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O ambiente tem de estar no ADN da nossa agenda para o futuro

Para se enfrentar e mitigar as alterações climáticas deveria colocar-se um preço do carbono para toda a economia.

02 de Julho de 2020 às 12:30
Para António Miguel Ferreira deve-se incentivar o uso das tecnologias.
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"É preciso colocar preços nas coisas. Não há outra forma de enfrentar a mudança climática se não atribuir um preço, internalizar as externalidades ambientais na economia, colocar um preço no carbono. O mercado de licenças de CO2, mas isso é europeu e a Europa vai fazendo a sua parte", referiu Jorge Moreira da Silva.

António Castro, diretor-geral de sustentabilidade e Risco da EDP, diz que "o mercado de eletricidade funciona através de mercados organizados, onde todas as centrais competem. Hoje quando compramos gás também temos de comprar licenças de CO2". Acrescenta que seria "importante que não fossem apenas meia dúzia de setores a reconhecer o preço do carbono". Para se enfrentar e mitigar as alterações climáticas deveria colocar-se um preço de carbono para toda a economia. "Para o setor de produção de energia elétrica deixa de ser tão importante porque vamos praticamente produzir sem CO2. É preciso que esse sinal de preço seja transparente, global e abranja todos os setores", concluiu António Castro.

Reformas estruturais

Jorge Moreira da Silva sublinhou que, entre os sinais certos que se devem dar, estão "os preços às coisas para que comprar verde signifique poupar e vender verde signifique ganhar".

Sublinhou que Portugal deveria aproveitar o programa RRF (Recovery and Resilience Facility), referido por Elisa Ferreira, para reforçar a capacidade de reforma dos Estados-membros. Permite financiar as reformas propostas por cada um dos Estados-membros. "Podemos enfrentar problemas que já estavam connosco há mais tempo, tirando partido de meios postos à disposição pela Comissão Europeia. Esta já deu um sinal de que o financiamento vai ser mais orientado para o digital e para o verde. Temos todas as razões para esverdear o nosso crescimento e avançar para uma estratégia de crescimento sustentável".

As reformas em Portugal têm de tocar numa série de temas ambientais "porque isso é trabalhar para o futuro". Se houver um programa sobre transportes públicos, a requalificação ambiental das habitações, requalificação das redes de transportes nos grandes centros urbanos, um grande plano para as florestas, são áreas em que se criam oportunidades de negócio, de relançamento económico e de empregos e ambientais.

Por sua vez António Miguel Ferreira, managing director da Claranet, defende que "há um conjunto de políticas públicas que podem ser feitas para incentivar a adoção de tecnologias e a digitalização da sociedade, o que até pode permitir que Portugal recupere parte do caminho que tem a fazer pelo facto de ser uma pequena economia".