Mestrados e pós-graduações são formações distintas e que têm objetivos diferentes. Os primeiros são mais científicos e muitas vezes a continuação da licenciatura. Os segundos têm uma vertente mais prática, sendo procurados por quem já tem experiência profissional.
"Um mestrado implica a atribuição de um grau legalmente reconhecido. A pós-graduação não confere grau, embora a sua realização implique, naturalmente, o reconhecimento por certificado", começa por explicar o diretor da Faculdade de Direito – Escola do Porto da Universidade Católica Portuguesa, Manuel Fontaine Campos, prosseguindo: "Os mestrados envolvem uma formação mais intensiva, com uma parte letiva tendencialmente frequentada em regime de exclusividade, e ainda a realização de uma dissertação, na qual se revela capacidade de investigação." Quanto às pós-graduações, estão mais focadas na transmissão e discussão de conhecimentos com "relevância prática mais direta".
Sobre o que distingue um mestrado e uma pós-graduação, Francisca Guedes de Oliveira, associate dean da Católica Porto Business School, e Ana Côrte-Real, associate dean da mesma instituição, referem que há diferenças de natureza diversa entre ambos, sendo, quiçá, a primeira o público a que se destinam. "Um mestrado é uma formação tipicamente pré-experiência, ou seja, não é expectável que os alunos tenham experiência profissional. É cada vez mais pensado e trabalhado como uma continuidade em relação à licenciatura. Tem um caráter vincadamente científico, embora cada vez mais desenvolvido no sentido da profissionalização e da empregabilidade. Obriga à elaboração de uma tese, que é uma forma embrionária de um trabalho de investigação."
As pós-graduações e os MBA são formações pós-experiência, exigindo que os alunos tenham "experiência profissional", que é aliás a principal mais-valia. "São desenhadas para a prática, embora tenham sempre uma sustentação sólida em conhecimentos académicos e científicos." Os docentes são académicos e profissionais do mercado, garantindo qualidade de ensino e ligação ao mundo real fundamental para um aluno de pós-graduação. "Muitas vezes, o aluno da pós-graduação foi, em algum momento, aluno de mestrado. São fases diferentes dos percursos profissionais."
Por que motivo se deve fazer um mestrado e uma pós-graduação?
Manuel Fontaine Campos afirma que atualmente o mestrado já não se destina aos que pretendem seguir uma carreira académica ou de investigação. "Trata-se de um grau que se democratizou e que deve ser entendido como uma via de especialização, depois da formação de banda larga obtida na licenciatura." O diretor da Faculdade de Direito – Escola do Porto da Universidade Católica Portuguesa explica que, normalmente, quem acaba a licenciatura em Direito procura realizar o mestrado "ainda antes da entrada no mercado de trabalho, de modo a poder apresentar vantagem comparativa face aos concorrentes e utilidade imediata para os seus empregadores".
Já as pós-graduações tendem a ser frequentadas por "profissionais, numa fase mais avançada da sua carreira, em busca de atualização ou de aprofundamento de conhecimentos em áreas mais específicas".
Por sua vez, Francisca Guedes de Oliveira e Ana Côrte-Real referem que o mestrado é uma continuação natural da formação de 1.º ciclo. Cada vez mais as empresas preferem "um aluno com mestrado a um aluno com licenciatura". "Os alunos com grau de mestre são percecionados como tipicamente mais maduros, mais autónomos e com uma consolidação de conhecimentos mais profunda."
No que diz respeito a uma pós-graduação ou um MBA, dirige-se a profissionais integrados em carreiras. "Porque pretendem progredir ou porque, muitas vezes, pretendem uma mudança de curso no seu percurso profissional. É também uma forma de atualizar conhecimentos, de perceber o estado da arte numa série de temas, de garantir que a leitura do mundo e das organizações não se torna obsoleta", esclarecem as responsáveis da Católica Porto Business School.
Já Céline Abecassis-Moedas, diretora da Formação de Executivos da Católica Lisbon School of Business & Economics, refere que os quadros das empresas que procuram a sua instituição salientam caracteristicamente, após terminar os seus programas, "um grande alargamento de horizontes, que os habilita a identificarem melhor os caminhos a seguir". "As empresas percebem cada vez mais a formação como um investimento diferenciador e de elevado retorno, seja quando estão a investir nos seus próprios quadros ou nos gestores dos seus parceiros de negócio, pois isso reforça a sua própria competitividade". A exigência de um retorno efetivo da formação por parte das empresas é cada vez maior, o que "reforça a necessidade" de resposta dedicada e rigorosa aos desafios que são colocados à Católica Lisbon School of Business & Economics, aprofundando ainda mais a relação que tem com os parceiros.
Questionada sobre o motivo por que se deve fazer um mestrado ou uma formação de executivos na Católica-Lisbon, relembra que à medida que se evolui na carreira, as necessidades de formação vão sendo diferentes. Nos primeiros anos, os executivos procuram cursos como um mestrado. "Este tipo de curso dá-lhes uma perspetiva alargada e técnica sobre as várias áreas da Gestão. Numa fase mais avançada da carreira, os profissionais, com mais responsabilidades, "procuram melhorar as suas valências em áreas comportamentais, como a liderança, gestão de equipas e negociação, e complementar a sua primeira formação com cursos de especialização, mais curtos".
Primeiro o mestrado, depois a pós-graduação. Mas nada é obrigatório
Usualmente, faz-se primeiro o mestrado e só mais tarde a pós-graduação. Francisca Guedes de Oliveira e Ana Côrte-Real, responsáveis da Católica Porto Business School, confirmam isso mesmo. "O comum é fazer licenciatura seguida de mestrado. A grande maioria das pós-graduações e MBA exige experiência profissional mínima de três anos, não sendo por isso usual aceder aos mesmos enquanto recém-licenciados."
Também Manuel Fontaine Campos, da Faculdade de Direito – Escola do Porto da Universidade Católica Portuguesa, recorda que os estudantes fazem o mestrado "logo depois da licenciatura". A pós-graduação costuma ser realizada num momento "mais tardio". "Mas, claro, nada impede que ocorra o contrário, como efetivamente sucede em numerosos casos. Acreditamos que cada estudante se encontra na melhor posição para perceber o caminho a seguir na construção do seu currículo académico."