Estados Unidos e as outras democracias defenderão o seu modelo de democracia, a economia de mercado. "A nossa democracia gere as coisas que as pessoas querem como a saúde, a longevidade. Os americanos ganharam a Guerra Fria, mas não foi por uma questão militar. Na década de 1980 já os líderes soviéticos percebiam que o sistema não conseguia competir com o sistema americano para gerar os outputs que as populações queriam, mesmo nas coisas mais básicas", concluiu Nuno Monteiro.
Vítor Ramon Fernandes, professor auxiliar de Relações Internacionais da Universidade Lusíada de Lisboa, alertou para a "vaga de venda do modelo chinês, e há esse risco de se chegar à conclusão de que o sistema funciona bem, os resultados são bons e os riscos limitados", mas salientou que essa perceção da existência de dois campos já começou. "Há muita coisa que a pandemia já acelerou nas cadeias de valor, mas antes da pandemia já o Japão começava a fazer a diversificação geográfica das cadeias de valor".
Considerou ainda que relativamente à China, Joe Biden vai ter "uma postura de controlo, não vai facilitar a vida à China, mas não o vai fazer com o estilo e a forma de Trump, vai tentar controlar a China, mas não vamos ter um modelo radicalmente diferente de abertura da China. Veremos como é que se implementa depois tendo em conta as circunstâncias institucionais nos Estados Unidos".
O professor de Yale não deixou de sublinhar que "os interesses estratégicos das principais potências europeias (França, Alemanha e Itália e Polónia) são tão diferentes e é tão fácil partir a Europa para um país como a França, a Alemanha, a Hungria, a França, então se Marine Le Pen ganhar as próximas eleições, pode impedir qualquer estratégia unificada europeia".