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S&P mantém rating de Portugal acima de lixo mas baixa projeções para o PIB
A Standard & Poors decidiu não mexer esta sexta-feira no rating da dívida soberana de Portugal, nem na sua perspetiva, que se mantém 'estável'.
A S&P sublinha, no seu relatório emitido esta sexta-feira, que as incertezas geopolíticas globais e o aumento dos preços da energia e das matérias-primas em geral a levaram a rever em baixa as suas previsões para o PIB de Portugal em 2022.
O crescimento do PIB português deverá ser de 4,6%, contra os 5,8% previstos anteriormente, podendo a expansão ser ainda menor, adverte a agência. Tudo vai depender da evolução do conflito na Ucrânia.
Apesar disso, "o panorama de médio prazo para o crescimento do PIB de Portugal é favorável, com o turismo a posicionar-se para uma forte retoma em 2022-23", sublinha o documento, apontando também os 69,5 mil milhões de euros (22% do PIB) que o país vai receber da União Europeia entre 2022 e 2027.
Por outro lado, a S&P estima que o défice governamental de 2021 tenha ficado abaixo de 3% do PIB, contra a meta de 4,3%, e que recue para a casa dos 2% do PIB este ano – caminhando para um equilíbrio em 2024.
"O crescimento sólido e as contas externas e orçamentais equilibradas colocaram os rácios da dívida pública e privada numa trajetória descendente, apesar de virem de níveis elevados", acrescenta.
No entender da agência, "a economia competitiva e resiliente de Portugal e o seu sólido historial de consolidação orçamental sustentam a notação de BBB".
Este rating beneficia também do facto de Portugal ser membro da União Económica e Monetária da UE, sublinha. "Na nossa opinião, as políticas levadas a cabo pelo Banco Central Europeu (BCE) desde 2015 beneficiaram a estabilidade financeira, monetária e económica de Portugal, protegendo o país de uma série de choques externos".
Quanto à perspetiva para a qualidade do crédito de Portugal, a S&P diz que esta se mantém estável por várias razões. "Antecipamos que o Governo do primeiro-ministro António Costa seguirá políticas que sustentarão a consolidação orçamental e do crescimento nos próximos quatro anos, enquanto a economia beneficia do apoio da UE de cerca de 22% do PIB até 2026", refere.
Contudo, apesar de prever que o endividamento público e privado continue a descer nos próximos anos, a agência sublinha o facto de se manter em níveis altos. "A economia portuguesa, de pequena dimensão e aberta, está altamente suscetível a choques externos, incluindo nos preços da energia e das matérias-primas e, mais em geral, na mudança das perspetivas de crescimento em parceiros comerciais europeus chave devido ao conflito na Ucrânia.
O que pode fazer subir ou descer o rating
A agência salienta que se a economia mundial se deteriorar significativamente para lá das suas expectativas, através de uma conjugação de inflação mais alta e crescimento menor, "as repercussões nas finanças públicas de Portugal poderão deixar de ser conciliáveis com o atual rating, atendendo a outras vulnerabilidades do crédito, incluindo o grande endividamento externo do país e os substanciais níveis de dívida privada".
Como gatilho positivo, a S&P diz que se a economia portuguesa recuperar adicionalmente ao longo dos três próximos anos, levando a uma melhoria substancial das finanças públicas, então a notação poderá ser alvo de upgrade.
Por outro lado, também poderá decidir-se por uma subida da classificação se houver uma melhoria da avaliação das instituições portuguesas ou da posição do país face ao exterior, incluindo uma redução das suas necessidades de financiamento externo no curto prazo.