Nos últimos anos, a renovação urbanística tomou conta do Porto e a cidade tornou-se uma das mais dinâmicas do país nesta área, tirando também partido da explosão da actividade turística. Em 2016, a Sociedade de Reabilitação Urbana do Porto recebeu 1.300 requerimentos e estiveram no terreno 308 processos de reabilitação, mais 153 do que no ano anterior. Rui Loza, vereador do urbanismo, admite que "o número de processos que entram para apreciação na Porto Vivo tem duplicado de ano para ano", mas também sublinha que a reabilitação "ainda não é uma batalha ganha" na cidade. "Ainda há muito por fazer, há muitas bolsas. A cidade não é um território homogéneo". Se em algumas áreas a pressão do mercado para a reabilitação é forte, noutras é média e noutras continua a ser negativa, admite.
A estratégia da autarquia passa por tentar equilibrar diferenças e garantir a diversidade (serviços vs. habitação). Vai tentando modelar a oferta que cresce nas zonas de maior procura, "incentivando a diversidade de tipologias nas habitações", por exemplo, e "criando incentivos ao investimento em zonas com menor procura", explica Rui Loza, admitindo que é preciso agir em várias frentes para voltar a atrair moradores para o centro da cidade.
"Os moradores não são expulsos nem atraídos por decreto." As rendas e os serviços de cada local são fundamentais, destaca. No caso do Porto, o centro foi perdendo habitantes por via da terceirização e da degradação dos imóveis. Rui Loza acredita que vai conseguir reconquistá-los, quando promover uma oferta interessante para diferentes tipologias de famílias, e para isso, entre outras, terá de resolver a questão do estacionamento, que nos prédios antigos não existe. É um dos aspectos em estudo.
Mas no Porto não é só a habitação que tem de ganhar terreno nas zonas centrais. A margem para fazer crescer a oferta turística existe e é necessária. "Não há ainda, no caso do Porto, um aumento de pressão que nos possa fazer dizer que o turismo é excessivo", sublinha o vereador. "Estamos numa fase muito diferente, em que continuamos a tentar captar, promover e desenvolver a actividade turística". No Porto "ainda é preciso atrair, apoiar e acarinhar quem pega num edifico degradado e pretende reabilitá-lo, seja para habitação, seja para outras funções", admite Rui Loza.